Queria Estar Lendo 15/03/2022
Resenha: Supernova
Eu queria começar essa resenha com um grande AAAAAAAAAAA porque me faltam palavras pra explicar a montanha-russa de emoções que foi Supernova, último volume da série Renegados, os heróis da Marissa Meyer. Que livro, minha gente! Que livro!
Essa resenha pode conter alguns spoilers dos volumes anteriores!
Depois do final arrebatador e tenso de Arqui-inimigos, nos encontramos de volta a Gatlon City onde heróis e vilões seguem suas vidas em meio a incerteza. O Agente N foi estabelecido pelos Renegados e vai ser usado em execuções contra prodígios aprisionados que apresentem perigo - o que inclui Ace Anarchy, o tio de Nova.
Enquanto planeja uma maneira de se livrar desse problema e ainda manter sua identidade secreta, Nova precisa lidar com os sentimentos em relação a Adrian e como isso coloca em cheque tudo pelo que tem lutado.
Do outro lado da moeda, Adrian vive a duplicidade de ser um Renegado e ser o Sentinela - com mais e mais olhos em busca dele por estar agindo em oposto às leis dos heróis. Vigilantes não são permitidos, e o filho dos dois maiores heróis da atualidade é o maior deles.
"Você acredita em arqui-inimigos? Sabe, que um herói e um vilão estão presos a essa batalha eterna até que um finalmente destrua o outro?"
Supernova é um livro bem grande, com quase 600 páginas, e teve um começo um pouco arrastado por isso. Tive medo que a Marissa acabasse caindo em um marasmo sem sentido, dado o tamanho do livro, mas, conforme as coisas se desenrolam, você vai entendendo que tudo que está ali precisa estar ali.
A jornada de Nova e Adrian segue caminhos bastante semelhantes. Se cruzam em vários momentos - através das suas identidades secretas ou simplesmente porque estão lado a lado durante parte do dia. Depois do que pareceu o florescer do romance entre eles, a tensão ainda existe. Maior e mais palpável agora porque, apesar de terem exposto seus sentimentos e se entregue ao amor, existe mais em jogo do que o nascimento de uma relação.
Para Nova, tem a ver com vingança e liberdade. Ela acredita nos Anarquistas e em tudo que representam, mas também aprendeu a ver que os Renegados não são tão cruéis e insensíveis quanto acreditou durante tanto tempo. Eles são humanos; cometem erros, fazem escolhas ruins, mas não significa que carregam o mal dentro deles - assim como os Anarquistas também não são os vilões que a mídia e os heróis adoram pintar.
Eu gosto muito das discussões sociais que a Marissa aborda, da construção de imagem e de como mentiras se transformam em verdades duradouras, de como complicam vidas e traçam caminhos para personagens que não queriam estar vivendo aquilo.
"Se somos vilões para os heróis deles, então que seja. Nós daremos a eles uma razão para nos temer."
A guerra é iminente, mas o que Supernova faz é mostrar que nenhum dos dois lados está correto. Toda a situação com o Agente N - uma substância capaz de drenar os poderes de um prodígio, transformando em um humano normal - é perturbadora demais. É como uma pena de morte para quem é prodígio; é perder tudo que faz dele único e incrível. E os heróis a apresentaram como solução para o crime, como se despir uma pessoa de seus poderes fosse suficiente para limpar a cidade da criminalidade.
O radicalismo é tratado como tal, em ambos os lados. Dos heróis e essa necessidade de limpeza que pouco funcionaria, e dos Anarquistas com a brutalidade e a necessidade de vingança sanguinária. Eles não são santos, mas o livro mostra que não tiveram escolha a não ser se inclinar para o mal. Que o mundo os forçou a fazer isso, que os oprimiu por tanto tempo que não restou alternativa além de se tornarem os vilões que a história falava.
Adrian foi outro pilar da história que eu gostei demais de ver desenvolvido. Diferente do garoto acuado, aqui temos um que questiona, que bate de frente, que vê o erro e quer fazer mais para consertar. Assim como Nova, ele se afastou do 'preto ou branco' e está numa zona cinza muito importante para o seu desfecho.
Como casal, eles seguem uma fofura melancólica - shippar arqui-inimigos é sempre um perigo, e nesse livro o perigo é triplicado porque TODA HORA acontece alguma coisa pra te fazer arrancar os cabelos e gritar: DEIXE MEUS FILHOS EM PAZ!
"Covardes podem ser os mais perigosos de todos."
No lado dos coadjuvantes, eu adorei os arcos que envolveram os heróis e vilões mais velhos. Eles são a visão 'ou é bom ou é mal, não existe meio termo' por tudo que viveram, mas alguns conseguem entender que o mundo muda e a visão dele também. Os pais de Adrian, Hugh e Simon, foram personagens incríveis; prodígios fortíssimos que representam toda honra e justiça do mundo, mas que mostram que também podem errar.
Ruby, Dana e Oscar, melhores amigos de Adrian, tiveram seus destaques. Dana, principalmente, me surpreendeu bastante com suas atitudes e amadurecimento!
Acho que "surpreendente" é a melhor palavra para esse desfecho. Quando você acha que as coisas estão monótonas, sem caminho para seguir, Marissa vai lá e te dá um empurrão e te pega de surpresa com um acontecimento. As reviravoltas são brilhantes, os plot twists de explodir a cabeça. Um, em particular, que aparece lá no epílogo, me deixou berrando para a parede por cinco minutos!
Supernova tem ação, drama e romance na medida certa. Tem muito espaço para os heróis serem heroicos e para os anarquistas serem vilanescos; e vice-versa também!
Através de discussões brilhantes e reviravoltas aterradoras, Marissa Meyer entrega um livro que finaliza muito bem tudo que apresentou até então, e dá espaço para ação, romance e tudo mais que uma boa história de super-heróis precisa! Foi um adeus maravilhoso que deixou gostinho de saudade, como só os bons livros conseguem fazer.
site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2022/03/resenha-supernova-marissa-meyer.html