spoiler visualizarjes 19/05/2024
Uma das lições que tirei desse livro foi o perigo de tentarmos fugir do impossível, daquilo que não temos controle, e de valorizarmos exacerbadamente coisas passageiras.
No início do livro, Dorian tem acesso a uma nova perspectiva sobre a Beleza trazida por Henry. Este elogia a Beleza de Dorian e enfatiza como a juventude é o que o homem tem de mais importante, independente de sua essência interior: desde que seja Belo, você será amado por todos. Com isso, Dorian passa a temer o envelhecimento, que degradaria sua maior qualidade.
Partindo disso, vemos ao longo do livro como Dorian se torna alguém desprezível, que não valoriza nada além daquilo que é Belo. Contraditoriamente, ao mesmo tempo que se deleita com sua eterna juventude, Dorian teme mais que tudo o encontro com sua alma - que sabe que não é tão Bela - e que é expressa nas transformações de seu retrato. No final, não suportando mais o peso de quem se tornou, Dorian põe um fim no retrato, em um movimento de aceitação do "eu".
Tendo em vista a sociedade atual e os padrões estéticos disseminados nas redes sociais acho uma leitura super válida para repensar a nossa relação com o Belo. A beleza de alguém não vem apenas do exterior: esta é válida, claro, porém é passageira, o que torna prejudicial atribuir a ela todo o valor de algo. Também, ao tentar ver a Beleza como algo essencial, negamos as outras facetas que compõe a existência humana: as falhas, os desejos, os defeitos. E de tanto tentar negar aquilo que faz parte de nós, uma hora isso eclode, seja em más ações, seja num ato de suicídio.