Não me abandone jamais

Não me abandone jamais Kazuo Ishiguro




Resenhas - Não Me Abandone Jamais


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Mike27 08/09/2023

Não me abandone jamais!
"Não me abandone jamais", escrito por Kazuo Ishiguro, é uma obra de ficção que nos transporta para uma realidade distópica e nos leva a refletir sobre a natureza da humanidade, o valor da vida e as consequências de nossas ações.

A história é narrada por Kathy, uma mulher adulta que relembra sua infância e adolescência em uma instituição chamada Hailsham. Nesse ambiente aparentemente idílico, Kathy e seus colegas são educados e preparados para um futuro especial, mas não têm conhecimento completo do propósito real de suas vidas.

Através das memórias de Kathy, acompanhamos o desenvolvimento das relações entre ela, Ruth e Tommy, seus amigos mais próximos. À medida que os anos passam, os personagens descobrem lentamente a verdade sobre sua existência e a terrível realidade por trás de Hailsham.

A obra explora a temática da identidade e da liberdade individual, enquanto levanta questionamentos sobre a ética do uso de pessoas como meros moedas de troca em prol da ciência e do avanço da sociedade. Ishiguro aborda questões morais complexas, provocando reflexões sobre até onde pode chegar a crueldade humana quando se trata da manipulação e exploração de outros seres.

"Não me abandone jamais" é uma obra que, além de trazer uma trama intrigante e envolvente, nos leva a uma profunda reflexão sobre os limites da ciência, a busca pelo real sentido da vida e o valor inestimável da compaixão e do amor. É um livro que toca a alma e permanece conosco mesmo após terminar sua leitura, nos confrontando com questões filosóficas e existenciais que nos acompanharão por muito tempo.
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Amanda Azevedo 25/08/2012

Não me abandone jamais - Kazuo Ishiguro

Sempre me preocupei sobre como eu estaria no fim da minha vida. Terei trabalhado com o que sonhei? Vou conhecer os lugares que planejei? Meus grandes amigos serão os mesmos? Vou ter a sensação de dever cumprido ou vou pensar: “caramba, como é que eu cheguei a esse ponto?”. Devaneios demais? Paranoia? Sei lá, talvez... Mas você, provavelmente, já parou pra pensar nisso também. E mesmo com tantos questionamentos possíveis um em especial me atormenta mais, a solidão.

Não importa se viverei com um marido e filhos ou rodeada de amigos, contanto que eu tenha alguém ao meu lado. Alguém que eu me importe e que se importe comigo, isso basta. Tenho medo do que ainda nem aconteceu. Tenho medo de perceber que perdi tempo, de perceber que não fiz o que deveria ou o que gostaria. Porque, sejamos honestos, temos que reconhecer que pode sim, ser tarde demais. Contrariando Renato, não, nós não temos todo o tempo do mundo.

Somos introduzidos à história pela narrativa de Kathy, quando a história começa ela tem 31 anos, mas através de suas lembranças vamos conhecer sua infância e adolescência, época de sua vida que ela passou em Hailsham — um internato no interior da Inglaterra — ao lado de seus amigos Ruth e Tommy. Nós pouco sabemos sobre esse internato, sobre os professores — ou melhor, Guardiões — sobre os três amigos e sobre as outras pessoas que lá residem. O que fica perceptível logo no início é o fato de que os alunos de Hailsham são especiais, mas demora um pouco para descobrirmos o porquê disso.

É um momento gélido, esse, o da primeira vez em que você se vê através dos olhos de uma pessoa assim. É como passar diante de um espelho pelo qual passamos todos os dias de nossas vidas e perceber que ele reflete outra coisa, uma coisa estranha e perturbadora. — Página 50

Não me abandone jamais é um livro essencialmente triste. E eu o considero assim, pois, ele nos remete a centenas de questionamentos. São questionamentos necessários e engrandecedores, eu diria. Sobre o ser humano, de um modo geral, sobre como muitas vezes temos uma visão turva e superficial das coisas e nos julgamos profundos conhecedores dela. Sobre os nossos valores e como eles podem estar equivocados, às vezes.

E eu me arrisco a te perguntar: o que nos faz “pessoas”? Pode parecer uma questão vaga e sem propósito, mas fará todo o sentido ao término dessa leitura. E todos aqueles meus devaneios presentes no início dessa resenha talvez se façam presentes em seus pensamentos quando você — que me lê agora — iniciar a leitura deste livro, ou talvez, os seus devaneios sejam totalmente diferentes dos meus, mas é fato que: você não chegará ao fim desse livro sem, pelo menos, uma pergunta que, provavelmente, o assombrará por alguns dias.


