O mal-estar na cultura

O mal-estar na cultura Sigmund Freud




Resenhas - O mal-estar na cultura


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Biblioteca Álvaro Guerra 19/09/2023

Ao investigar por que o ser humano é tão pouco dotado para ser e permanecer feliz, Freud revela que um dos principais e invencíveis obstáculos à felicidade é a constituição psíquica do homem. Ele examina de perto, lançando mão de ferramentas psicanalíticas, o processo de desenvolvimento cultural necessário para que as pessoas possam viver em sociedade. A conclusão é a de que não só a civilização, mas a própria cultura humana implicam uma diminuição na felicidade dos indivíduos, tendo como subproduto um alienável e generalizado sentimento de culpa.

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site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788525419972
Furabolo 19/09/2023minha estante
Tb fiz uma resenha a respeito dele. Ótima leitura.




Paulo Silas 25/05/2012

Nesta obra, Freud continua seguindo aquela linha de racíocínio explanada em "O Futuro de Uma Ilusão" (outro excelente livro de Freud).

Contextualizando mais objetivamente ser a cultura (ou sociedade) a principal causa da impossibilidade de o homem alcançar a felicidade, Freud traça os principais pontos que justificariam a existência do sentimento de culpa (remorso), bem como da necessidade da religiosidade.

Em que pese o autor divague em alguns parágrafos de forma que "volta ao mesmo ponto por reiteradas vezes" (conforme o próprio admite e pede desculpas ao leitor no capítulo final), o que torna a leitura em determinandos pontos um pouco confusa (eu pelo menos tive que reler alguns parágrafos para melhor compreensão), tal procedimento adotado faz-se no intuito de "deixar bem claro" os pontos que Freud pretende elucidar sob sua perspectiva.

Leitura recomendada, a qual apresentará um ponto de vista em que a cultura construída pelo homem é quiçá a principal causa da felicidade inalcançálvel.
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Furabolo 28/08/2023

Ahh, as pessoas e sua miséria voluntária...
O livro, como o nome sugere, teoriza sobre como o Homem precisa se manter em constante estado de insatisfação para se manter em um estado dinâmico com o meio. Metas ainda não alcançadas podem ser o combustível para não morrer na inércia. Porém, alcançar tal meta gera instantâneo tédio e ânsia por um novo mal-estar que nos mova em uma nova direção.
Estaria a real alegria humana mais em perseguir do que em alcançar? Seria todo auge apenas o patamar para novos degraus? Seria o próprio Deus a meta inatingível que o homem criou para que nunca alcançasse a plenitude e pudesse gozar da eterna busca pelo intangível?
A essas e outras questões, Freud responde de maneira pretensamente cética, mas não sem deixar transparecer alguns dos traços de suas próprias questões psicológicas, que contaminam as conclusões a que ele chega, em minha opinião.
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Serena 04/10/2012

O mais forte desse livro é a desilusão de Freud, demonstrada ao setenciar que o mundo exige demais do homem e lhe dá decepções tão dificeis de suportar, que por isto o indivíduo precisa de entorpecentes, religião, tóxico, na nossa sociedade contemporânea a televisão, estes funcionam como lenitivos para aguentar o peso das exigências cotidianas.

"(...) Descobriu-se que o ser humano se torna neurótico porque não é capaz de suportar o grau de frustração que a sociedade lhe impõe a serviço dos ideais culturais, e disso se conclui que suprimir ou reduzir consideravelmente essas exigências significaria um retorno a possibilidades de ser feliz" (p.83)
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mateusagroecologia 25/10/2020

Reflexões sobre as causas da infelicidade da civilização
Através de uma reflexão a respeito dos instintos e desejos libidinais dos seres humanos, o autor traz referências e realiza conexões no pensamento de como a repressão e a repreensão de tais instintos e desejos, em especial os desejos sexuais, motivados pela evolução cultural da sociedade, provocam transformações significativas na vida humana, principalmente, a respeito da infelicidade.

Os impulsos sexuais e o erotismo, estabelecidas como energias primárias da humanidade, e a respectiva repreensão destas características em prol do convívio para com a sociedade cultural apresenta-se como temática central dessa problematização, uma vez que, o desenvolvimento individual e o desenvolvimento cultural estão em estado dialógico permanente.

Alguns conceitos e vocábulos, brevemente abordados pelo autor, apresentam valor intrínseco à compreensão como, por exemplo, "instintos libidinais", "Super-eu", "consciência", "arrependimento", "sentimento de culpa", "necessidade de castigo", "beleza", "justiça", etc.

