Layla.Ribeiro 19/09/2023
Em Salvador, novembro de 1937, durante o período do Estado Novo, testemunhamos um acontecimento de grande impacto na história do Brasil: a queima pública de 1694 livros considerados "propagandistas do credo vermelho", ocorrida nas proximidades do Elevador Lacerda. Dentre os autores mais atingidos, destacam-se Jorge Amado e José Lins do Rego, e entre as obras censuradas estava alguns exemplares de "Menino de Engenho", escrito pelo autor paraibano e publicado em 1932.
Esta obra retrata a transição da infância para a adolescência do protagonista o jovem Carlinhos, que, após o feminicídio de sua mãe, vai morar com seu avô paterno em um Engenho de Açúcar. Além disso, oferece uma representação realista da vida dos trabalhadores rurais pós a abolição da escravatura. O enredo é habilmente narrado sob a perspectiva do protagonista, que reside na casa-grande. O autor faz amplo uso da linguagem regional e popular, incorporando palavras e expressões que eram desconhecidas para mim, o que demandou um período para que eu me adaptasse ao ritmo da leitura.
"Menino de Engenho" é uma leitura enriquecedora que nos transporta para uma realidade brasileira única, permitindo-nos compreender as questões políticas e os costumes do início do século XX. Além disso, oferece espaço para reflexões sociológicas profundas. Esta obra é o primeiro volume da saga "Ciclo da Cana de Açúcar" e despertou em mim um grande interesse em continuar a série, pois José Lins do Rego se revela um notável romancista.
Após a leitura, pude compreender claramente o que tanto incomodou a ditadura varguista em relação a esta obra.