Rodolfo Vilar 10/02/2023
?Continuando a leitura dos livros que fazem parte da Trilogia Fronteiras do Universo??
.
O bom de se ler livros com continuações é que a série ou é 8 ou 80. Falo isso porque histórias bem criadas, como é o caso dos livros de Phillip Pullman, tem um crescimento espetacular de universo, teorias, personagens e todo o seu contexto, fazendo com que o leitor se prenda a cada página, capítulo, a cada livro.
.
No segundo volume da trilogia, acompanhamos Lyra em outro mundo, que agora na companhia de Will, um jovem perseguido pela polícia local em decorrência do legado do seu pai que ainda não entende o fardo que carrega, onde ambos desbravam as fronteiras entre mundos paralelos uma vez que ambos são portadores do aletiômetro e agora da Faca Sutil, objeto surpreendente e cobiçado. Porém a história não se resume a somente isso, a somente essa perseguição por encontrar soluções ao fio da história iniciada em ?Bússola de Ouro?. Agora se percebe a física, a ciência, a religião, a teologia. Folclore e fatos factuais, o entendimento sobre bem e mal, anjos e demônios, o que é a alma. A cada vez mais Pullman desce um degrau no mistério, soltando aqui e ali as peças desse quebra cabeça para se entender qual o plano que Lorde Asriel tanto planeja.
.
Em outro plano também é possível enxergar assuntos bem delineados. A inocência das crianças que ao pouco é questionável (como por exemplo na cena em que as crianças guerreiam pela posse da faca), o descobrimento do amor juvenil (que faz também perder essa inocência), os martírios e estigmas mentais aqui são retratados na forma dos espectros, e o principal, a crítica à Igreja e a impunidade pelas suas leis. Assim como na sua fantasia, Pullman também mescla o nosso mundo ao mundo de seus livros, criando discussões que são importantes até os dias de hoje.
.
Já ansioso pela leitura do terceiro volume.