O mundo conhecido

O mundo conhecido Edward P. Jones




Resenhas - O Mundo Conhecido


5 encontrados | exibindo 1 a 5


Paulinha 15/01/2024

Triste
Uma leitura difícil e muito triste.
Nunca é fácil ler sobre a escravo.
Tá ali escancarado o que a sociedade tem de mais podre.
E o pior é que o capitalismo faz as vítimas quererem se tornar abusadores pq é a forma de se dar bem.
Muito muito triste
Fiquei feliz por Priscila, James e Alice Night
comentários(0)comente



Valéria Cristina 26/07/2022

Sem dicotomia
Os livros que tenho lido versando acerca do tema da escravização, mostram sempre dois lados: negros escravizados e brancos escravizadores; pessoas boas e pessoas más; abolicionistas e escravagistas ou escravocratas. Narrativas como Escrava Isaura, Cachorro Velho, A Cabana do Pai Tomás, Raízes transparecem essa dicotomia.

Não é o que ocorre em O Mundo Conhecido.

No cenário do sul dos Estados Unidos, não temos homens ou mulheres, brancos ou negros, totalmente bons ou maus. Temos homens e mulheres que vivem e obedecem ao sistema de seu tempo. Um tempo onde a escravização de pessoas era uma instituição.

Creio que por ser retratada como mais uma evidência do século XIX, a escravização nos pareça tão hedionda, pois foi aceita e praticada pela maioria da população do sul americano.

O livro retrata a vida de pessoas comuns em Manchester, Virgínia. Pessoas com ideias que atendem e se adequam àquele cenário rural. Passado, presente e futuro se confundem o tempo todo, muitas vezes em um mesmo parágrafo.

Trata-se de uma história que deve ser conhecida pelo seu impacto e pelo seu desenvolvimento magistral.

O autor, Edward Paul Jones é romancista e contista americano. Este romance de 2003, O Mundo Conhecido, recebeu o Prêmio Pulitzer de Ficção e o Prêmio Literário Internacional de Dublin.
comentários(0)comente



26/04/2021

O mundo conhecido narra a vida de escravos negros (escravizados por senhores brancos e por senhores negros também) nos Estados Unidos do final do século XIX. São bastante personagens e muitos "vai e vem" na história. Às vezes é passado, às vezes é presente e às vezes é futuro. São muitos nomes e famílias também, o que por momentos dificulta a compreensão. Porém, o principal consegue ser capturado de uma forma homogênea e, no final, a história se completa de alguma forma. E é linda. Eu recomendo muito pra quem gosta de romances de época.
comentários(0)comente



Emi 29/07/2020

Desenrolar inesperado
Eu levei bastante tempo pra terminar, porque a leitura não parecia me prender, mas decidi que ia terminar de uma vez, e só me arrependo de não ter feito isso antes, a história tem um olhar muito humano por diversas vezes, em outras nem tanto, um misto de mistério e indignação ao decorrer, e no final você se pergunta, se na verdade o que você leitor talvez ache errado de alguma forma foi o melhor.
comentários(0)comente



Rodrigo1001 28/07/2018

Um olhar incomum sobre a escravidão (Sem Spoiler)
Em 2015, um grupo de críticos norte-americanos analisou 156 obras e elegeu “O Mundo Conhecido” como o segundo melhor livro escrito desde o início deste século. Vencedor do Pulitzer de 2004, do IMPAC, do National Book Critics Circle Award e do Anisfield-Wolf Book Awards, “O Mundo Conhecido” é uma narrativa ficcional sobre um escravo livre no estado da Virgínia que se torna dono de terras e de escravos.

Embora possa soar estranho, é historicamente correto: no século XIX, os escravos compravam o direito à liberdade com o próprio trabalho. Uma vez alforriados, alguns negros optavam por comprar escravos e utilizá-los em terras que arrendavam ou conseguiam adquirir ao longo do tempo. Eram ex-escravos negros que compram negros não libertos e os utilizavam como escravos. É como o que acontece em uma linhagem familiar com histórico de abuso infantil, o comportamento passa de geração a geração.

Em outras casos, os negros alforriados, no afã de reunir suas famílias, costumavam comprar seus parentes dos brancos que os mantinham como escravos em suas fazendas, sem, contudo, terem a possibilidade de dar-lhes a alforria. Logo, seus parentes continuavam sob o status de escravos, sendo vistos perante a lei como “propriedade”, como um bem físico do comprador. Não bastasse o sofrimento, viravam proprietários dos próprios parentes, sem poder libertá-los de fato.

São esses os assuntos principais do livro.

Impactantes, heim?

Outro ponto interessante é a narrativa em si. Há uma fusão entre presente, passado e futuro. Um parágrafo pode contar a história no momento presente só para dar um salto de 50 anos no próximo e então retroceder novamente, em uma linha do tempo elástica que não é pontuada por capítulos, como se vê na maioria dos romances não-lineares. O autor mergulha em todos os personagens, contando o que fizeram até ali e o que seria deles anos mais tarde. Dá pulos no tempo abrindo pequenas janelas no presente por onde pode-se vislumbrar o futuro. Essa é uma técnica que já havia visto em outros livros, mas, talvez, não tão bem costurada como neste livro.

Por fim, O Mundo Conhecido bateu na trave por um único motivo: cheguei nele por meio de outro livro com o qual concorreu pelo Pulitzer de 2004, chamado “A invisível Máquina do Mundo”, de Marianne Wiggins. Como eu simplesmente fiquei fascinado pelo livro de Wiggins (e sabendo que ele perdeu o Pulitzer para “O Mundo Conhecido”), eu esperava por uma experiência ainda mais fantástica. Infelizmente, ele não superou, mas, mesmo assim, é um excelente livro, que rende ótimos insights e promove bastante reflexão. Recomendo que você leia os dois, ok?

Pra fechar, não espere que o livro rode somente sob a dramaticidade do tema. O autor investe bastante energia em despir seus personagens, o estilo de vida local, o clima pré-guerra civil americana e leva a história de forma peculiar. É, em resumo, um lembrete constrangedor e doloroso de uma época quando, em nossos quintais, pessoas eram consideradas propriedade e as vidas eram dispensáveis.

Leva 5 de 5 estrelas.

Passagem interessante:

"Quem bate não pode nunca ser o juiz. Só quem recebe o golpe pode lhe dizer se foi forte ou não, se mataria um homem ou se faria um bebê apenas bocejar" (pg. 193)
comentários(0)comente



5 encontrados | exibindo 1 a 5