Jean Menezes
19/02/2024Faz tempo que não me sinto assim ao terminar um livro. A escrita do Yukio Mashima é cativante, quase sem esforço. Me sentia lá, junto deles, quase dava pra sentir o sol e a neve. Os personagens principais são muito bem desenvolvidos, mesmo no pouco tempo da estória - são menos de 200 páginas. Eu amei cada um deles, principalmente Ryuji, o marinheiro.
Como homem (e na mesma idade que Ryuji) eu me identifiquei bastante com as suas preocupações, suas inseguranças. São lições duras que só se aprende com a experiência. Dos livros que já li, poucos conseguiram mostrar a masculinidade de um modo tão particular. Além, claro de todos os outros temas apresentados no decorrer do livro. Os sonhos não realizados, a luta entre a nossa individualidade e a vida em conjunto, a infantilidade da violência como resposta à dor, etc. Tudo escrito de um jeito tão íntimo. Sabendo como a vida de Mishima terminou, isso não me surpreende.
Sem querer dar spoilers, a cena final é algo que vai estar na minha cabeça por um bom tempo. Há muito não sinto um luto literário como esse.