Paula 10/07/2012Aquilo que nem a Guerra pode apagarNão sabia o que esperar de "Um hotel na esquina do tempo" e talvez por isso tenha me surpreendido tão positivamente na minha leitura.
O romance é ambientado no período da 2ª Guerra e se passa, na maior parte, em Seattle (EUA), onde podemos acompanhar o dia a dia de Henry e Keiko. O menino de 12 anos é americano de origem chinesa, vindo de uma família tradicional e nacionalista. Keiko é nipo-americana, mas não possui muitas ligações com o Japão pelo fato de ter nascido nos EUA. Além da guerra sino-japonesa de 1937, japoneses e chineses eram rivais na 2ª Guerra, na qual um fazia parte do eixo e o outro era aliado. Com esse plano de fundo, temos um ambiente nada propício para o surgimento de um romance entre duas etnias até então muito similares.
Pois bem, Henry se torna melhor amigo de Keiko e os dois se veem envolvidos e ligados pela discriminação que ambos sofrem em território americano.
A narrativa é leve e rápida, já que os capítulos se alternam entre passado e presente, mostrando-nos um Henry adulto e descrente que se contrasta com uma criança extremamente doce e surpreendentemente sensitiva e corajosa.
Para não desfazer o encanto que o leitor possa ter ao ler o livro, prefiro me abster de comentários que possam descrever o desenrolar da história e me ater somente a algumas percepções que tive.
O romance não me cativou logo de início. Pelo contrário, fui apaixonando-me pelos personagens no decorrer da leitura. Keiko é uma menina encantadora e Henry um jovem corajoso dadas as circunstâncias de sua vida. Fiquei tocada com o amor puro e jovem que nasce entre os dois.
Porém, o livro não é poético. Sou habituada a leituras mais floreadas e isso me agrada muito, mas esse não é o caso de "Um hotel na esquina do tempo". Jamie Ford não usa muitos recursos estilísticos mas não acho que isso seja necessário nesse caso. O livro ganhou-me pela simplicidade da escrita sem deixar de ser tocante.
O desfecho não é muito imprevisível, mas também não acho que algo muito discrepante do final em questão cairia bem ao enredo.
O romance também nos choca com o preconceito sofrido por japoneses e chineses nos EUA e torna essa questão muito clara. Também nos atenta para a presença de campos de concentração para japoneses, um fato que muitos desconheciam (inclusive eu). A moldagem do romance aos fatos históricos é muito interessante.
Boa leitura para se fazer despretensiosamente. Ainda não descobri por que não o classifiquei com 5 estrelas, mas talvez seja só rabugice de minha parte.