Gisele @abducaoliteraria 19/08/2019Me aventurei às cegas dentro de uma história no qual eu não havia me habituado. Não li sinopse, nem mesmo conhecia o autor – por incrível que pareça. Simplesmente abri a primeira página e me deixar levar para dentro de um mundo confuso, caótico e cheio de monstros.
Imagine que, em determinado dia, milhares de habitantes desapareceram da Filadélfia. O mundo se transformou de forma drástica e monstros surgiram no lugar em que as pessoas estavam. Alguns anos mais tarde, descobrimos que na verdade ocorreu uma troca entre dimensões. Os monstros pertenciam a Oblivion, lugar inóspito e aterrorizante onde as pessoas que sumiram agora tentam sobreviver.
No início, o governo investiu muitos recursos para resgatar essas pessoas, mas com o tempo, tanto o investimento quanto a esperança foram se esgotando. Uma das pessoas que não pretende desistir é Nathan Cole, um cientista que visita Oblivion com frequência, afim de continuar salvando as pessoas. No entanto, essa sua postura não parece ter haver somente com heroísmo, mas motivação pessoal. A pergunta é, o que ele busca de verdade?
Oblivion Song me surpreendeu bastante por apresentar uma história madura, que retrata com muita eficiência a ambiguidade que Oblivion é e a desordem que ela causou. As primeiras páginas são confusas e você vai acompanhando através das páginas como Nathan lida com esse outro mundo caótico e ao mesmo tempo extremamente silencioso.
A história também lida com as consequências que essa transição ocasionou, tanto nas pessoas que foram transportadas, quanto nas que continuaram na Filadélfia. Luto, sequelas e traumas são retratados com muita intensidade pelos personagens no decorrer da história.
E se você não entendeu a observação sobre o autor, no qual eu citei que ainda não o conhecia, é porque Robert Kirkman é nada mais e nada menos do que o criador de The Walking Dead. Imagine a minha surpresa quando descobri isso? Foi logo após finalizar a leitura. Então qualquer semelhança que você perceber entre as duas histórias não será mera coincidência.
Saquei que o seu forte é apresentar cenários pós-apocalípticos e personagens cinzas. E se o mundo foi o que mais me surpreendeu, os personagens não ficaram muito atrás. Eles são incrivelmente reais, tanto na personalidade quanto nos traços das ilustrações.
Falando nelas, além de me surpreender com as figuras dos personagens, que não é realista propriamente dito, mas exibem pessoas extremamente comuns, que você vê no dia a dia. Além disso, Lorenzo De Felici e Annalisa Leoni dão um show à parte no retrato caótico de Oblivion, onde tudo é muito confuso e ao mesmo tempo instigante.
Sinto que este início de série foi muito breve, somente para aguçar a nossa curiosidade diante de uma história que se mostrará vasta e muito complexa. Terminei de ler querendo saber mais sobre Oblivion e as pessoas que ainda sobrevivem por lá. Mais do que isso, fiquei curiosa para entender se existe mais dimensões além dela.
Como vocês podem perceber, o primeiro quadrinho de Oblivion Song cumpriu muito bem seu papel. Ele despertou a minha curiosidade principalmente no que diz respeito a Oblivion e suas criaturas bizarras. Apesar de achar os personagens complexos e reais, ainda não me conectei muito a eles, mas espero que isso mude no decorrer da série. Para quem gosta de histórias cinzentas e cenários pós-apocalípticos, eis aqui uma recomendação.
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