Anderson 24/12/2023
Ivanhoé (Ivanhoe), cujo primeiro nome é Wilfrid, foi chamado por Lukács de herói medíocre. Ao lermos o romance de Scott, não há dúvidas de que a fama é merecida. O suposto protagonista participa ativamente, nesta novela de cavalaria, de duas ocasiões em que deve demonstrar sua valentia e força. Na primeira, prestes a sucumbir, é salvo por um misterioso Cavaleiro Negro. Em uma segunda oportunidade, seu adversário, mesmo tendo sido atingido por sua lança, cai fulminado pela providência.
Se não prestarmos atenção ao personagem que intitula a obra, como o seu autor o fez, temos um livro que vai nos prender do início ao fim. Além das aventuras, podemos ver no livro questões que constituíram capítulos importantes da história, como o domínio normando na Inglaterra, os Templários e o fanatismo e misticismo religiosos da Idade Média, o preconceito e a perseguição aos judeus. Ainda que feito para divertir, como boa parte dos livros, pode contribuir com algo mais, sobretudo em relação a reflexões sobre como evoluímos como sociedade e humanidade. Será que o excerto do texto abaixo é tão chocante assim nos dias atuais? Não é o mesmo que ainda hoje vivenciamos, talvez mudando/acrescentando algumas personagens?:
"(...) Quanto ao cristianismo, tens aqui o bravo Reginald Front-de-Boeuf, que odeia os judeus; e o bom Cavaleiro Templário Brian de Bois-Guilbert, cuja profissão é assassinar os sarracenos. Se essas não são boas provas de cristianismo, não sei quais outras atribuir-lhes." (p. 266)