Destaca-se que, para quem não possui uma noção basilar a respeito de alguns termos psicanalíticos (assim como eu não tinha), a compreensão e a apreensão de alguns debates e reflexões pode ficar um pouco mais áspera, mas nada que uma boa pesquisa na internet de alguns termos filosóficos e psicanalíticos não possa resolver de maneira minimamente satisfatória ao entendimento.

A psicanálise busca trazer investigações e questionamentos ao convívio das relações, seja esta uma relação intrapessoal e/ou interpessoais, que remontam a investigação do passado dos indivíduos.

É uma leitura que em muitos momentos flui com facilidade, mas que requer atenção e muitas vezes persistência para compreender reflexões a respeito das características da mente humana.

No último capítulo, realiza-se uma espécie de resumo das ideias e problemáticas apresentadas ao longo dos capítulos anteriores que sucinta bastante alguns termos e conceitos utilizados assim como também as principais reflexões que o autor se propõe a debater.

Leitura recomendadíssima!
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Alice126 25/01/2023

Esperava mais (?)
Parece que o próprio Freud sabia que não tava tão bom porque pediu desculpa umas 3 vezes kkkk algumas coisas pediam um aprofundamento, outras poderiam ser abreviadas. Esperava mais exemplos e análises de eventos específicos da cultura para que conseguisse conectar à teoria do autor (que não me é estranha, mas preciso me debruçar mais sobre a psicanálise para captar alguns trechos).
No geral, é muito bem escrito, como julgo ser um talento do Freud. Sinto que se tivesse lido Totem e Tabu ou O futuro de uma ilusão antes desse, faria melhor aproveitamento.
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Sonaly 17/04/2022

?Descobriu-se que o ser humano se torna neurótico porque não é capaz de suportar o grau de frustração que a sociedade lhe impõe a serviço dos ideias culturais, e disso se concluiu que suprimir ou reduzir consideravelmente essas exigências significaria um retorno a possibilidade de ser feliz?

Após ler o texto de Theodor Adorno "Educação após Auschwitz" fiquei muito curiosa para ler esse livro. Li e não me arrependo, Freud traz ótimas reflexões sobre a infelicidade do indivíduo e sociedade.
Thata 17/04/2022minha estante
Comprei um do Adorno que em breve vou ler.Bom saber que ha relaçao com a psicanalise de Freud.




Felipe 07/06/2013

Sentimento de culpa e supressão dos impulsos
A mente humana conserva características primitivas, em que a necessidade de satisfazer aos impulsos mais básicos ocorre naturalmente nos indivíduos. Conforme também mencionado em "O Futuro de uma ilusão", a cultura, herdada dos antepassados, veio de forma a possibilitar a convivência em sociedade e nos defendermos da impiedosa natureza, que nos pune justamente nas ocasiões de nossa satisfação. Essas satisfações, segundo Freud, são responsáveis pelo sentimento de felicidade mais intenso.
Os impulsos selvagens, em algumas pessoas, são sublimados por outras fontes, como a arte, estudos e novas descobertas. E são poucos os que conseguem essa substituição, que mesmo sendo bastante prazerosa, não chega perto da felicidade alcançada na realização dos impulsos mais grosseiros.
Tal sacrifício imposto pela cultura possui suas consequências. Uma delas, o sentimento de culpa pela necessidade de satisfazer as vontades próprias. E onde o indivíduo se vê numa condição em que pune a si mesmo, pelo fato de não ter conseguido realizar a renúncia.
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Carlos 28/12/2016

