Marlonbsan 14/07/2020
Se Não Eu, Quem Vai Fazer Você Feliz?
Alexandre Magno Abrão, mais conhecido pelos fãs como Chorão (ou Alê por Graziela Gonçalves), tido como um dos maiores ícones do Rock Nacional, influenciou uma geração com suas músicas, letras marcantes e intensidade no agir, era um líder nato no palco e fazia todo mundo entrar em sintonia. E no livro podemos conhecer mais um pouco sobre a história de vida e amor que Grazi teve com ele.
O livro é narrado em primeira pessoa de forma documental e autobiográfica por Grazi, a linguagem é bem simples e o livro é extremamente fluído, a ordem cronológica tem algumas idas e vindas que demanda uma atenção a mais para nos situar.
É impossível não se emocionar durante a leitura, desde o encontro de almas semelhantes (como dito por Grazi), do início do relacionamento, das batalhas juntos, todo o companheirismo, os altos e baixos, das inspirações, as demonstrações de afeto, carinho e amor, os ensinamentos, das dificuldades, nem tudo era perfeito, até chegar na fase mais difícil entre eles. Todas as fotos e bilhetes presentes no livro tem um toque de intimidade que nos faz aproximar do que é contado e por sabermos como a história termina, gera uma angústia do início ao fim, só que a intenção desse livro e o que precisava ser exposto era o meio dessa história.
Aqui temos um relato real de como muitos dos fatos ocorreram na trajetória de vida deles pela percepção da Grazi. Chorão, artista da música que era, fez com que minha mente lesse suas falas com sua voz. Em sua trajetória, o Alê tentava manter o controle de tudo e o medo de mudanças contribuiu muito para o seu estado nos últimos anos de vida. Esse livro com certeza foi, além de mostrar a história de amor entre eles, uma forma de desabafo por parte da Grazi, que teve um papel fundamental para que a banda desse certo, só que foi muito criticada por fãs (entre aspas) e parentes do Alexandre, mas as pessoas esquecem que nas profundezas da mente humana há muito mais do que nos é mostrado. Apenas Grazi e Alê eram capazes de saber esse lado de cada um e olhe lá...
A primeira música que ouvi do Charlie Brown Jr. foi Zóio de Lua, numa época em que não era tão simples ter acesso às músicas, sendo dependente de rádio, comprar ou alugar CD. E foi muito nostálgico ler sobre outras bandas e pessoas que escutava ou ouvia falar daquele tempo, como é o caso da Legião Urbana, Planet Hemp e Raimundos, além de conhecer a origem e um pouco mais sobre as inspirações para cada música citada.
A música sempre foi importante na minha vida e com certeza o CBJr. foi uma das bandas que marcaram minha adolescência e os acompanhei até o fim. Letras que nos tocam de alguma forma, o ritmo contagiante, a energia transmitida, tudo isso nos aproximam dessas pessoas, nunca vi ou cheguei perto do Chorão, mas quando ele se foi, senti como se um conhecido tivesse partido. E acho que esse é o poder que a música tem e que esses artistas proporcionam, de nos aproximar, interligando as pessoas.
Foi uma experiência muito boa conhecer um pouco mais sobre a história de amor que inspirou tantas músicas, além de perceber o lado mais humano que há por trás de um ídolo, não é fácil lidar com toda a pressão que o mundo coloca sobre eles, muito menos a pressão que eles mesmos colocam sobre si. E pude conhecer um pouco mais sobre a grandiosidade da mulher que havia ao lado do Chorão durante a sua caminhada, a Grazi foi uma peça fundamental para que toda essa história e a banda existissem e viesse a ser o que foi, ela fez seus sacrifícios para que as coisas dessem certo, mas ela não podia arrumar tudo e cada pessoa é responsável por sua individualidade.
No mais, uma leitura essencial para os fãs, que podem conhecer um pouco mais sobre os seres humanos que haviam ali, tanto na banda, toda a equipe de produção, os que trabalham fora do palco e possuem um papel muito importante, além do próprio Alexandre e da Graziela que possuem qualidades e defeitos e tiveram a oportunidade de se encontrarem e viverem sua história de amor.
E como disse Rappin’ Hood em parceria na música Cada Cabeça Falante Tem Sua Tromba de Elefante do álbum Imunidade Musical:
- Chorão, skatista sangue bom
Tamo junto, é mó satisfação
Assim que é a casa tá de pé
A batalha continua, parceiro, vai na fé... -
Obrigado @graziela_goncalves por ter compartilhado essas histórias com a gente. E obrigado Chorão, por ter feito parte desse mundo e ter salvado tantas pessoas com suas músicas.
Foto e resenha no meu IG, @marlonbsan