none 27/01/2021
Família, traições, política e mentiras
Antes da resenha, uma pequena história desse livro: Não pretendia comprar O livro de Daniel, ele me encontrou num espaço de troca de livros perto de casa, vi o nome do autor, E.L. Doctorow, minha colega e amiga de faculdade me emprestou Ragtime e recordo que foi uma bela leitura (que pede releitura), o título remete a um texto bíblico, trata-se do nome do personagem, de família hebraica. A teologia acaba por aí, bem, mais ou menos isso. O profeta com o mesmo nome perpassa todo o livro, mas o livro não trata de religião, entende?
Vou tentar explicar: Curioso que o primeiro livro que li em 2021 de Paul Auster, a personagem chamava-se Paul e tinha o filho Daniel, neste é o inverso, Daniel tem um recém nascido chamado Paul, trata-se de um romance biográfico porém a narrativa deste aqui é ficcional inspirada num fato histórico, a recriação do caso Rosemberg.
Os pais de Daniel são acusados, pelo dentista amigo da família, de conspiração e entrega de segredos de Estado para a URSS e as crianças, Daniel e Susan são entregues à pais adotivos. Daniel conta sua versão dos fatos e o narrador nos oferece percepções históricas sobre a época (anos 40-60), os Estados Unidos, as delações, o tratamento psiquiátrico, prisional, as chantagens, os enredos orwellianos colocados na prática por estados em guerra fria. Menção para o paralelo que Doctorow traça nos últimos capítulos da Disneylândia e a noção de realidade nos EUA.