Questão de ênfase

Questão de ênfase Susan Sontag




Resenhas - Questão de Ênfase


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João 29/11/2022

Porque tudo existe para ser questionado
Nesta coletânea de ensaios, Susan Sontag
apresenta-se como crítica de cultura em excelente forma nos textos que datam de 1983 a 2001 (poucos anos antes de sua morte), agrupados em 3 sessões, sem cronologia definida.

A primeira sessão, intitulada LER, reune textos
sobre escritores e livros com uma intimidade com as obras que cativa até os leitores menos familiarizados, ao tratar de aspectos dessas obras que transpõem a leitura do texto, o que introduz uma nova leva de autores interessantes para nossa infinita lista de objetivos literários. O Ensaio de abertura, por exemplo, que é sobre prosa poética, apresenta a obra de Tsvetaieva através de uma discussão da relação da prosa e da poesia na literatura através do tempo.

A surpreendente segunda parte, de nome VER, é onde a autora talvez desponte mais, tratando de aspectos eruditos das artes visuais com uma naturalidade que faz parecer sem estorço as inúmeras observações que faz de espetáculos de ópera, coreografia, concertos, cinema e teatro, cada vez menos alimentemos na cultura
contemporânea. Em um ensaio sobre um pintor que eu desconhecia, pude expandir minha
percepção da arte como nunca consegui vendo pinturas familiares.

A antologia se encerra na sessão LÁ E CÁ, que reúne ensaios com caráter mais pessoal, conectando de alguma forma os interesses culturais da Sontag com o seu poder de fazer cultura, que é através da escrita.

Este é um livro que transforma o leitor aberto e curioso, expandindo interesses e provocando-o a repensar outros.
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Dani 04/11/2022

Terminei o livro no domingo de eleição do segundo turno da eleição presidencial.
Incrivelmente, nesse dia tão difícil de focar, consegui finalizar a leitura desse livro que estou lendo há quase seis meses.
Uma leitura que exigiu bastante de mim. Contudo, adorei o desafio.
O Sprint final do livro me fisgou bastante, quando a autora conta sobre a peça que dirigiu em Sarajevo, nos anos 1990.
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ricardolyra 12/10/2022

Ótimos ensaios, ainda que datados
Neste livro estão reunidos mais de 40 artigos de Sontag, que vão desde a análise da obra e escrita de Roland Barthes, Machado de Assis e Jorge Luis Borges até a experiência da autora ao produzir uma peça de Samuel Beckett em Sarajevo.
Alguns ensaios são datados, mas proféticos... Os assuntos são variados, como cinema, literatura, pintura e dança, todos bem escritos…
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Alê | @alexandrejjr 07/08/2022

A intelectual da versatilidade

Se tem uma verdade incontestável dentro das letras estadunidenses, talvez essa verdade seja esta: Susan Sontag foi a maior ensaísta cultural que os Estados Unidos tiveram no século XX.

Este “Questão de ênfase”, lançado originalmente em 2001, tem apenas três anos de distância para a sofrida morte por câncer de Sontag. Carrega, também, a dolorosa marca temporal de ser o último livro que reúne ensaios escolhidos pela autora. Se por um lado este é o livro menos marcante da verve contestadora mais inspirada de Sontag, que tem em sua obra os incontornáveis “Contra a interpretação” (1966) e “Sob o signo de Saturno” (1980), “Questão de ênfase” talvez seja o mais plural da provocadora ensaísta, aquele que contém os textos mais acessíveis tanto para estadunidenses quanto para estrangeiros.

Dividido didaticamente em três seções (“Ler”, “Ver” e “Lá e aqui”), este é um livro que mostra a versatilidade intelectual de Sontag. Na primeira seção, por exemplo, ela explora em ensaios apaixonados a grandeza de Machado de Assis, a relevância de Roland Barthes (em um dos textos mais desafiadores que já li) ou, ainda, as particularidades do romance “Pedro Páramo”, do lendário escritor mexicano Juan Rulfo, e fecha com uma conversa epistolar imaginária com Jorge Luis Borges, escrita em ocasião ao décimo aniversário da morte do maior escritor argentino que se tem notícia.

Na segunda seção, “Ver”, Sontag vai abordar as mais variadas possibilidades do olhar: artes cênicas, artes plásticas, cinema, dança contemporânea e fotografia. É nesta seção que nos deparamos com uma sofisticada análise do filme/minissérie “Berlin Alexanderplatz”, obra dirigida por Rainer Werner Fassbinder e baseada no romance homônimo de Alfred Döblin; aprendemos as peculiaridades do Bunraku, uma das quatro formas do teatro clássico japonês, que utiliza fantoches operados por três pessoas; descobrimos as camadas para além do superficial nas obras abstratas do pintor britânico Howard Hodgkin (cuja obra “Céu indiano” dá vida à capa da primeira edição deste livro); e refletimos sobre o valor da fotografia através de cinco ensaios, com destaque para as confissões íntimas da autora contidas em “Certos Mapplethorpes” sobre o polêmico e vanguardista Robert Mapplethorpe, personagem central do livro “Só garotos” de Patti Smith.

Se é verdade que a última seção talvez seja a mais fraca deste livro, Sontag mostra que até em sua fraqueza ela é indispensável. Textos como “Respostas a um questionário” e o clássico “Esperando Godot em Sarajevo" - este último um relato pormenorizado da sua experiência em dirigir a famosa peça de Samuel Beckett em plena Guerra da Bósnia, num ato de demonstrar sua crença na arte e nos direitos humanos - reforçam o impulso ético e estético de Sontag enquanto notória intelectual pública.

Susan Sontag foi uma pensadora importante no campo das Artes. Somente essa razão já bastaria para conhecer sua obra. Mas aqui vai mais uma: se a leitura de “Questão de ênfase” não for agradável, ao menos você jamais voltará a ser o mesmo depois da leitura. E isso, a possibilidade de evoluir, de agregar conhecimento, não se nega, certo?
Carolina.Gomes 07/08/2022minha estante
Nunca li Sontag?


Paloma 08/08/2022minha estante
Ainda não li nada dela, mas quero muito. Peguei uma biografia dela no sebo as poucas páginas que li já deu pra perceber o quão excepcional foi essa intelectual.


Alê | @alexandrejjr 08/08/2022minha estante
Esse é uma boa porta de entrada, Carolina;

Que massa, Paloma! Ler Sontag é tempo aproveitado!


João 08/08/2022minha estante
Confesso que to preocupado agora pra quando eu ler esse livro e tiver que pegar o ensaio do Roland Barthes


Alê | @alexandrejjr 10/08/2022minha estante
O texto não é difícil, João, mas a construção argumentativa dela exige bastante atenção.


Dani 12/08/2022minha estante
É um livro que está me desafiando bastante na mesma medida que aprendo muito, pesquisando, relendo, e buscando material complementar. Enquanto domino q primeira parte, na segunda já me vi mais em território desconhecido, veremos na terceira rsrs
Obrigada pela ótima indicação Ale!


Alê | @alexandrejjr 13/08/2022minha estante
Eu que agradeço a possibilidade de poder compartilhar experiências de uma leitura, Dani! Quando terminares, não hesite em me procurar, por favor!




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