z..... 16/12/2019
HQ EBAL (Edição Maravilhosa Nº 200)
Não li ainda o romance e fiquei curioso pela obra que, supondo pela breve adaptação em quadrinhos, é uma história que instiga a percepção do fanatismo religioso e cangaço em realidade muito peculiar no Nordeste.
O cenário é transformador ao homem, despertando buscas, que na primeira parte dão impressão de adesão ao formalismo (o comum, o rotineiro). A Vila do Assu é o enfoque, onde a igreja remete à visão de fé, de esperança, de segurança, enfim, de religiosidade, principalmente entre os mais simplórios, como o povo de Pedra Bonita. O menino Bento é um dos flagelados levados pelos pais até lá, sendo apadrinhado pelo padre (Amâncio) e tornando-se coroinha. Existe rejeição local para o povo de Bento e a igreja, o povo, incluindo o padre, parecem inertes em sua verdadeira objetividade cristã. Fatos expressos no preconceito e na religiosidade interesseira, como a manifestada pela irmã do padre (Dona Eufrásia), que tem apenas desejo de que o sacerdote alcance projeção hierárquica. A religião torna-se então formalidade e acaba não satisfazendo a busca de esperança aos flagelados. Sutilmente a história conta isso...
Na segunda parte, o apego do povo de Pedra Bonita aos devaneios e loucura do fanatismo religioso propagados por um beato, tido como santo. É como se a busca tivesse encontrado esperança em alguém que verdadeiramente se mobilizasse a se favor, encontrando também segurança no cangaço. É a informalidade apresentando-se nos caminhos trilhados... A adesão ao inusitado, ainda que surpreendente (e é, para coisas hediondas...).
Pronto, está ai o cenário extremado de fanatismo e cangaço em adesão para muitos em seus porquês.
A obra tem esse desenrolar e, no final das contas, Bento é como uma testemunha dos fatos, através de quem o leitor enxerga essa situação instalada nos sertões nordestinos, tendo sua criticidade instigada.
Logicamente a história não é só isso, e nem escrevo como se fora um resumo. Foi o que entendi, no que essa mal-acabada HQ instigou. Sinceramente, se já tivesse lido o romance, não ia gostar da adaptação, seja pelos desenhos toscos, sem capricho, ou pelo desenrolar onde o texto tem mais destaque que a imagem. Acabou sendo um exemplo de que a fome torna as coisas saborosas, pois queria saber algo da obra e bem ou mal fiquei sabendo, lendo aprumado na atenção.
Quem quiser que conte melhor, que vou gostar...