Mariana Dal Chico 13/11/2019“O mundo da Escrita” de Martin Puchner foi publicado no Brasil pela Companhia das Letras que me enviou um exemplar de cortesia.
O autor leva o leitor por diversos cantos do mundo para contar a origem da escrita, que foi inventada ao menos duas vezes em lugares diferentes. Na introdução ele avisa que “os protagonistas mais importantes da história da literatura não são necessariamente autores profissionais”.
Para fins didáticos, Puchner divide a história da literatura em 4 etapas:
1 - pequenos grupos de escribas que dominavam sozinhos os sistemas de escrita e controlavam os textos.
2 - professores carismáticos que influenciaram sacerdotes e escribas que desenvolveram novos estilos de escrita.
3 - surgimento de autores individuais mais ousados com novos tipos de literatura.
4 - uso generalizado do papel e imprensa, popularizando a literatura.
O autor escolheu algumas obras para ilustrar momentos chaves da história da literatura, como “Ilíada”, “A Epopéia de Gilgamesh”, “Romance de Genji”, “O livro das mil e uma noites”, “Popo Vuh”, “Dom Quixote”, “Manifesto do Partido Comunista”, “A epopeia de Sundiata”.
A literatura como símbolo de poder e autoridade vem desde sua concepção, poucos podiam compreendê-la. Mas com o surgimento da imprensa, papel mais barato, literatura voltada para o povo, a disponibilidade do livro cresceu, gerando na população o desejo de alfabetização, que aumentou a procura por livros, gerando um ciclo que difundiu a escrita e leitura.
A queima de livros com a finalidade de restringir conhecimento é uma prática antiga, que se repete ao longo dos anos. Ainda hoje temos ecos dessa prática e, se os livros não são literalmente queimados, muitos recebem o status de “proibido”.
Atualmente estamos vivendo uma nova revolução na literatura onde novas formas de produzir, consumir e distribuir literatura estão surgindo.
O livro é repleto de informações interessantes, mas a narrativa do autor me incomodou em diversos momentos. Ele coloca suas experiências pessoais com frequência em primeiro plano e essa prática cresce principalmente a partir do capítulo 11, onde ele foca mais no relato de suas viagens do que na história da escrita/literatura em si.
Foi uma experiência incrível, aprendi muita coisa e recomendo a leitura para todos e não apenas para amantes da literatura. Apenas tenha em mente que esse não é um livro de não-ficção imparcial.
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