Altieres 07/01/2019
Feliz tempo velho
Alguns leitores, infelizmente, se esquecem da época em que o livro foi escrito. O Marcelo, personagem central e real do livro, utiliza sim termos que hoje soariam (seriam, na verdade), racistas, como "crioulo". Mas isso não fazia dele racista; era o que se dizia e como as pessoas se comportavam na época. Em relação aos seus relacionamentos, convenhamos que não é muito diferente de como os homens jovens de atualmente agem (que dirá naquela época); ele foi sincero em relação aos fatos e aos seus pensamentos. O livro é tocante, mostra a dor, o sofrimento e a superação de um cara comum (que tá, podemos considerar hoje meio playboy - mas que para a época não era). Alguém comentou em tom crítico que ele era comum, que não tinha nada de especial. Exatamente! Era comum; poderia seria ser qualquer um. Talvez, ou melhor, com certeza minha percepção sobre a história foi diferente por já ter lido Ainda estou Aqui, lançado recentemente e no qual o Marcelo fala do seu pai, da doença de sua mãe e cita, às vezes, seu primeiro livro. A única parte que achei um pouco arrastada é quando ele começa a falar sobre música e sobre sua dupla, mas faz parte da história dele. Vale à pena a experiência dessa leitura e o exercício da empatia.
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