Mariana - @escreve.mariana 26/08/2020(Re)descobrir aquilo que fere [IG: @epifaniasliterarias_]A poesia de Jarid Arraes, em "Um buraco com meu nome", é uma que sinto que não seja suficiente recomendar apenas uma vez, como já o fiz. É daqueles livros que dá vontade de emprestar para todo mundo, amantes do gênero ou não, e convidá-los a conhecer a escrita incrível dessa mulher, assim como (re)descobrir a si mesma nas linhas de seus poemas – o que, devo admitir, muitas vezes não é um processo indolor.
"[...] só escrevo o que fere
o que vem da ferida
as cascas presas ou soltas
as moscas
pousando em cima
escrevo feito sutura
que supura
latejando os músculos
as mucosas
finas
só escrevo o que rasga minha carne
o que expõe as costelas
os fatos
as rimas"
É uma leitura dolorosa, pois já começa com choques de realidade e socos no estômago, nos fazendo questionar muitas de nossas posturas, em relação ao outro e a nós mesmas. Ainda, nos permite despertar de muitas situações abusivas e tóxicas as quais já enfrentamos e, assim, retomarmos nossa força e descobrirmos "que um homem não te define / sua casa não te define / sua carne não te define / você é seu próprio lar", como tão bem coloca a música "Triste, louca ou má", da banda Francisco, el Hombre (que é maravilhosa, ouçam!)
Reconheço que diversos leitores assíduos podem não estar habituados à leitura de poesia e, se esse for seu caso, recomendo demais que dê uma chance a essa obra, que opta por uma linguagem simples e traz vivências extremamente próximas a muitas de nós, sendo difícil não gerar identificação no leitor.