Ingrid 09/03/2015
Seu Sherlock é melhor que o meu?
Nem todo mundo sabe mais o Jô Soares escreveu e publicou sete livros. O quarto desses livros foi O Xangô de Baker Street.
Quem viu a minha Bookshelf Tour sabe que eu comprei esse livro a muito (muito, muito) tempo. Eu comecei a ler assim que comprei mas depois de algumas poucas paginas decidi que eu devia ler algum Sherlock primeiro, pra não ficar totalmente perdida. (e não, não dava só pra ver os filmes do Robert Downey Jr. por que nenhum deles tinha sido lançado ainda.) Então eu fui adiando essa leitura até que o último sábado.
Neste livro o detetive Sherlock Holmes vem ao Brasil convidado por Dom Pedro II para resolver o caso do roubo de um violino raro que acaba sendo relacionado a uma serie de assassinatos. Na primeira parte da história o autor introduz uma enorme lista de personagens secundários e se você já leu pelo menos um romance policial na vida (ou já viu CSI) sabe o que isso quer dizer, o assassino está entre eles, mas se você não se lembrar de todos eles lá pela terceira parte da história não se preocupe, nenhum deles faz alguma contribuição para a história, a não ser pelo assassino é claro. O personagem Sherlock não fica muito atrás, descrito de maneira extremamente caricata na intenção de transformar o detetive em um personagem cômico o autor o coloca em situações que não fazem o menor sentido como, por exemplo no momento em que ele visita o Imperador e derruba sem perceber vários objetos de valor, piadas batidas como a combinação feijoada + vatapá = disenteria, e os vários erros bizarros de dedução cometidos por toda a história que transformam o detetive em uma pessoa particularmente obtusa e me fizeram pensar "como uma criatura dessas pode algum dia ter desvendado algum mistério por mais simples que fosse?" Não que resolver o mistério esteja na lista de prioridades do personagem (ou do autor), usando o estereotipo de que basta vir pro Brasil pra virar malandro Sherlock passa seus dias frequentando as festas da alta roda, fumando maconha e tentando entrar debaixo da saia de uma mulata.
O desfecho não é nada surpreendente, não por que a identidade do assassino fica clara para o leitor antes do final mas por que as motivações são tão desinteressantes, o significado das pistas deixadas são tão ridículos que você simplesmente não se importa. O livro falha como romance policial e também como humor.
O livro foi publicado em 1995, o meu exemplar é a terceira impressão desse mesmo ano e tem no inicio um mapa do Rio de Janeiro do fim do século XIX e reportagens fictícias de jornais da época.
Em 2001 o Xangô ganhou uma adaptação para o cinema que eu me recuso a ver.
Como vocês podem ter notado esse não foi o livro que eu mais gostei na vida mesmo assim, nenhuma leitura é totalmente inútil, ou pelo menos é nisso que eu estou me agarrando.
Até!
Obs: Tenho amigas que escrevem fanfictions crossovers melhores do que esta.
site: http://torradascomcha.blogspot.com.br/