PS: Tem um filme, de mesmo nome, baseado no livro. Logo que terminei a leitura assisti a adaptação, gostei bastante! Mas, se tiverem intenção de ler o livro não recomendo que assistam nem ao trailer, pois fatos que só descobrimos na metade do livro pra lá são revelados nesses poucos minutos.
Cris 04/12/2012minha estante
exatamente! assim que terminei de ler o livro pensei no filme "a ilha". não sou fan de ficção científica, mas a narrativa do livro é boa e não me cansou.A minha aflição foi em tentar imaginar o que havia por trás de tanto mistério ao redor daqueles alunos naquela escola. No todo é um livro triste sim,porque ,creio, a empatia acaba sendo inevitável por imaginarmos como seria estar no lugar deles buscando aquelas respostas,mesmo que o mundo deles se resumem somente àquela escola e vida, e o nosso,como leitor e humanos tendo experimentado e sabendo bem mais da Vida , faz brotar dentro da gente uma certa melancolia.é uma obra que abre fronteiras ,é difícil não pensarmos em transpô-la para questões de nossas próprias vidas, digo, limitações ou complexas questões,talvez nem preciso ir ao mais complexo para admitir que até nas coisas mais simples nos vemos refletidos em seus personagens. cada um com sua característica sem deixar de nos parecer (e seriam ? ) humanos. O filme AI (inteligência artificial) que põe em xeque o seguinte : o robô (clone ou o que quer que ponhamos no lugar, SE podemos considerá-los a mesma coisa) sente mesmo tudo aquilo ou é uma simulação dos nossos sentimentos?Na realidade o perturbador é que os mesmos sentimentos possam não existir como existem em nós e sim ser apenas reflexos do que ,para nós, parecem sentimento ou inteligência.Mas o clone seria uma cópia de nossos genes então não deixariam de ser humanos, mas humanos modificados com ,no caso, a mesma reação a dor e a sentimentos ,o que diferencia do cerne de um robô (onde a vida, dor é apenas uma simulação não um fato)que é justamente como muitos, pelo que o livro me fez entender, acreditavam que esses clones seriam. Vejam bem , em nenhum momento foi mencionada a palavra robô, é apenas uma condição psicológica e física usada como comparação e exemplo.


Talita 29/07/2022minha estante
Sou nova no APP e não sei como entrar para ler , só aparece a sinopse


haylla.with.an.h 06/08/2022minha estante
Oi Talita! Não é possível ler por aqui...

É um app pra organizar melhor as leituras e incentivar o hábito. Você pode cumprir metas, estabelecer desafios, fazer históricos de leitura, escrever resenhas, trocar livros e também participar de sorteios.

Como se fosse uma rede social para leitores, porém não disponibiliza os livros em si para ler. Seja bem-vinda




Regis 29/02/2024

Doses cavalares de melancolia...
Que melancolia, que solidão, que sensação de vazio existencial eu senti durante essa leitura que aborda temas tão sensíveis e carregados de reflexões.
O livro transborda melancolia por todas as páginas e ao final, estamos completamente empregnados desse sentimento mórbido de desencanto e depressão.

Kathy, Tommy e Ruth são alunos de Hailsham (uma espécie de internato) onde estudam, praticam esportes e, principalmente, fazem trabalhos artísticos. Eles são incentivados, com muito afinco, (pelos guardiões de Hailsham) a se expressarem através de poesia, desenhos e pinturas.
Kathy é apaixonada por Tommy desde pequena e sua melhor amiga Ruth sempre esteve entre os dois. No decorrer da narrativa vamos presenciando pequenas e esporádicas rusgas entre Kathy e Ruth.

O livro é narrado em primeira pessoa por uma Kathy de trinta e um anos, que tenta, a todo custo, reunir suas memórias do passado em Hailsham, enquanto vai nos contando sua vida desde a infância, até seus últimos anos como "cuidadora".

Acompanhar o desenrolar dos acontecimentos na vida desses três personagens, através das memórias de Kathy, devasta completamente nosso espírito, pois, aos poucos, as memórias de Kathy vai nos mostrando que nada nessa história é o que parece e as dicas sobre a verdadeira realidade desse lugar vão sendo apresentadas dosadamente durante a torrente irregular das lembranças dela... e quando fica claro quem são as crianças de Hailsham e a que elas estão destinadas, fica difícil aceitar que seja possível que a sociedade permita tamanha desumanidade com pessoas dotadas de inteligência e sentimentos.

A bioética não existe nesse universo, onde parece que o fim passou a justificar os meios e a conduta dos seres humanos em relação a outros seres humanos e outras formas de vida deixou de importar completamente. Condicioná-los desde pequenos a aceitar o sofrimento, de forma que não haja nenhum sentimento de revolta com o destino que os aguarda, foi a parte mais difícil de aceitar. Existe outras "escolas" onde as coisas não são tão boas como onde Kathy e seus amigos foram criados, Hailsham tentou proporcionar uma infância tranquila e "normal" para essas crianças e saber que ela foi fechada e que as próximas crianças não terão nem isso, é devastador.

No início o autor dá a impressão de que estamos passeando pelas memórias de Kathy apenas para conhecer o triângulo amoroso que se formou entre ela, Tommy e Ruth, mas a cada parte da vida deles que é rememorada vamos descobrindo, junto com os três, o real significado de suas existências e apesar deles parecerem totalmente conformados com seus destinos é quase impossível para nós nos sentirmos da mesma maneira. Até aqui, achei que o sentimento que a leitura queria extrair de mim era de revolta, mas fui seguindo a narrativa e ao final os sentimentos que mais ficaram comigo foram o de extrema melancolia, solidão e finitude.

