Rodolfo_Domingos 26/11/2019
Um livro de gente boa
Mas não é apenas resgate de material e seleção de autores feita de forma mecânica e comercial. Os três autores, apesar de diferentes gerações (nascidos em 60, 70 e 80), andam alinhados entre si e com o Brasil dos anos 2010. Organizados de maneira bastante linear, as crônicas passam de maneira fluida por temas como vida digital, morte, amor, família e sociedade. E política, claro. Muita política. Afinal, estamos num Brasil de 2019 em que se tenta limpar a sujeira dos anos anteriores ao mesmo tempo em que outras grandes bombas e serpentinas explodem na nossa cara.
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Mas não é um livro sério (no sentido de sisudo) e, por ser crônica, permite que a gente também traga as nossas individualidades para conversar com os pensamentos dos autores.
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Gregorio, por exemplo, tem um humor que busca corroer os elementos mais corroídos, com a voz de um rapaz que mal chegou aos 30 e ainda inspira muita juventude e vontade de descobrir o mundo por tentativa e erro.
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Maria vê o mundo sob a ótica de quem já viveu bastante, viu o melhor e pior das coisas, mas mantém a esperança de um mundo melhor.
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Xico é um amigão bem brasileiro, um sujeito que é a síntese da coletividade, um produto de suas raizes, uma farofa chic.
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O resultado do livro é intrigante. O brasileiro não sabe para onde vão as coisas, mas quer que tudo dê certo. Esse é o Brasil desta década, o Brasil impresso num livro de timing ímpar. Um livro de gente boa.