Ângelo Von Clemente 07/02/2016Alma de novelista, pretensão de historiador; Um dos pouco êxitos de Zweig Talhado para trabalhar somente com personagens infames, Zweig encontra nessa presente obra a sua consagração como o suposto ''historiador'' que a posteridade lhe destinou. Com uma narrativa pouco objetiva, dispersa, e revelando sua astúcia mais para a composição de novelas que de trabalhos acadêmicos e biográficos, o autor parece em diversas ocasiões esquecer-se de ambas as coisas e terminar por confundi-las. Em Joseph Fouché sua pseudo-erudição chega ao ponto de envolver o leitor com uma universalidade incontestável. Ele é bem agraciado em sua narrativa descritiva, sabe exemplificar e enfrentar pequenos contratempos, mas sem conseguir se redimir do seu crime de completa parcialidade analítica. Seu objetivo é conduzi-lo ao mesmo raciocínio que ele, independentemente de qualquer coisa. Sua facilidade de dissimulação é bem evidente se pararmos para refletir acerca da conveniência que rege sua ideologia pessoal. Ele se auto-intitula como opositor da vertente histórica que tende a estigmatizar os indivíduos de forma equivoca, mas sua hipocrisia pessoal não lhe permite enxergar que ele faz absolutamente a mesma coisa, principalmente em sua biografia de ''Maria Antonieta'', na qual ele pinta, com tons pouco lisonjeiros, por pura conveniência, uma caricatura grotesca e repulsiva da figura histórica de Louis XVI.
Em Joseph Fouché, Zweig teve maior felicidade em retratar o contexto proposto, suas personagens e posições politicas instáveis, a trajetória de um genocida dissimulado que o autor faz com que criemos até mesmo um pouco de empatia, ele teve grande felicidade em todos esses quesitos, principalmente pelo exito de conseguir a universalidade, no caso de transmitir compreensão e clareza extrema ao leitor. Aconselho a leitura, embora tenha de seu autor uma opinião pouco favorável, digo que é uma obra que lhe envolve desde as primeiras paginas.