O livro é desprovido de grandes reviravoltas e de momentos de catarse, é apenas uma história sendo narrada com uma inocência quase infantil, mas que carrega um ar umbrífero e soturno, e os sentimentos que nos abarcam provocam uma intensa sensação de desalento.
A ficção científica figura, mas, como pano de fundo para discutir assuntos como: a natureza humana, a memória, a amizade, o amor e a preciosidade do agora; pois as oportunidades não devem ser deixadas para depois, ou o que restará será apenas o desespero de resgatar as memórias em busca de analisar o que poderia ter sido.

A música "Never Let Me Go" de Judy Bridgewater fica pairando acima da leitura como uma profecia sombria prenunciando o momento em que Kathy e Tommy tentam agarrar-se um no outro o máximo que podem, mas no fim eles precisam se soltar, se separar e permitir que o propósito de suas vidas seja... concluído.

Não me Abandone Jamais é o livro mais conhecido de Kazuo Ishiguro, autor ganhador do Prêmio Nobel de 2017, e certamente foi uma leitura que mexeu intimamente comigo me deixando profundamente tocada e pensativa. Adorei esse livro!

Recomendo.
Adri/Diana 29/02/2024minha estante
Linda demais! Gostei muito de ter feito essa leitura.


mpettrus 01/03/2024minha estante
?A ficção científica figura, mas como pano de fundo para discutir assuntos como: a natureza humana, a memória, a amizade, o amor e a preciosidade do agora; [?]?

Ficção Científica é um gênero incrivelmente magnífico tanto na literatura quanto na Sétima Arte. Sou apaixonado por esse gênero. E autores que sabem utilizar bem esse gênero tem minha total atenção.

Colocando na minha lista 2024 porque - mais uma vez, outra resenha bem escrita -, fiquei totalmente curioso para ler essa história.

Parabéns pela resenha ????


Léo 01/03/2024minha estante
A resenha está perfeita como sempre, Régis, adorei e me deixou curioso para pegar esse livro ou A Clara e o Sol do autor. Parabéns pela resenha. ??


Fabio 01/03/2024minha estante
Uau, resenha primorosa, Regis, minha querida!
Irretocável sua escrita!???????
Adorei quem imprimiu a melancolia do livro na sua resnha!


Regis 01/03/2024minha estante
Obrigada, Diana! Eu também gostei muito de ter feito essa leitura. ??


Regis 01/03/2024minha estante
Obrigada, mpettrus, também penso o mesmo sobre ficção científica e cada vez mais estou adorando o gênero. ??


Regis 01/03/2024minha estante
Obrigada, Léo! Meu próximo livro do autor será justamente Klara e o Sol. ?


Regis 01/03/2024minha estante
Agradeço muitíssimo, Fábio Querido! ???
Terminei o livro com a melancolia entranhada em mim acho que isso passou para a resenha.


HenryClerval 05/03/2024minha estante
Você sempre transmite tudo que sente com as leituras em suas resenhas e isso me encanta, Régis. ??


Regis 05/03/2024minha estante
E você sempre lê tudo que escrevo e é sempre muito lisonjeiro. Obrigada por isso, Leandro. ???




Ana Alice | @soprodepaz_aa 11/01/2023

Uma das leituras mais estranhas que já fiz
"Enxerguei um mundo novo chegando muito rápido. Mais científico, mais eficiente, é verdade. Mas um mundo duro, um mundo cruel. E vi uma menina novinha, de olhos bem fechados, segurando no colo o mundo antigo e bom de antes, o mundo que ela sabia, lá no fundo, que não poderia continuar existindo, e ela segurando esse mundo no colo e pedindo pra ele não deixá-la partir."


  Comecei esse livro pra usar como base na redação do vestibular da UERJ. Acho que, se eu não tivesse essa motivação, não teria continuado a leitura. Assim que percebi sobre o quê se tratava, fiquei negativamente impressionada. É uma resenha difícil de escrever porque foi um livro difícil de ler e entender.
  Em um mundo cientificamente avançado, concretizou-se a ideia de clonar pessoas para que essas cópias humanas siervissem de banco vivo de órgãos a serem doados para o mundo. A história da existência dos doadores é contada sob o ponto de vista da Kath, um dos clones. Através de lembranças da infância, adolescência e início da vida adulta, o leitor passa a conhecer as pessoas-clones que protagonizam o livro. Principalmente, Kath, Tommy e Ruth - alunos de Hailsham (um dos internatos para futuros doadores).
   Desde que foram trazidos ao mundo, os alunos dos internatos especializados em cuidar dos próximos doadores sabem seu propósito. Eles precisariam ter uma vida saudável para que pudessem doar o máximo de seus órgãos em vida até "concluir"(morrer). Embora esse destino tenha me assustado, o assunto é tratado pelas crianças e adolescente como algo natural - já que elas só convivem com quem tem o mesmo caminho traçado. No final da adolescência, esses alunos saem do internato, passam um tempo cuidando de clones já em processo de doação para só depois começaram a doar. Nesse momento, há uma interação maior com o mundo externo e as pessoas que não são clones.
    A partir daí, questionamentos sobre existência, propósito e humanidade são intensificados nos personagens principais. Assim como Kath, vamos relacionando gradualmente as lembranças que ela traz nos primeiros capítulos com as descobertas que são feitas nos últimos. Se no início eu estranhei os indivíduos dessa obra, no final, me vi reflexiva e apegada a eles. Não sou a maior fã dos diálogos entre aspas, mas - sabendo que todos os capítulos são recheados de memórias - fez sentido. Pela quantidade de acontecimentos e informações que precisam estar ativas na mente para que a história faça sentido, achei a leitura difícil e cansativa. Também pelo meu objetivo, precisei estar mais atenta a cada detalhe.
    Além disso, algo que me agradou foi passar páginas e páginas tentando entender o porquê do título e - finalmente - descobrir. Essa explicação agrega muito à história de forma que integra o título à experiência de leitura em si. Por se tratarem constantemente de fatos passados, a narrativa tem um tom nostálgico e melancólico que eu gostei. Pode ser levado em consideração que a obra não foi vencedora de um prêmio Nobel de Literatura à toa.
   Indico a leitura principalmente aos vestibulandos da UERJ, por ter bastante repertório útil pra redação. E indico também a quem queira uma reflexão sobre a vida com um tom tecnológico não tão distante da realidade.
iris 11/01/2023minha estante
Não sei se sabe, mas tem filme no Star+ também, com o Andrew Garfield, Carey Mulligan e Keira Knightley, não li o livro então não sei se é uma boa adaptação, mas eu amei o filme em si


