Maria - Blog Pétalas de Liberdade 20/12/2018Resenha para o blog Pétalas de LiberdadeNa adolescência, Aleksei veio com o pai da Rússia para trabalhar num circo no Brasil, mas o dono do circo, Adrik, era um carrasco que só pensava no dinheiro e em humilhar seus funcionários. A estrutura do circo era precária e certo dia ocorreu um incêndio, que poderia ter sido minimizado se ao menos os extintores não estivessem vencidos. O dono do circo fugiu com a filha e o dinheiro, já Aleksei fez o que pôde para salvar o máximo de pessoas possível, porém, ficou preso nas chamas e teve queimaduras graves.
Quase dez anos depois, Aleksei ainda passava por cirurgias reparadoras por causa das queimaduras. Ele recuperou sua saúde, cobriu parte das marcas com tatuagens e montou seu próprio circo, onde os artistas eram tratados com dignidade e segurança, e por anos planejou sua vingança, procurando por Adrik para que pudesse pagar pelas mortes e pelo que fez com os empregados que dependiam dele.
Finalmente Aleksei encontrou-o em Manaus, onde a filha de Adrik, Kenya, de 20 anos, sustentava os dois com suas apresentações de contorcionismo. O plano de Aleksei era contratar Kenya para o circo, assim poderia ficar de olho em Adrik e encontrar uma forma de puni-lo. O que ele não esperava era se sentir atraído por Kenya, nem imaginava que ela era mais uma vítima da maldade do pai. Kenya não pôde frequentar a escola nem tinha amigos por estar sempre se mudando, mas acreditava que devia ser grata ao pai por ter cuidado dela sozinho. Trabalhar no circo de Aleksei faria com que Kenya percebesse que o pai não era tão digno de gratidão assim, que descobrisse coisas do passado e sentisse a mesma atração que Aleksei sentia por ela, mas e quando Kenya descobrisse que Aleksei só se aproximou por vingança?
"A Fênix de Fabergé" foi menos sombrio do que eu esperava e, mesmo com pouco mais de 300 páginas, considero um livro curto e de leitura rápida. Da Sue Hecker eu já tinha lido "Pertinácia", e dá pra notar sim uma pequena diferença na escrita de "A Fênix de Fabergé", que pode ou não ser por causa da Casandra Gia (confesso que fico curiosa imaginando o que foi ideia de cada uma, especificamente a quem devo agradecer pelo Bim Bom♥?). As duas autoras trabalharam bem em conjunto, conseguiram passar muitas informações sobre a cultura russa e sobre a vida no circo sem quebrar o tom do romance e da ficção.
É repugnante a maldade de Adrik, especialmente como tratava a filha. Kenya foi isolada, manipulada psicologicamente para se submeter a ele. Num primeiro momento, estranhei o fato de ela não reconhecer as pessoas com quem conviveu no antigo circo, mas eu não sei se reconheceria pessoas que vi dez anos atrás ou quando criança, nem se conseguiria perceber que o homem com bandagens no rosto, o motoqueiro de capacete e o palhaço eram a mesma pessoa, no caso, Aleksei.
Das três formas que o protagonista se apresentava, a minha favorita foi o Bim Bom, gostei muito de vê-lo como um palhaço, levando alegria às pessoas. Não curti seu lado ciumento e possessivo, a Kenya também tem esse lado, mas essas características do casal não chegam a ser insuportáveis. Ao contrário de outros livros com a temática da vingança, em "A Fênix de Fabergé" os personagens não ficam enrolando para se render à paixão, eles se envolvem e a vingança de Aleksei fica em segundo plano, como algo que vai se concretizar no momento certo, como se ele soubesse que uma hora ou outra a verdadeira natureza de Adrik iria aparecer, bastava esperar.
Me agradou o fato de a protagonista ser uma leitora voraz, que encontrou nos livros uma maneira de conhecer o que não podia viver na vida real, assim como a questão das cicatrizes de Aleksei serem apenas parte de quem ele se tornou e não algo que Kenya temesse. A primeira vez dos dois foi até realista, o que nem sempre acontece nos romances. Falando nisso, já fica o aviso de que as cenas de sexo são bem detalhadas. Outros pontos positivos foram a ambientação em cidades brasileiras, os personagens secundários interessantes (inclusive estou empolgada para ler "O Despertar da Baba Yaga", que contará a história de dois outros rapazes do circo e de Lara, que tem o dom de fazer profecias sobre o futuro) e o retrato vívido da vida dos artistas de circo, a rotina, os treinamentos, o que os motiva...
Eu gostei muita da capa, cheia de elementos importantes para a história. As páginas são amareladas, há pouquíssimos erros de revisão, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho, além de detalhes no início de cada capítulo. Fica minha recomendação de um romance nacional que pode mostrar ao leitor um pouco da cultura da Rússia e do encanto do circo.
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