Marcos Nandi 22/02/2024
Cara, esse foi o primeiro livro do Dotô. Atenção: o primeiro. O menino só tinha 24 anos e já escreveu essa maravilha. Bom, não queria ser primo dele KK
Esse romance que é bem curtinho, é epístolar. Algo que era comum na época (li bastante livros assim do Balzac). Mas é de uma tristeza. Uma tristeza tão grande que deixa a pessoa que já é pobre, deprimida KKKK
Temos duas pessoas trocando cartas. O Makar, um funcionário público mais velho, sem sucesso e, pasmem, bem pobre. E a Varvara, uma jovem sofrida, órfã e obviamente KK pobre também.
Todos são pobres nesta obra. Ou pobre de dinheiro ou de espírito. Ou pobre de posses ou pobre de sentimentos, enfim, uma grande pobreza generalizada.
Os autores das cartas são vizinhos. E são parentes (isso demora para ser demonstrado) e é uma relação quase paternal (e achei, que às vezes incestuosa KK). Ele, por exemplo, vive gastando (mesmo sem ter dinheiro) com a jovem e dizendo o que ela pode ou não fazer. Meio abusivo, mas fazer o quê, né?.
Talvez por "sustentar" a amiga/parenta (isso vai variar ao longo do livro) ou por querer continuar sustentando, Makar se sente no direito de ditar as regras da relação. A Varvara é nitidamente depressiva. O autor trás todos da depressão e ele sabe muito bem descrever o perfil psicológico dos seus personagens.
Sobre o prefácio da tradutora: o texto é bem curto e completo, a tradutora diz que o livro foi um sucesso, levando o autor já ao estrelato. E uma coisa que já tinha percebido, que o autor faz uma "releitura" do protagonista do maravilhoso Capote de Gogol. Mas ao mesmo tempo que fez sucesso, foi alvo de críticas por ser prolixo e ainda por causa da falta de acabamento dos diálogos.