iamlucaz 11/01/2023minha estante
pra mim foi um desperdício de plot. pura enrolação, narrativa enfadonha e terminou com o autor enfiando o dedo no meio do meu cy, ne pq eu não engoli esse final. Frustrante


Ana Alice | @soprodepaz_aa 11/01/2023minha estante
Oi iris, eu quero ver o filme desde que estava lendo mas não tinha Star+. Se você não falasse eu ia esquecer disso kkkk


Ana Alice | @soprodepaz_aa 11/01/2023minha estante
Oi iamlucaz, acho que para um estilo que não estou acostumada, gostei. Não sei se você lê mais sci-fi/suspense e está acostumado com outros tipos de plot! Mas realmente, quis abandonar várias vezes e só terminei por causa do vestibular.




Maíra Marques 29/03/2022

O livro fala de amizade, de amor, de futuro, de expectativas, do amanhã, de teorias que criamos para suavizar nossos fardos. Não é uma leitura fluida e, para uma boa experiência, requer bastante reflexão (minha percepção) sobre os personagens, sobre seus destinos e até sobre a sociedade em que vivem.
Fui com muita expectativa, terminei reflexiva e percebo que será um dos meus favoritos do ano.
Recomendo ler sem olhar a orelha do livro, nem o filme ou seu thriller. Boa leitura!
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Mari 29/07/2020

Na força do ódio
Foi assim que eu terminei essa leitura: na força do ódio.

Achei cansativo, enrolado e sem sentido. São tantas questões que não foram respondidas, que quando você acaba, você olha pro livro e pensa: pra que?
Os personagens não te cativam, o romance é mal trabalhado... Quando você entende sobre o que a historia fala, a sensação que fica é o desejo que fosse melhor desenvolvido, porque potencial tinha...
Enfim, eu realmente tive problemas em entender todos os elogios que fizeram e não recomendaria pra ninguém.
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Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

Não me abandone jamais, Kazuo Ishiguro - Nota 5,5/10
Vencedor do Prêmio Nobel de literatura de 2017, Ishiguro é conhecido por sua escrita sensível, mesclando a realidade com a fantasia. Apesar de ter gostado da primeira obra que li do autor (“O gigante enterrado”), o escolhido para o mês de novembro do #DesafioBookster2018 não me agradou! A premissa da obra é instigante: um internato em que as crianças são tratadas de forma diferente, criadas para um propósito maior - mas que, para elas, é desconhecido. Nasceram para desempenharem a função de “doadores".

A escrita de Ishiguro é muito boa, o que deixa a leitura mais fluida e me ajudou a não abandonar o livro. O problema para mim está no desenvolvimento da narrativa. Tive a sensação de que ela não evoluía e que as cenas eram extensas demais, sem contribuir para o desenvolvimento da obra. As questões abordadas pelo autor são interessantes, como ética e condição humana, mas não conseguiram me despertar reflexões. Os personagens também não me cativaram muito. Tentei me apegar a algum deles, mas não consegui me aprofundar nos seus questionamentos. Ao final, me pareceu mais um livro juvenil, que não conseguiu refletir, “através da ficção científica, a questão da existência humana" - como promete uma das sinopses.

Enfim, o livro não ME fisgou; tinha muito potencial, mas achei que foi pouco aproveitado. Por outro lado, recebi muitas mensagens de pessoas que adoraram a leitura! Ou seja, como sempre falo, umas das coisas mais interessantes da literatura é como cada leitor tem uma experiência única com uma obra. Se ficou curioso, leia e depois me conte o que achou! E para quem já leu, quero saber as opiniões! .

"É um momento gélido, esse, o da primeira vez em que você se vê através dos olhos de uma pessoa. É como passar diante de um espelho pelo qual passamos todos os dias de nossas vidas e de repente perceber que ele reflete outra coisa, uma coisa estranha e perturbadora."

site: https://www.instagram.com/book.ster/
Correio.Mataverdense 11/02/2022minha estante
1)
Quem abandonou quem ao longo do livro?