O Descompasso produzido na cultura
Freud inicia seu texto dizendo sobre a hipótese de um amigo acerca do sentimento oceânico que a religião produziria nos seres humanos, da qual ligaria o ser humano do ponto de vista do seu Ego ao mundo exterior, do qual ele já fez parte quando era uma criança recém nascida. Dessa maneira, Freud utiliza o Ego e o mundo exterior como dois pontos principais da sua análise sobre o mal estar da cultura.
Freud veio explicando a “origem” daquele sentimento, que ele categorizou como “sentimento oceânico”. Tal sentimento, para Freud, faz parte do Ego primitivo, quando o Ego era uma completude do mundo externo. Nisto, Freud exemplifica mostrando como o bebê lactante não diferencia seu Ego do mundo externo, tal fato só acontece mais adiante (O seio materno firma – ou reproduz traços intrauterinos – esta completude). Posteriormente, no entanto, o bebê percebe que suas sensações acontecem com determinadas ações, e que estas ações resultam em determinadas sensações – como o caso do choro para trazer o alimento, que no caso é o leite materno.
Neste viés, o sujeito percebe que há a falta de algo que outrora tinha, e o que figura-se como principal é a sua fuga do desprazer e sua ida ao prazer. Aqui entra o Princípio do prazer, que será o principal para esta função. Como o sujeito percebe que é impossível o prazer sem intermediação, e que seu desprazer nunca será totalmente saciado, uma vez que pode ser provocado por sensações internas, entra aqui o Princípio de realidade, que distinguirá elementos externos do interno. Aqui o Ego se separa do mundo externo. O que nosso Ego sente hoje é apenas um resíduo de um “sentimento de completude”, protagonista do nosso Ego primitivo e da nossa ligação com o mundo externo.
Desta forma, Freud vai dizer mais a frente sobre que esse sentimento continua nas profundezas do nosso psiquismo, e que pode se reavivado. De fato, a religião, em si, busca ligar o sujeito a esse sentimento, com a promessa que um dia, tal falta será recompensada. E que lá, no Paraíso, o ego se associará novamente ao mundo externo. Como essa promessa é para uma vida posterior, perfeita, no cotidiano impera quase o contrário disso. Como aqui na Terra falta a perfeição que há lá no paraíso, devido aos problemas de modernidade, pelos problemas da vida, como dores, decepções, e também o desprazer por sensações internas – como a impossibilidade de reviver o sentimento de completude – Freud vai dizer que os sujeitos usam paliativos para “amenizar” o sofrer. Esses paliativos, categorizados como 3 principais, seriam as poderosas diversões, que em si é autoexplicativa; as gratificações substitutivas, que são ilusões, que não são menos eficazes, graças ao papel da fantasia na vida psíquica; e as substâncias inebriantes, que mudam a química do corpo.
Voltando para a religião, Freud vai dizer que esta se esforça para dar um sentido para vida, para responder o motivo de estarmos aqui. Freud não diz que há um motivo em si, mas diz que a busca humana na vida é uma busca à felicidade. O ser humano quer estar feliz, AFASTANDO DE SI A INFELICIDADE. ESSE SERIA O FIM PARA TODOS OS SERES HUMANOS: permanecerem sempre felizes. Dois lados são centrais nessa busca: sendo um a busca por fortes doses de felicidade e a outra na fuga do desprazer. A atividade humana busca sobretudo a primeira. Aqui entra o princípio do prazer, que é o principal nessa atividade, onde se estabelece esse sentido da vida.
Mas o mundo externo, tal como é, não corresponde as expectativas do princípio do prazer, gerando um desconforto imenso na vida psíquica. Seu programa está em desacordo tanto com o externo como com o interno. Assim, a fuga da infelicidade se torna menos difícil do que o primeiro. O sofrer ameaça em três dimensões: pelo corpo, pelas relações e pelo mundo externo. Com isso, o ser humano se integra a sua realidade, figurando agora o princípio de realidade, que vai administrar esses problemas. Freud vai nos mostrar alguns métodos de tentativa de fuga a infelicidade.
Como resumo final, há um descompasso entre os projetos culturais e os instintos humanos, provocando essa culpa. O Sujeito troca a liberdade de satisfazer seus instintos pela promessa de segurança na vida em cultura. E essa segurança, no entanto, não traz a felicidade desejável, uma vez que para a cultura se estabelecer como tal, ele precisa fazer restrições aos indivíduos, indo diretamente aos seus instintos. A cultura assegura que o pai primitivo não mais usará sua força desmedida e arbitrária contra seus filhos. E seus filhos, que usaram de tal agressividade com o pai, para assegurar que isso não mais aconteceria, estabelecem normas de convívio. Embora fosse preciso a utilização de tal agressão, os filhos amavam o pai. E o sentimento de culpa reina nestes filhos, que agora são apenas irmãos. Como estes não podem mais usar sua “força bruta”, essa agressividade é internalizada, transformando-se num superego. Esse superego é a internalização da autoridade; ele produz o efeito de culpa a partir do seu conflito com os desejos do ego. Tudo isto pela troca que a cultura impõe, gerando um sentimento de angústia, ou consciência da angústia, ora revelada, ora inconsciente. De certa forma, sempre haverá a falta, ou o descompasso, como se algo estivesse sempre errado.
Thiago.Eduardo 07/02/2018minha estante
Uau que maravilha, isso me instigou a querer excelente resenha amei...


