Carol 26/09/2009
Não o melhor,porém longe de ser ruim
"A Relíquia" é mais um livro em que Eça critica ferozmente a sociedade portuguesa de sua época,mas pessoalmente não o achei tão emocionante quanto "O Primo Basílio" ou "O Crime Do Padre Amaro".O problema foi que uma enorme parte do livro foi concentrada na viagem de Teodorico à Jerusalém,então passamos uma boa parte do livro lendo descrições de templos,cidades,vestimentas e costumes.Para quem gosta de descrições enormes é maravilhoso,para mim foi um pouco chato.
Quanto aos personagens,são sensacionais.Teodorico "Raposão" é tão desesperado por dinheiro que chega a assustar!Por amor ao dinheiro faz de tudo para que sua tia beata acredite em sua extrema devoção à Igreja:vai à todas as missas da cidade,emociona-se no oratório,finge que despreza "saias".Fiquei tentando imaginar a dificuldade que deve sentir uma pessoa extremamente fanfarrona para se comportar de maneira tão severa.É provável que o autor quisesse passar essa idéia de que mesmo as naturezas mais fortes curvam-se pelo dinheiro.Pode ser isso.A "titi" é daquelas beatas irritantes,que odeiam tudo o que não puderam ter na vida-nisto claramente se inclui romance.Ri bastante das orações fervorosas de Teodorico para que "a titi agora rebentasse"!Topsius era chatinho mesmo,daqueles eruditos que acreditam saber tudo.Boa companhia na viagem de nosso Raposão.Dos outros personagens pouca lembrança tenho,penso nos romances de Teodorico de uma maneira geral,assim como nos padres que faziam parte da história.O padre mais inesquecível é Negrão,mas este é assunto para o fim da história,para a reviravolta que a relíquia traz ...
Senti que neste livro tudo chegou ao extremo...a ganância,a beatitude,a erudição,a falsidade,o realismo.O estado de espírito e de sinceridade a que Teodorico chegou ao fim do livro parece uma reflexão daquilo em que o autor acreditava,como se aquela posição em relação à vida fosse do próprio Eça.Bom trabalho!