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2)
A clonagem das pessoas no livro exposta (com relativo tempo de eficácia e alcance) e o tempo real de vida fora do livro: diferenças, semelhanças... Desenvolva considerações a respeito.
Os clones, produzidos com a única finalidade de servir de peças de reposição. Assim que atingirem a idade adulta, e depois de cumprido um período como cuidadores, todos terão o mesmo destino ? doar seus órgãos até ?concluir?.
Embora à primeira vista pareça pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses ?doadores?, em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, somos conduzidos até o terreno pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a atolar.?



________________________________________
3)
Você acredita que o amor ou a paixão entre Tommy e Kathy ? não que não houvera interesses pretéritos entre o casal ? em face da notícia do adiamento, deu-se justamente motivado por ele? Desenvolva...



________________________________________
4)
Hailsham parece ter sido fechada, desaparecida, até restar somente uma lembrança dela. Quais as correlações que podem ser feitas entre essa desconstrução da instituição e a vida que se prosseguiu para os ex-alunos de Hailsham? Ou, ainda, podendo-se se concentrar nessa última proposta: ? qual o sentido que o fechamento ou o desaparecimento de Hailsham pode ter para todo o enredo?



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5)
Como o mecanismo do ?adiamento?, no livro expresso, era em verdade? Mais uma porta para a melancolia tão bem desenhada por Ishiguro?



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6)
Qual a analogia que você faz entre a sociedade atual e a ?utilidade? das crianças de Hailsham?



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7)
As ?esquisitices? de Miss Lucy (relatado em certo momento e deste modo por Kathy), na verdade, diziam respeito a quê?



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8)
Por que a ?falta de criatividade? de Tommy foi um ponto de certo modo destacado na época de Hailsham? Debata as hipóteses que pensar serem possíveis.



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9)
Quais as finalidades ou sentidos da arte para os professores da escola Hailsham e, em particular, para Tommy em "Não me Abandone Jamais"?
Madame tentou provar aos cientistas que eles eram dotados de sentimentos e, por isso, mereciam viver e não pagar com suas vidas a salvação de outras. Por isso, Hailsham desenvolvia um projeto com artes. Mensalmente Madame aparecia na escola para coletar os melhores trabalhos artísticos que fariam parte de sua galeria de arte. Na verdade, Madame desejava provar aos cientistas que se os clones eram capazes de revelar seu interior por meio da arte, isso significava que tinham sentimentos e, por esse motivo, tinham direito de optar pela não doação. Embora Madame e Miss Emily desejassem um destino digno para os clones, apenas Lucy teve coragem de alertar os jovens sobre o futuro ao afirmar que não tinham entendido de fato o que ocorreria a eles em breve e que era preocupante o fato de se darem por satisfeitos com o pouco que lhes foi revelado. Durante uma de suas aulas, Lucy enfaticamente desabafa, antes de abandonar Hailsham: Se vocês querem ter uma vida decente, então é preciso que saibam, e que saibam direitinho. Nenhum de vocês irá para os Estados Unidos, nenhum de vocês será ator de cinema. E nenhum de vocês irá trabalhar em supermercados, como ouvi alguns planejando outro dia. Suas vidas já foram mapeadas. Vocês se tornarão adultos e, antes de ficarem velhos, antes mesmo de entrarem na meia-idade, começarão a doar órgãos vitais. Foi para isso que todos vocês oram criados. Vocês não são como atores que veem nos vídeos, não são nem mesmo como eu. Vocês foram trazidos a este mundo com um fim, e o futuro de vocês, de todos vocês, já está decidido [...] Se querem uma vida descente, é precisam que saibam quem são e o que os espera no futuro (ISHIGURO, 2005, p.102-3).


________________________________________
10)
Kathy, acreditamos, fez um movimento pendular, este a oscilar entre a desmitificação e a idealização sobre sua vida... Como ela operou este movimento pendular inquisitório?




Cinara... 24/01/2023

Lento, cansativo, e apático...
"Quer dizer que não existe a menor possibilidade de nada. Nada de adiantamento, nada de nada."

Nada define melhor o livro do que sua própria frase, nada...
Nem as digressões de Victor Hugo sobre as batalhas em os Miseráveis foram tão paradas, monótonas, massantes e chatas igual este livro... ( E olha que elas não são fáceis de encarar...) São 350 páginas de detalhes completamente esquecíveis para falar sobre doação de órgãos, vidas que valem menos ou mais, limites da ciência, clones, etc, etc, pontos chaves que passam longe do foco de quem fica páginas e mais páginas lendo sobre detalhes da amizade de crianças e adolescentes que tem relacionamentos normais de adolescentes... Nada acontece. A não ser esperar e esperar pela hora de doar órgãos e fim.
Não me cativou nenhum personagem, não sofri pelo sofrimento deles, se o ponto seria a apatia da sociedade sobre certos problemas, me vi inserida no mundo apático e sem sentimentos.
Só me restou a canseira de ler um livro que se espera, espera, espera e nada.
O autor trabalha memórias e lembranças de uma forma muito lenta, já ouvi falar que em o Gigante Enterrado ele usa essa mesma narrativa cansativa de memórias e isso me desanima muito.
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Eduardo 13/11/2022

A cultura do conformismo
Comecei a ler este livro por causa da UERJ que escolheu o título para a redação. Não entendi o porquê da escolha, mas creio que mesmo tendo algumas características do gênero ficção-científica, pode-se fazer comparações com a nossa sociedade atual.

