Mary Elizabeth 26/04/2011
Roberto Shinyashiki, o autor do livro “A Carícia Essencial” é médico-psiquiatra, conhecido como a capacidade de entender a realidade e as necessidades das pessoas, onde um dos temas mais abordados por ele é carreira, felicidade e sucesso.
Neste livro o tema abordado fala sobre Carícias - o quanto uma pessoa precisa da outra, da atenção e da afetividade que ficam entre elas.
Shinyashiki retrata o tema com vários exemplos e histórias para mostrar como as pessoas se comportam para querer alguma coisa, como elas se sentem, e sobre o desenvolvimento da criança.
Associando este livro com meu estágio de Psicologia, que faço no Hospital, onde o que mais vejo são idosos que tiveram AVC ou estão lá esperando alguma cirurgia ou complicações com diabetes, etc... Tem os acompanhantes, a maioria são os parentes, ou no caso de alguns pacientes nem acompanhantes têm.
O paciente idoso que está naquele leito, para mim, é o fruto da maneira como ele viveu cada etapa da sua vida, é ali acamado que ele começa a contar tudo que ele já viveu, e alguns contam o que ainda querem viver. Para eles, o afastamento da sua casa, da sua rotina de vida pode deixá-lo deprimido e sozinho, assim o nosso papel é reforçar à família como é importante eles estarem sempre junto deles, necessitando de atenção, de carícias positivas.
No Hospital, a maior parte das pessoas sente falta daquilo que elas faziam no seu dia-a-dia, Roberto diz neste livro a palavra “fome”, mas não fome de comida, e sim fomes tão importantes como o alimento, que necessitamos para manter nosso corpo, como fome de estímulos, de contato, de conhecimento, sexual, de estruturas e de incidentes. Lá dentro, eles são privados da maioria disso, ainda mais aquele paciente que sofreu AVC; eu tive a oportunidade de conhecer uma paciente que teve AVC, onde ela teve perda sensitiva, perda da linguagem e fala, não conseguia mais mexer os membros do corpo, porém a audição e a visão dela estavam normais, a enfermeira dizia que não aparecia nenhum acompanhante pra ficar com ela, de vez em quando aparecia alguém e ficava por 5 minutos. Essa paciente foi privada de muitas coisas, e a família não colaborou, deixando o paciente solitário. No estágio, começamos a passar pela paciente e ajudar em uma das “fomes”, a fome de estímulo, onde falávamos como era a paisagem da janela do hospital, como eram cuidadosos os enfermeiros que iam trocar os medicamentos, se estava para chover ou não, para ela poder melhorar seus sentidos. Colocamos para os outros estagiários irem fazendo isso, nunca deixando sozinha. Nós sabemos que ao ver os olhos daquela idosa, algo estava querendo falar, talvez todas aquelas sensações estavam passando por ela naquele momento, e que aqueles estímulos foram muito importante para levá-la a sentir-se viva.
Não posso esquecer que cada paciente ali é único responsável por sua subjetividade, alguns preferem não conversar, ao contrário de outros que preferem detalhar a dor que estão sentindo, ou a ansiedade antes de uma cirurgia, ou a maioria das vezes o alívio de não sentir mais as dores. Alguns muitas vezes, não querem sair do hospital, lá a família vai visitá-lo, vai aquele irmão de uma cidade bem longe, ir só para ver como ele está, e aquele acamado sabe que se sair do hospital, se sair daquele estado enfermo, o irmão voltará para sua cidade e irá demorar para vê-lo novamente. Roberto Shinyashiki deixa muito claro no livro “As pessoas necessitam de ATENÇÃO, nem que tenham que ficar doentes”, se formos parar para pensar... Como uma pessoa pode desejar continuar com a dor parar poder ver seus parentes, para ter um pouco de atenção deles? É mais comum do que pensamos, algumas pessoas só desejam o reconhecimento, a pessoa quer continuar tendo aquela afetividade, aqueles cuidados que ela só recebe quando está doente. No estágio, torno-me então um agente humanizador, onde aquele paciente que não quer melhorar por causa disso, acaba não contribuindo para sua melhora, assim, tem que ter muita paciência para contornar a situação e usar alguma técnica para lidar com o paciente, com o tempo mostramos a ele que ele pode ser reconhecido também por ter melhorado e recebido alta daquele problema, por ter passado pela aquela internação e sair melhor, e também explicar à família que não é só porque ele não está mais naquele estado que deve-se esquecer do seu problema de saúde, pois um dos maiores problemas que ele passou naquela internação, foi a falta de reconhecimento, de afeto e de atenção.
Enfim, esse livro nos ressalta a importância que é o afeto entre as pessoas e como não podemos perder isso de vista, não podemos viver com medo de dar carinho para as pessoas, e nem a bloquear nossos sentimentos, nós vamos sempre aprender com nossos erros e com os erros dos outros. Para o meu estágio foi muito importante lê-lo e compreender o porquê do comportamento de certas pessoas diante de uma situação.