Gabriel 11/06/2024
O Retrato de Dorian Gray
O Retrato de Dorian Gray foi lançado no ano de 1890 pelo autor irlandês Oscar Wilde, sendo considerado um dos grandes clássicos da literatura gótica oitocentista e de grande influência na ficção moderna. A história retrata a vida de Dorian Gray que por conta de sua beleza se torna amigo do pintor Basil Hallward, este encantado pelo jovem, pinta um quadro, o mesmo sendo considerado o mais belo de sua carreira, mas a obra acaba se tornando uma grande maldição para o jovem, quando o Lorde Henry Wotton, através de um diálogo malicioso desperta em Dorian um mal até então adormecido.
O enredo lembra bastante outras obras que lidam com a questão do duplo como O Estranho Caso do Dr. Jekyll e Mr. Hyde (Stevenson, 1886) e Frankenstein (Shelley, 1818), entretanto, nessa história a questão não foi uma composição química ou reanimação de um corpo através da eletricidade, e sim o poder da persuasão. Logo no início, vemos como Henry consegue corromper e manipular o caráter de Dorian, provocando nele um narcisismo e egoísmo que o faz clamar para que o quadro envelhecesse e ele permanecesse para sempre jovem, aprisionando sua alma e marcando a passagem do tempo e suas perversidades. Dorian foi envenenado por Henry, por seu próprio ego, por um livro e passou a exercer a mesma influência negativa em outras pessoas que ele conhece ao decorrer da história.
Essa edição da DarkSide Books é incrível pela quantidade de extras que ela traz, como as críticas covardes que o livro recebeu na época do lançamento, levantando até um debate interessante sobre se um livro pode ser criticado a partir de critérios morais, uma coleção de poemas, um ensaio chamado “Pena, Pincel e Veneno” sobre o pintor, escritor e envenenador Thomas Griffiths Wainewright e os detalhes da vida e do julgamento de Oscar Wilde, condenado por sua homossexualidade em uma sociedade hipócrita e preconceituosa como a Inglaterra do século XIX, sendo sua obra utilizada no caso como suposta “prova” de imoralidade.
“Influenciar alguém significa entregar-lhe a alma. A pessoa não pensa seus pensamentos naturais nem arde com suas paixões naturais. Suas virtudes não lhe são reais, seus pecados, se existe tal coisa, são emprestados. Ela se torna o eco da música de outrem, ator para um papel que não lhe foi escrito. O objetivo da vida é o desenvolvimento pessoal. Para nos conscientizarmos de nossas naturezas, é para isso que cada um de nós está aqui. As pessoas temem a si mesmas nos dias de hoje, esquecem do mais importante dos deveres, aquele que cada um tem consigo mesmo.”