A obra de Kazuo traz história narrada pela personagem Kath que é uma ?cuidadora de doadores?, a qual relembra seus tempos de infância e adolescência com os melhores amigos Tommy e Ruth. Todos foram criados juntos em uma espécie de orfanato, onde eram preparados para um determinado objetivo.

A dinâmica entre os três vai passando pela ingenuidade, raiva, amizade, descobrimentos, inveja, passividade e perdão.

A história é triste e melancólica, adianto, pois os personagens vivem em uma distopia que, diferente de outras, os eles são resignados à realidade em que vivem. Tirando alguns sobressaltos de alguns personagens, não há uma tentativa de se rebelar contra o sistema.

Fica-se a questão da cultura que predomina na vida tanto dos personagens como a nossa, a qual naturalizamos acontecimentos que não deveríamos ou que não temos nenhuma reação àquilo que nos oprime. Mesmo sem perceber, contribuímos para um sistema que muitas vezes favorece poucos. Profunda reflexão.
edu basílio 13/11/2022minha estante
muito bacana seu comentário =) não sei se é seu primeiro do autor, mas eu acho "o gigante enterrado" e "os vestígios do dia" os seus dois 'chefs-d??uvre'. os mais recente, "klara e o sol", é super denso e há quem identifique similaridades com "não me abandone jamais"... enfim, sou suspeito, gosto demais de ishiguro! :-)


Eduardo 14/11/2022minha estante
É o meu primeiro do autor. Gostei muito da escrita. Fiquei instigado o tempo todo e lerei os outros do Kazuo. Obrigado pelo comentário;-)


Amadeu.Rebouças 24/11/2022minha estante
Amo esse livro.




Maria17758 10/08/2023

Meio chocho
Com uma temática tão boa como essa (sem entrar em detalhes porque qualquer coisa que eu disser é spoiler), esse livro tinha muito potencial e solo pra caminhar por várias direções e abordar vários pensamentos e filosofias, mas ele propositalmente se nega a fazer tudo isso e fica só no superficial, abordando apenas a rotina super monótona dos personagens nada carismáticos. Entendo o por quê de o autor ter optado por não se aprofundar nas questões que poderiam ser abordadas, mas discordo muito dele.
A impressão que eu tive foi que o livro andou e andou (e aaaaandoooou) e não foi para lugar nenhum, e isso tendo uma temática que poderia (e deveria) chegar em tantos lugares e conclusões? Enfim, já estava impaciente para o desfecho e fiquei bem frustada.
A única parte que significou algo para mim foi uma cena, ao final do livro, em que a protagonista tem uma conversa com outra personagem a respeito de um acontecimento passado entre as duas e cada uma das. interpretações que elas tiveram sobre ele. Uma cena belíssima e forte em meio a 400 páginas de nadas.
camphalfblood 10/08/2023minha estante
eitaa esse tá na minha lista


Maria17758 10/08/2023minha estante
ai amg ? eu tinha certeza que eu ia gostar, mesmo uma amiga minha já tendo lido e não tendo gostado muito, mas não rolou? não achei ruim, mas acho que faltou muito, sabe?? mas não se deixa levar pela minha opinião não, vai que você goste!!


maria 13/08/2023minha estante
amo as suas resenhas!!! me entretenho muito com você macetando o livro ou super elogiando


Maria17758 14/08/2023minha estante
ai que fofaaa!! muito obrigada amg fico feliz de ler isso ??


valeria.kasper 03/12/2023minha estante
não poderia concordar mais!




Gustavo Kamenach 06/09/2021

Um sci-fi e vários nós na garganta
Antes de mais nada, sugiro para aqueles que não se incomodam em ler e ouvir música ao mesmo tempo, procurem no YouTube por Judy Bridgewater - Never Let me Go e a reproduzam nos momentos da leitura em que vocês começarem a sentir uma pontinha de emoção que seja, certamente vai potencializá-la, recomendo no momento em que a música e sua fita são citadas pela primeira vez e também nos momentos finais da terceira parte.
Gostei bastante da história por unir um tema tão polêmico da ciência e suas possíveis implicações com um enredo emotivo. Em alguns momentos, o ritmo fica um pouco lento, mas o final será recompensador para quem teve empatia com toda a situação das personagens. Certamente vou procurar outras obras do Kazuo Ishiguro!
Correio.Mataverdense 11/02/2022minha estante
1)
Quem abandonou quem ao longo do livro?



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2)
A clonagem das pessoas no livro exposta (com relativo tempo de eficácia e alcance) e o tempo real de vida fora do livro: diferenças, semelhanças... Desenvolva considerações a respeito.
Os clones, produzidos com a única finalidade de servir de peças de reposição. Assim que atingirem a idade adulta, e depois de cumprido um período como cuidadores, todos terão o mesmo destino ? doar seus órgãos até ?concluir?.
Embora à primeira vista pareça pertencer ao terreno da ficção científica, o livro de Ishiguro lança mão desses ?doadores?, em tudo e por tudo idênticos a nós, para falar da existência. Pela voz ingênua e contida de Kathy, somos conduzidos até o terreno pantanoso da solidão e da desilusão onde, vez por outra, nos sentimos prestes a atolar.?