Carlos 17/05/2018minha estante
Que bom, Thiago! Fico muito feliz que eu tenha proporcionado essa ação em você! Leia sim e volte para resenhar e debater os pontos que eu deixei passar e as eventuais falhas dessa minha análise. Será extremamente construtivo! Um abração!




vinipk 09/10/2021

Poucos anos após seu ensaio "O Futuro de uma Ilusão", neste livro Freud aborda mais amplamente o tema discutido da neurose na religião para, agora, a neurose da sociedade e sua ambivalência.
Neste ensaio, torna-se evidente a crítica do autor a forma como nossa cultura é, de certa forma, maléfica ao indivíduo devido as suas exigências, segundo ele, impossíveis de alcançar, visto que, estas negam a natureza primitiva do homem, o seu lado mais "animal".
Posteriormente, no livro, o autor sai de uma visão mais ampla da sociedade, para uma mais condizente com seu estilo, a investigação da psicanálise no indivíduo. Todavia, é nesse momento que as coisas podem se tornar complexas para o leitor leigo em Freud, o modo como ele articula as palavras, por vezes, é complexa; no entanto, como sempre, Freud, em seu último capítulo, faz um resumo geral e bem didático de suas intenções, facilitando a leitura.
Para finalizar, a leitura do livro é tranquila e rápida, e, quando comparado com "O Futuro de uma Ilusão", percebe-se aqui um autor mais pé no chão, pouco idealista e contundente em suas críticas a sociedade, e, de novo, a religião. Em suma, Esse é um livro que vale a pena, não apenas por causa do sucesso de seu autor, mas por causa de sua forma de ver o mundo que é única.
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Rodrigo Scarabelli 02/11/2021

Decaimento da nossa civilização, a que se deve?
O mal estar com o atual estado de coisas que vivemos em nosso país me convidou a retornar a leitura do inspirado Freud com o seu 'Mal Estar na Cultura'. Sugiro leitura em conjunto com 'O Futuro de uma Ilusão' e 'Psicologia das Massas e Análise do Eu' para uma perspectiva mais acurada de processos psíquicos envolvidos em nosso particular momento de fragilidade civilizatória.

Se a busca e realização da felicidade parecem dificultadas pelas modulações e concessões dos indivíduos em nome da cultura, teriam as resultantes frustrações latentes irrompido à superfície ameaçando nosso projeto de civilização? Estamos regredindo a um momento anterior societário onde os mais fortes subjugam os mais fracos e os sujeitam ao seu arbítrio e, na radicalidade, ao seu gozo?

Se a cultura não corresponde a expectativas mais duradouras de felicidade, o retorno à barbárie a sepulta totalmente. A sociedade que enfraquecer a posição desejante enquanto incentiva uma posição gozadora dos seus membros está cavando a própria sepultura, logo ali ao lado da felicidade.

Estamos nesse caminho? Estamos desistindo da nossa cultura e sociedade? Regredindo a formas pré-civilizatórias onde grupelhos, hordas, milícias e quadrilhas impõem a lei do mais forte? Para o gozo de quem? Meu e seu, colega leitor, não é.

Leitura que instiga reflexões.
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Karinny 24/09/2022

Livro muito interessante, fácil de acompanhar, um prato cheio para quem se interessa por psicanálise.
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Erick Simões 10/03/2022

Um complemento interessante
Uma ótima obra para entendermos de melhor forma qual a visão de Freud sobre a nossa sociedade atual (ou aquela de sua época), de toda forma, é extremamente útil para entender mais um pequeno bloco que compõe a construção da Psicanálise :)
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leo.sabino.7 19/03/2022

Obra indispensável para estudantes e analistas.
Após ter lido Totem e Tabu, ficou a sede de conhecer mais obras escritas por esse pensador revolucionário.
Tenho a grata certeza de que fiz uma ótima escolha em ler "O mal-estar na cultura " em seguida de Totem e Tabu. Quase que uma obra complementar à. outra.
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Thalyta 29/03/2022

"Afinal de contas, todo sofrimento é apenas sensação, existe
apenas na medida em que o percebemos, e apenas o percebemos em consequência de certas disposições de nosso organismo."

É muito interessante como ele relaciona o modo com que nossa sociedade se desenvolveu com o desenvolvimento psicológico em relação às nossas emoções.

Observar como construímos nossa sociedade com base em uma moral questionável que foi muito influenciada por fatores como a religião é assustador, e observar a influência que esta ainda tem sobre a maior parte da população é ainda pior.
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