A Galáxia de Gutenberg

A Galáxia de Gutenberg Marshall McLuhan




Resenhas - A Galáxia de Gutenberg


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Ricardo 05/01/2015

"O processo civilizatório é essencialmente condicionante"
No geral, o autor discorre sobre a relação do ser humano com a palavra escrita, e como esses dois elementos se auto-modificaram. Não foi apenas nossa cognição que permitiu o uso da linguagem, esta também mudou nossa cognição e, portanto, nossa maneira de enxergar o mundo, “porque o alfabeto não pode ser apenas assimilado, ele chega para modificar, liquidar ou reduzir.” P.82
Por exemplo, no filme O Nome da Rosa, vemos os monges copistas imersos em seus trabalhos no mais absoluto silêncio, e geralmente é assim mesmo que imaginamos, mas na verdade havia um murmúrio constante nesses lugares, porque na Idade Média a assimilação de um manuscrito ocorria de forma diversa do que a tipografia possibilitou:
“Quando um copista moderno levanta os olhos do manuscrito que tem à sua frente a fim de escrever, leva em seu espírito uma reminescência visual do que viu. O que o escriba medieval levava consigo era uma lembrança auditiva e, provavelmente, em muitos casos, a lembrança de uma só palavra de cada vez. (…) Ler em silêncio era uma aberração tão incomum que Santo Agostinho chegou a falar dela em suas Confissões 5,3, sobre a capacidade de Ambrósio quanto a isso: “Mas quando ele lia seus olhos deslizavam pelas páginas e seu coração procurava o sentido, mas a voz e a língua ficavam em repouso.” (p.136)
“À medida que a prensa tipográfica de Gutenberg foi enchendo o mundo, apagava-se a voz humana. Os homens começaram a ler em silencio e passivamente como consumidores. A arquitetura e a escultura secaram também.” P.337
Outra observação interessante:
“É necessário compreender que as pessoas não-alfabetizadas se identificam muito mais intimamente com o mundo em que vivem do que as alfabetizadas. Quanto mais alfabetizadas, tanto mais tendem as pessoas a ficar desligadas do mundo em que vivem.” P.116
Uma citação de um tal Aretino na página 265:
“Que outros se preocupem com o estilo e deste modo deixem de ser eles próprios. Sem mestre, sem modelo, sem guia, sem artifício, vou trabalhar e ganhar a minha vida, o meu bem estar e a minha fama. De que mais necessito? Com uma pena de ganso e umas folhas de papel eu me rio do universo.”
Mas, sem dúvida alguma, a que mais gostei foi essa:
“O espírito liberal e altamente letrado e individualista sente-se atormentado pela pressão para que se torne coletivamente orientado. O liberal alfabetizado está convencido de que todos os verdadeiros valores são particulares, pessoais, individuais.” P.219
“O processo civilizatório é essencialmente condicionante”


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