Desi Gusson 30/05/2014
A Sombra Não Existe Sem A Luz
Vou tentar falar por cima do profundo amor que senti ao ler esse livro e como ele transformou algo já incrivelmente bom em espetacular. É, é nesse nível de fangirling que você está se metendo.
O mundo dos Grisha está fervendo em incerteza e medo. É tudo sombrio e ninguém mais sabe se fica ou foge, o que caracteriza traição e quem eles estão dispostos a trair. A verdade é uma só, com o golpe malfadado do Darkling os Grishas tiveram que escolher entre ele, seu líder, ou seu Rei e, de qualquer forma, acabariam com um inimigo muito inescrupuloso no final. Alina não tem esse tipo de escolha, ela só precisa seguir o conselho de Baghra e correr por sua vida. Porém como fazer isso quando a própria escuridão está te caçando?
Mais uma vez Bardugo nos traz personagens complexos e mostra outras facetas na personalidade de velhos conhecidos. Agora que Alina tem um poder palpável, ela começa a questionar seus pensamentos e de repente se vê lutando para não seguir o caminho do Darkling. Não tenho palavras pra dizer como amei a nova postura dela, tentando se adaptar ao poder e deixando a menininha para trás, que foi um ponto de irritação no primeiro livro. Já sentiram orgulho de um personagem? Pois é, senti orgulho de Alina Starkov, não ligo se você me achar doidinha por isso. De fato, cada personagem encontrou seu jeito de amadurecer.
-Mas blogueira, todo mundo mudou?
-Leitor, todo mundo, todo mundo não, mas os acontecimentos entre um livro e outro foram tão extremos que eles tinham que mudar, e ficou ótimo assim! Mudar é bom, todo mundo muda, se não mudássemos ainda seríamos organismos unicelulares no mar.
Agora uma confissão.
*Fecha as cortinas*
*Chega mais perto*
*Espia pra ver se não tem ninguém olhando*
Eu ainda amo o Darkling.
*Faz sinal pra pararem de surtar e falarem baixo*
Eu sei, eu sei, o cara é mau, sinistro e psicopata mas hes soooooooooooo hot. O Maly é ótimo, sério, é a única pessoa sã no meio daquilo ali, mas, mas droga! Deve ter a ver com os séculos se aperfeiçoando na arte de ser incrível que Maly nem pode sonhar em alcançar. Queria mais dele nesse livro. Tipo, muito mais.
Pra complicar você imaginaria que entra em cena mais um cara intrigante e cativante? Ele surge, da maneira mais inusitada possível que não vou compartilhar com vocês, mas surge. Alina encontra outro alguém profundamente interessado nela e, considerando seu último banho de água fria com a questão de confiança, ela faz o possível e impossível para deixar esse rapaz, no minimo insistente, a uma distancia segura.
A parte mais pungente para mim, mais uma vez, foram os personagens. Toda aquela nebulosidade que circulava Maly não se dissipou, foi tomando forma, o moço adotou uma postura com Alina que me pareceu bem verdadeira, mas foi difícil enxergar a real motivação para que ele resolvesse agir finalmente. Encontramos o lado mais vulnerável do Darkling, e por favor note que, em comparação ao Implacável Mode On usual dele, um lado mais vulnerável não quer dizer exatamente o que você esperaria de algo vulnerável: uma velhinha atravessando a rua? Não. Uma cesta de filhotinhos? Definitivamente não. Um dragão que acordou com o cabelo podrinho? É por aí. Não interessa o que digam, pra mim ele pode estar tão confuso com seus sentimentos por Alina quanto ela está com os dela!
Falando nela, a Conjuradora do Sol se tornou, no momento, certo a mocinha que eu queria desde o princípio. Com uma melancolia totalmente diferente daquele sentimento de miudeza, de ser constantemente menosprezada, é até belo. Não que eu goste de ver alguém sofrer, mas é que, diferente da maioria das outras mocinhas que vemos por aí, Alina tem motivo para ficar assim. Ela pode estar ou não escorregando lentamente para a loucura e não consegue nada em que se agarrar pois, de repente, ela é uma estranha para aqueles que a conheciam, ela lhes dá medo. O tempo todo pensei se foi assim com o Darkling, se começou assim pra ele também, a solidão de ser tão diferente o empurrando em direção a um caminho sem volta.
O jeito como Bardugo escreveu isso foi simplesmente fascinante.
Aliás a Leigh sai do comum tantas vezes que, quando eu achei que ela tinha feito uma coisa beeeeeem chata e previsível e todo-livro-com-mocinha-retardada-tem, ela me surpreendeu, fez um Corte na minha descrença e sambou na minha cara. Estou até agora me recuperando disso.
Sensação de abandono quando fechei o livro. Não queria sair daquele mundo, não queria tirar os personagens de mim. Vocês entendem isso, não? Não querer chegar perto de outro livro pra não tirar o gostinho que ficou daquele último, que te emocionou tanto. Mas não posso fazer isso, o lado da razão me diz que são livros demais a serem lidos pra eu me dar ao luxo de não eleger outro imediatamente. Vou aproveitar mais algumas horas observando o mundo pelos vitrais do Pequeno Palácio, Ruin and Rising, terceiro livro da trilogia (que pra mim poderia ser uma infinitologia), parece que só vai chegar na próxima vida.
Para essa e outras resenhas na íntegra, acesse o blog.
Vai lá, é legal :)
site: www.desigusson.wordpress.com