Resenhas - Jesusalém

Larissa 28/08/2020

diferente
Foi o meu primeiro romance de Mia Couto. Passei ua graduação em Letras inteira com colegas a mencioná-lo como se fosse o novo autor meiguinho africano e professores de literatura a ignorá-lo inteiramente.
Não leia se for só pela trama do livro, porque vai se decepcionar e alguns capítulos são longos sem contar muito em si. É um livro para apreciar a linguagem do autor. Ela é bastante distinta do que já li da literatura em língua portuguesa até agora e em certos trechos é basicamente prosa poética.
O livro é narrado por Mwanito (significa menininho em uma língua local), exceto por um narrado por Marta e outro que é a transcrição de uma carta dela a Mwanito. Há o irmão Ntunzi, o pai Silvestre, o amigo e ajudante deste Zacaria, a jumenta Jezibela, o tio Aproximado e a namorada dele, Nori. A menção a uma personagem ausente (por já ter morrido) perfaz todo o caminho da narrativa e basicamente é o que a move - trata-se da mãe, de nome-menos-sugestivo-impossível, Dordalma. Dordalma e o que aconteceu a ela foi a causa-mor de Jesusalém.
Achei meio aleatório a personagem portuguesa na história. Talvez não tenha entendido ainda inteiramente a proposta do livro e desconheça quase integralmente a cultura, sociedade e história moçambicana.

Raissa.Salgado 28/05/2019

Antes dos nascer do mundo
A morte de uma alma, leva ao nascimento de um mundo. Mundo este que tb já está morto, antes mesmo de ter nascido. Talvez nem Silvestre Vitalício tenha tido a chance de nascer, mas curiosamente, se sentia vivo a cada novo silêncio, afinado por Mwanito. Não é possível saber quem de fato está morto, pois o que realmente importa é, quem será o agraciado com o dom da vida, em uma terra que nem mesmo Deus costuma visitar.

Marselle Urman 30/08/2017

Severo
Livro difícil de resenhar...É uma leitura diferente, incômoda, alienígena. Parece que se passa em outro tempo, sem que na verdade seja assim.
Muito bom.
Os habitantes de Jesusalém, caso à parte. Mais complexo e interessante, achei Ntunzi. Apesar da doçura da alma de Mwanito.
A poesia do diário de Marta é linda.
E, sempre, pobres fêmeas, as vitimadas.

Pobre Marta, pobre Noci, pobre Jezebela! E acima de todas, pobre Dordalma.

Ritmo diferente, mundo diferente, muito interessante.

SP, 30/08/2017