Jonatas Aron 20/01/2022
"Será que vem aí?"
"-Will, mais alto e mais divertido, como o homem disse! Ah, droga, não deixe que eles bebam suas lágrimas e desejem mais! Will, não os deixe pegar seu choro, virá-lo do avesso e usá-lo como sorriso! Eu quero me danar se vou deixar a morte usar a minha tristeza como troféu. Não lhes dê nada. Solte o esqueleto, Willy! Respire! Sopre!"
Com tons que pendem mais para uma fantasia obscura que um terror ou suspense, "Algo Sinistro vem por aí" traz em seu saldo positivo um bom enredo, se utilizando de personagens simples, mas que cativam. A escrita às vezes é meio confusa, mas leve na maior parte do tempo, com alguns momentos que chegam a ser até meio teatrais (o que orgulharia Wes Anderson). O parque de diversões funciona bem com seus mistérios e estranheza. Por outro lado, a história se perde um pouco no caminho e a batalha final deixa a desejar, sendo um pouco vaga e aleatória, ainda que com boas intenções.
Minha interpretação é que o final nos sugere levar uma vida mais leve, se permitindo rir, dançar e se divertir, mesmo quando há razões para chorar e o momento é de derrota. É também sobre se permitir parecer tolo e até mal visto em prol de fazer o que se tem vontade. Talvez seja sobre a coisa de usar os limões que a vida dá e fazer uma limonada, mas acho que também pode ser um pouco mais que isso. É sobre não deixar que alguém te abale e tire a tua paz. Se as coisas estão ruins por algum motivo, se desesperar não vai torná-las melhor. Então, que seja permitido se desligar (ou despertar) e abraçar a derrota com bons olhos. Isso, de alguma forma, já é uma vitória.