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3)
Você acredita que o amor ou a paixão entre Tommy e Kathy ? não que não houvera interesses pretéritos entre o casal ? em face da notícia do adiamento, deu-se justamente motivado por ele? Desenvolva...



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4)
Hailsham parece ter sido fechada, desaparecida, até restar somente uma lembrança dela. Quais as correlações que podem ser feitas entre essa desconstrução da instituição e a vida que se prosseguiu para os ex-alunos de Hailsham? Ou, ainda, podendo-se se concentrar nessa última proposta: ? qual o sentido que o fechamento ou o desaparecimento de Hailsham pode ter para todo o enredo?



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5)
Como o mecanismo do ?adiamento?, no livro expresso, era em verdade? Mais uma porta para a melancolia tão bem desenhada por Ishiguro?



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6)
Qual a analogia que você faz entre a sociedade atual e a ?utilidade? das crianças de Hailsham?



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7)
As ?esquisitices? de Miss Lucy (relatado em certo momento e deste modo por Kathy), na verdade, diziam respeito a quê?



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8)
Por que a ?falta de criatividade? de Tommy foi um ponto de certo modo destacado na época de Hailsham? Debata as hipóteses que pensar serem possíveis.



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9)
Quais as finalidades ou sentidos da arte para os professores da escola Hailsham e, em particular, para Tommy em "Não me Abandone Jamais"?
Madame tentou provar aos cientistas que eles eram dotados de sentimentos e, por isso, mereciam viver e não pagar com suas vidas a salvação de outras. Por isso, Hailsham desenvolvia um projeto com artes. Mensalmente Madame aparecia na escola para coletar os melhores trabalhos artísticos que fariam parte de sua galeria de arte. Na verdade, Madame desejava provar aos cientistas que se os clones eram capazes de revelar seu interior por meio da arte, isso significava que tinham sentimentos e, por esse motivo, tinham direito de optar pela não doação. Embora Madame e Miss Emily desejassem um destino digno para os clones, apenas Lucy teve coragem de alertar os jovens sobre o futuro ao afirmar que não tinham entendido de fato o que ocorreria a eles em breve e que era preocupante o fato de se darem por satisfeitos com o pouco que lhes foi revelado. Durante uma de suas aulas, Lucy enfaticamente desabafa, antes de abandonar Hailsham: Se vocês querem ter uma vida decente, então é preciso que saibam, e que saibam direitinho. Nenhum de vocês irá para os Estados Unidos, nenhum de vocês será ator de cinema. E nenhum de vocês irá trabalhar em supermercados, como ouvi alguns planejando outro dia. Suas vidas já foram mapeadas. Vocês se tornarão adultos e, antes de ficarem velhos, antes mesmo de entrarem na meia-idade, começarão a doar órgãos vitais. Foi para isso que todos vocês oram criados. Vocês não são como atores que veem nos vídeos, não são nem mesmo como eu. Vocês foram trazidos a este mundo com um fim, e o futuro de vocês, de todos vocês, já está decidido [...] Se querem uma vida descente, é precisam que saibam quem são e o que os espera no futuro (ISHIGURO, 2005, p.102-3).


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10)
Kathy, acreditamos, fez um movimento pendular, este a oscilar entre a desmitificação e a idealização sobre sua vida... Como ela operou este movimento pendular inquisitório?




Mara Flores 16/07/2020

Numa Inglaterra distópica dos anos 90, Kathy trabalha como cuidadora. Nessa atividade, ela reencontra amigos de infância que se tornaram doadores de órgãos e relembra com eles os momentos (tanto bons quanto ruins) das suas vidas.

Kathy, Ruth e Tommy são amigos que faziam parte de um mesmo grupo de crianças que cresceram em uma instituição escolar. Sem pais e sem familiares, também não encontraram nos seus professores, únicas pessoas a acompanhá-los pela vida, nenhuma resposta para a sua existência. Assim, restou somente o laço de amor e de amizade construído entre eles como algo a se apegar, como um sentido para viver.

Ao longo da história, os personagens percebem que a verdade sobre o destino deles talvez nunca tenha sido realmente escondida, mas apenas evitada. Afinal, de que serviria refletir sobre algo que não poderia ser mudado?

O drama vivido pelos personagens mostra a necessidade da busca por respostas, a inevitabilidade do destino e também as limitações éticas ou morais do ser humano para alcançar a sua própria imortalidade à custa da vida de outros.

