Isabella @epilogo.literatura 13/11/2019CrisálidaUm ótimo romance policial brasileiro! Crisálida aborda infelizes assuntos corriqueiros da nossa realidade, como o machismo, a homofobia, a corrupção e o conservadorismo religioso, dentro de uma trama muito bem amarrada.
Amélia Moura, filha de um deputado estadual conservador religioso de Curitiba, é a ovelha negra da família. Ao contrário do desejo dos pais, a jovem é uma professora de Literatura que saiu de casa para dividir um apartamento com uma colega de trabalho de seu noivo. Quando Amélia some sem nenhuma explicação, a família e a polícia consideram como um caso de fuga e a investigação é arquivada.
Semanas depois, no entanto, depois de chuvas fortes, o corpo de Amélia é desenterrado encontrado com marcas de estrangulamento, indicando uma morte violenta e com grande carga emocional. A pressão, principalmente midiática, sobre o caso que foi precocemente arquivado, aumenta consideravelmente. As suspeitas recaem principalmente sobre o noivo, o jovem e bem sucedido empresário Rafael Salvatori.
O peso da influência da família de Amélia afetam as investigações, e “a culpa” do arquivamento deve cair sobre alguém. A delegada responsável, Ana Cervinsky, é então afastada do caso. Porém a estranheza do caso e a falta de iniciativa dos novos responsáveis pela investigação, fazem com que Ana, junto com o policial Júlio Bragatti, trace uma investigação paralela.
O livro é construído através de duas narrativas: na primeira, narrada em terceira pessoa, acompanhamos a investigação por parte delegada Ana e do policial Júlio. Na segunda temos o relato da própria Amélia, dias antes do seu desaparecimento, narrando em primeira pessoa o que aconteceu consigo.
É agoniante e satisfatório ver o desenvolvimento de Amélia. O nome do livro tem relação direta com o amadurecimento e construção da personagem, fazendo com que nós, leitores, desejássemos que de alguma forma o seu final fosse diferente do que já sabíamos: o assassinato. Fruto de seu meio, a jovem luta para se enquadrar em uma vida social perfeita, mas, ao mesmo tempo, vai se descobrindo como uma pessoa totalmente diferente. É, também, triste reconhecer todos os problemas criticados no livro como algo extremamente real e parte do nosso dia a dia.
Com final surpreendente, Crisálida é um ótimo representante do gênero policial e sem dúvida, vale a pena a leitura!