Diego 22/05/2022
Saberes obrigatórios da boa docência
Em "Pedagogia da Autonomia" Paulo Freire continua sua proposta filosófica de uma educação inclusiva e transformadora de pessoas em sujeitos de sua própria trajetória no mundo, num "vir a ser" constante.
Nesta obra pequena porém densa (em ensinamentos e reflexões), vemos as propostas do mestre para o que considera a condição necessária do fazer educação. São tópicos muito objetivos e claros. Cada um deles "dando o papo reto" para quem queira se aventurar na carreira de professor, com lições como "ensinar exige rigor metódico", "ensinar exige ética e respeito pelo educando", "ensinar exige reflexão crítica", "ensinar exige dar o exemplo" e etc.
Vemos nesse pequeno livro a continuação do pensamento freireano -- tão bem elaborado em "Pedagogia do Oprimido", no que diz respeito à maturação de uma curiosidade ainda "inocente", a do aluno, para uma curiosidade epistemológica, metódica e crítica. Crescimento esse que será o resultado de um trabalho conjunto entre professor e educando na tentativa de aproximação com os objetos estudados que fuja da educação "tradicional", limitadora, "bancária" (que faz depósitos de informação nas cabeças alheias). Aqui Paulo Freire dirá o tempo todo que seu interesse não é treinar o operário para melhor exercer seu trabalho, mas ir além disso: FORMAR uma pessoa. Formar, que vai além do aspecto técnico, e chega no vir a ser (na questão ontológica). Forma-se alguém no seu livre pensar, no seu senso de estar e fazer no mundo. Forma-se alguém não para apertar parafusos apenas. Forma-se alguém para mudar sua realidade e a dos outros à sua volta.
A força de um pequeno livro como este é a de permanecer relevante sempre. Enquanto houver um professor nesse mundo capaz de sair da cama todo santo dia com a esperança de inspirar alguém a SER MAIS, Paulo Freire estará espiritualmente do lado desse professor.