Lu 31/01/2021O tombo que eu leveiNão cabe em uma resenha o quão decepcionada eu estou com esse livro. Então vou começar falando do que eu GOSTEI porque é pouco e cabe aqui:
- A construção de mundo
- As intrigas políticas
- A complexidade religiosa
- Jamshid
- A capa do livro
- O epílogo (que inclusive foi o que me fez aumentar a nota de 2 estrelas para 2,5)
Quanto ao que eu não gostei, eu nem sei direito como começar. A primeira coisa que me decepcionou foi a falta de revisão nessa edição, que deixou passar erros de digitação e construções de frase muito confusas, o que já deixou a leitura travada nas primeiras páginas. Esse livro é só aparência, já que o conteúdo... Também nunca consegui superar o quão ruim acho essa tradução (não que ela seja errada, só é literal demais para o meu gosto e, na minha opinião, tem muitas construções de frase e parágrafo que não funcionam no português). O uso do termo "a curandeira" de maneira incessante no início do livro (uma firula da tradução, porque esse termo não é usando em inglês) também foi algo que me incomodou logo de cara.
Mas não vou jogar tudo nas costas da tradução porque tentei ouvir o audiobook e preciso adimitir que a escrita da autora não é para mim. São adjetivos demais para descrever as coisas e o ritmo desse livro é muito bizarro. A narrativa conta com passagens abruptas de tempo e, mesmo assim, essa história não andaaaava. Esse livro não acabava nunca. Aquele epílogo genial foi como alguém estendendo um copo de água para mim depois de uma caminhada de dias e dias pelo deserto e me dando tapinha nas costas, dizendo "parabéns, você foi até o fim".
Foi uma provação. Achei que fosse desistir em tantos momentos. Nahri é uma protagonista incoerente. Primeiro a gente precisa acreditar que ela é essa ladra esperta e independente, mas a narrativa só diz isso para a gente. Só vemos ela agir como uma vigarista no início do livro, mas depois isso é abandonado para que ela possa se tornar o tapete do Dara. Também temos que engolir essa de que ela tem um dom para ser curandeira, mas quando ela tem a chance de curar alguém age como uma criança mimada e trata os pacientes como se eles fossem lixo. Tem uma cena em que ela e a assistente ficam discutindo a morte de um paciente NA FRENTE DELE enquanto ele tá ali sangrando e morrendo, mas ouvindo tudo o que elas pretendem fazer com ele. Essa cena me embrulhou o estômago de um jeito que vocês não têm noção.
Mas o que mais me embrulhou o estômago foi o romance tóxico que se desenvolve entre Nahri e Dara. Que. Homem. Babaca. Ele mente para a Nahri e a manipula o tempo todo. E ela continua perdoando ele porque, sei lá, ele é muito lindo? As cenas finais entre os dois foram horríveis, o jeito como ele tratou ela foi imperdoável e até cheguei a acreditar que Nahri não perdoaria mesmo. Mas a narrativa dá um jeito de "redimir" o cara e dizer para a gente que ele não tem culpa de ser um lixo de pessoa. Ele mesmo não se responsabiliza pelos próprios atos. É um cara intolerante, agressivo, manipulador, imaturo (apesar de ter mais de MIL anos) e eu poderia continuar com essa lista por muito tempo.
Realmente não cabe em uma resenha o quanto estou decepcionada. Eu poderia continuar falando e falando sobre isso, mas acho que já dá para entender que esse livro não foi para mim. E eu devo ter um pouco de Nahri em mim porque estou tentada a ler o segundo só por causa daquele maldito epílogo.
Espero que esta resenha console os corações de outros leitores que, como eu, esperavam muito amar essa história e levaram um tombo. Mas, se você amou esse livro, fico de verdade muito feliz por você. Queria eu ter tido essa experiência maravilhosa de leitura.
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