Marcel.Trocado 18/04/2024
ELITE PAULISTA X GOVERNO PROVISÓRIO
As "Classes conservadoras de São Paulo" se colocaram contra o Governo Provisório (Getúlio Vargas) que representava uma outra fração da classe dominante brasileira, interessada no fortalecimento do Estado, na sua intervenção na esfera da política e da produção.
Havia divergências de interesses no campo econômico, mas o conflito não se resume nisso. Numa perspectiva mais ampla, podemos dizer que estavam em jogo projetos políticos não coincidentes. A classe dominante paulista se insurgia contra o rumo que ia tomando a política do Governo Federal.
Durante os meses da luta armada os jornais deram cobertura total ao Movimento. Em suas páginas havia notícias sobre o número de voluntários que se alistavam, a formação dos batalhões, a relação dos donativos, das instituições que auxiliavam o Movimento. Anunciava-se o resultado das batalhas vitoriosas - a autocensura dos jornais impedia a publicação de informações sobre as derrotas. Por esta razão, Menotti Del Picchia (poeta e jornalista) enalteceu a atuação dos repórteres: "souberam eles ocultar notícias que longinquamente podiam prejudicar a causa" (publicação A revolução Paulista). Até mesmo nas propagandas comerciais explorou-se o tema da Revolução; como exemplo pode-se mencionar o desenho de dois soldados constitucionalistas empunhando uma lata de Leite Moça, com a frase "Vigor e Resistência".
A classe dominante paulista, adepta do liberalismo, se insurgiu contra o processo de centralização do poder, contra o impedimento da livre circulação de mercadorias, contra a interferência do Estado nas relações entre as classes.
Em 1933 já eram visíveis os sinais de aproximação. Muitos dos exilados (divergentes paulistas) voltavam ao país preconizando moderação. Em 1934 foi votada a Constituição; a bancada paulista através da Chapa Única propusera emendas ao anteprojeto; nem todas foram aprovadas, mas a corrente centralizadora foi contida nos trabalhos da Constituinte. O princípio da autonomia dos Estados "estava salvo". Em 16 de julho de 1934 a nova Constituição foi apresentada ao País, e no dia seguinte Getúlio Vargas foi eleito Presidente Constitucional do Brasil por sufrágio indireto.
Em 1935, diante do "perigo comunista", todas as discordâncias foram posta de lado. A classe dominante paulista, em perfeita unidade de pensamento com o Governo Central, apoiou integralmente a Lei de Segurança Nacional, considerando até mesmo que, se a destruição total do "perigo comunista" requisitasse a concentração cada vez maior de poderes nas mãos do Governo Central, isso deveria ser feito sem hesitação.