A história é interessante, mas não consegui me conectar com os personagens, embora tenha acompanhado seus dramas desde a infância. Talvez o fatalismo da história tenha me incomodado um pouco.
comentários(0)comente



Evy 07/05/2018

NUNCA MAIS ESQUECI!
"Quando a vi dançando aquele dia, enxerguei uma outra coisa. Enxerguei um novo mundo chegando muito rápido. Mais científico, mais eficiente, é verdade. Mais cura para as velhas doenças. Muito bem. Mas um mundo duro, um mundo cruel. E vi uma menina novinha, de olhos bem fechados segurando no colo o mundo antigo e bom de antes, o mundo que ela sabia, lá no fundo, que não poderia continuar existindo, e ela segurando esse mundo no colo e pedindo pra ele não deixa-la partir… Aquela cena me partiu o coração. Nunca mais esqueci”.

Eu vi o filme primeiro. Em 2010. Assim que foi lançado. Lembro de ter ficado olhando pra parede uns bons minutos depois que o filme acabou sem saber o que fazer. Sem saber como é que se vive depois daquilo, de verdade. Uma cena, específica do filme, e juro que não é spoiler, pode ler: estrada vazia, faróis ligados, Tommy desce do carro vai até a frente dos faróis e começa a berrar e berrar até que cai no chão e Kathy desce do carro e o abraça. Foi aí, nesse ponto que eu perdi minha alma. Eu sei que está parecendo dramático, mas é. É mesmo. O assunto é sério, é dramático, é atual e distópico ao mesmo tempo. Ele traz a tona muitos questionamentos e reflexões. E medos. O filme abriu um buraco que eu tinha que preencher com a leitura do livro que ainda não tinha no Brasil. Mas eu PRECISAVA DELE.

Quando finalmente consegui ler, me apaixonei ainda mais pelo tema e pela história. Se eu já tinha gostado do filme, o livro era (que surpresa, né gente? rs) ainda melhor. A escrita de Kazuo é delicada e começa tão branda, tão tranquila como um diário de memórias de Kathy H. e você vai se apaixonando por ela, pela forma como ela vai se lembrando dos dias no instituto, da amizade, de Tommy, das relações, dos professores, das sensações. É como uma amiga que você faz ao longo da leitura, que te dá a mão e vai te levando por um passeio tranquilo e você vai se deixando levar.

Ao longo da leitura aparecem algumas palavras como doador, cuidadora e você fica se perguntando o que seriam exatamente essas coisas, mas a verdade chega de mansinho e acho que é isso que impacta ainda mais. Você não está preparado pra verdade quando ela chega. E é um soco no estômago, como diria tão bem Clarice Lispector (sobre outro assunto, mas cabe bem aqui).

Certeza de que estão apaixonados? E como é que você sabe disso? Então acha que o amor é coisa assim tão simples?”.

Quando você descobre o que é ser um doador, uma cuidadora, já é tarde demais. Você se envolveu tanto na narrativa, com os personagens, que não tem mais jeito de voltar atrás. E a agonia também é sua, aliás, mais sua. A apatia geral te dá desespero e você se vê querendo entrar lá e chacoalhar aquele mundo de pessoas que no fundo não querem ser chacoalhadas, que aceitaram de uma forma ou de outra um sistema tão bem amarrado, tão bem planejado que não há uma forma de escapar… Nem vontade.

Eu sei que o que estou escrevendo parece confuso, mas não posso escrever mais que isso sem sem estragar a experiência literária de quem for ler esse livro pela primeira vez. É, falando bem basicamente, uma história de amor e perdas, com um plano de fundo digno de uma ficção científica e uma distopia capaz de remexer com tudo dentro de você! A narrativa é misteriosa, você sente que algo precisa e vai ser revelado, mas nada te prepara o suficiente para a verdade.

É como passar diante de um espelho pelo qual passamos todos os dias de nossas vidas e de repente perceber que ele reflete outra coisa, uma coisa estranha e perturbadora”.

Os próprios protagonistas só entendem completamente o que lhes acontece quando não há mais como voltar atrás. Qual o motivo de viverem no internato? Como foram escolhidos pra isso? O que o futuro guarda pra eles? Tudo isso vai ser respondido na narrativa extremamente bem construída de Ishiguro até a ultima página.

Fico na esperança de passar pra vocês o quanto esse livro me tocou, como pessoa. As sensações e reflexões que ele me trouxe como ser humano. O quanto isso não é tão distante de realidades que já vivenciamos em nosso planeta de outras formas, mas que estão aí e não enxergamos. Também estamos apáticos. E como eu adoro esse tipo de livro/filme que nos tira da zona de conforto e balança tudo que a gente tem por dentro!

Porque em algum lugar, lá no fundo, uma parte de nós permaneceu igual: receosos do mundo em volta e — por mais que nos envergonhássemos disso — incapazes de deixar o outro partir de uma vez por todas".

SUPER recomendo a leitura!


Victoria591 19/08/2020minha estante
Lembro de ter assistido o filme alguns anos atrás e me deixou com esse mesmo sentimento. Por ser marcante, nunca esqueci e quando soube do livro fiquei com vontade e por algum motivo acabei nunca lendo, mas agora com essa sua resenha maravilhosa entrou para a minha tbr. Obrigada! Foram belas palavras escolhidas e me proporcionou a lembrança do misto de sentimentos que senti ao assistir o filme pela primeira vez.


Evy 20/08/2020minha estante
Que lindo seu comentário!! Fico muito feliz de incentivar a leitura com minhas palavras!! Eu que agradeço você por me falar!! Depois me conte o que achou :)




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