Victor 28/07/2020
Perfeição, parte 2
É interessante notar como o Padre Brown é a personagem menos completa e, provavelmente, a mais insossa de todos os livros e sagas que existem, conforme o próprio narrador a define várias vezes, e mesmo assim figura como a mais cativante de todas. O título, "A Sabedoria do Padre Brown", é muito propício, pois o homenzinho de preto, com suas perninhas, batina preta desgastada, com seu guarda-chuvas puído e velho chapéu clerical (figura que o distingue muito bem na terra dos ingleses, bem, em qualquer lugar, na verdade) é realmente muito sábio.
É certo que uma personagem tem apenas a sabedoria que o seu autor tem, e eis o grande ponto de Chesterton: trata-se de um homem de singular inteligência, de singular saber, e de singular sensibilidade.
O leitor já vem cativado pela personagem, pelo singular padreco, desde o primeiro livro, mas não deixa de se surpreender, e de aprender, com o padreco neste novo volume. Admira saber que o padre Brown já esteve em Chicago, e que vai para Itália sempre, ou para a Alemanha, ou particularmente para qualquer lugar em que o autor consiga levá-lo, sem motivo nenhum ou por um motivo totalmente plausível e, ainda assim, o leitor não fica realmente se perguntando como ou porquê de o padre estar lá, apenas se delicia com a história, que é, no fim das contas, perfeição.