Menino de Engenho

Menino de Engenho José Lins do Rego
José Lins do Rego




Resenhas - Menino de Engenho


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José Martino Escritor 18/07/2010

Sobre Menino de Engenho
Menino de Engenho é a primeira obra do ciclo da cana-de-açúcar e também a mais importante (o passar dos anos não significou necessariamente um amadurecimento ou uma evolução em sua obra). Quase toda a obra do autor é vazada através da memória, uma busca pelos tempos “idos e vividos”.
A narrativa de Zélins é espontânea e leve, dando a impressão de pouca elaboração e um quase desprezo com a preocupação estilística. Nada mais errôneo. Esta seria a única maneira adequada de se narrar a história contada pelo menino Carlinhos, sem ferir a verossimilhança.
Neste romance, Zélins retrata o interior paraibano com sua cultura da cana-de-açúcar e a vida nos engenhos.
José Lins do Rego escrevia em cadernos escolares e, na capa de Menino de Engenho, havia o seguinte nome com as primeiras palavras riscadas: “Memórias de um Menino de Engenho”.
Menino de Engenho foi imediatamente aclamado pela crítica como um grande romance. Gastão Cruls cita a maneira sem pretensão como o livro foi narrado, “sem arrebiques de estilo e a despreocupação dos adjetivos, sem torneio de períodos e a balofa retórica da nossa falsa literatura”. O grande êxito de Menino de Engenho está em sua capacidade de ser verdadeiro e a obra nasce diretamente da vida. O seu estilo beira à oralidade. Mas uma oralidade eivada de lirismo. José Lins do Rego conta-nos o que viu e viveu no sertão nordestino.
Segundo José Aderaldo Castelo, este romance está impregnado de ternura e intensidade humana.
Conta-se que antes de escrever Menino de Engenho, José Lins desejava apenas escrever a biografia de seu avô, o velho José Lins, um representativo senhor de engenho.
Joana 26/08/2010minha estante
Adorei sua resenha! Você demonstra entender o que está falando, fato reforçado pela menção a outros críticos! Você descreve a narrativa de José Lins e outros fatos marcantes da obra muito bem! Meus parabéns!


José Adélcio Jr 04/11/2011minha estante
Li sua resenha e ficou muito boa. Este livro me trás uma certa nostalgia, lembra a minha pre-adolescência, este livro junto ao fogo morto foram livros que marcaram essa fase de minha vida. Excelente livro, recomendo.


Margô 28/07/2020minha estante
Boa resenha. É bom acrescentar que as primeiras obras de Zé Lins, ele realmente não primava pelo estilo ou uma escrita mais cuidadosa, por ser da sua essência, "apressado


Margô 28/07/2020minha estante
(continuando)... apressado em concluir os seus escritos. Imagine que, as obras do Ciclo da Cana-de-acúcar de açúcar, não demandavam mais de um mês para serem entregues à editora...rsss. E o livro Menino do Engenho, pra não fugir da regra, foi escrito em 20 dias...
É isso.




*Gabi* 17/02/2024

Um livro de História cheio de histórias
Escrita crua e simples, é um livro que retrata a época da decadência dos engenhos de cana-de-açúcar; pouco tempo após a abolição da escravidão no Brasil. O menino Carlinhos é inserido nesse cenário após perder a mãe aos 4 anos de idade e ir morar com o avô materno e sua tia, que se torna sua segunda mãe. 


Primeiro de uma série de 3 livros centrados no personagem principal e outros mais com expansão do tema; Menino de Engenho narra as percepções de Carlinhos durante os 8 anos em sua nova vida no engenho de seu avô, o coronel Zé Paulino. Explora sua relação com a família, os negros que ali permaneceram trabalhando e as vilas e engenhos vizinhos. Narra a submissão e a miséria desse povo na sua branquitude de privilégios; mas com o tempo se identifica e faz desse o seu povo. 


Obviamente, uma obra que trata do racismo e de outras questões, como exemplo o papel das mulheres e a libertinagem masculina; de uma forma temporal e questionável; a que sempre devemos nos atentar para não confundir as descrições como uma defesa disso ou daquilo nos tempos atuais. 


Se não fosse esbarrar na live de início de leitura coletiva deste livro, no canal Ler Antes de Morrer (da Isabela Lubrano), provavelmente nunca leria a obra. Foi uma grata surpresa que me prendeu e me deixou o tempo todo com vontade de saber mais informações. Acho que essa curiosidade me deixou um pouquinho frustrada, por querer saber o desfecho de alguns causos que Carlinhos deixou no ar, sendo somente esse o ponto negativo encontrado.

Essa edição do livro é maravilhosa, contextualiza o momento na história e a vivência do autor citando o contexto Brasil da década de 1920; e o José Lins que narra tudo de uma forma muito íntima; sendo assim um livro quase autobiográfico. Possui uma introdução feita por ninguém menos que Clarisse Lispector, e um glossário ótimo, com os termos regionais e temporais, uns novos e outros sabidos da minha influência também nordestina. Recomendo muito a leitura!
Cleber 19/02/2024minha estante
Li por essa edição e tbm pelo lertantesdemorrer e gostei da introdução. Adorei a resenha, ficou top??????


*Gabi* 19/02/2024minha estante
Obrigada!!
Vc vai participar dessa que começou hoje?


Cleber 20/02/2024minha estante
Vou acompanhar as lives, faz pouco tempo que li esse do Asimov, gostei dos contos.




Paula 07/01/2014

Segunda leitura do Projeto José Lins, "Menino de Engenho" é um dos clássicos da literatura brasileira e um dos livros mais importantes da obra de José Lins do Rego. Foi escrito em 1932 e sua primeira edição foi publicada pelo próprio autor, que com ela ganhou o Prêmio Graça Aranha e depois isso não parou mais de ter seus livros publicados.

É importante tomar conhecimento de alguns dados sobre a vida de José Lins para ver com outros olhos os seus livros. José Lins nasceu em 3 de junho de 1901 no engenho Corredor, município do Pilar, no estado da Paraíba. No ano do seu nascimento ficou órfão de mãe e seu pai foi viver em outro engenho. Foi levado então para o engenho do avô, onde cresceu aos cuidados de sua tia Maria. A experiência de ter crescido no engenho, com a figura patriarcal do avô, aos cuidados de sua tia, que ele considerava uma segunda mãe, marcaram para sempre a vida de José Lins, e isso se reflete muito em sua obra.

Em Menino de Engenho temos a história de Carlinhos, que perdeu sua mãe quando era criança em uma briga com o pai, que cometeu um crime passional, cujos motivos não são explicados. O menino Carlinhos é levado então para o engenho do avô, onde cresce junto com os moleques da região, aos cuidados da irmã de sua mãe, sua tia Maria. Carlinhos é tratado com distinção por ser neto do coronel e também por ser órfão. Através de suas lembranças de infância, de uma época em que descobria muito cedo as coisas do mundo, sempre marcado pela melancolia de ter perdido a mãe e de estar sozinho, é que temos um retrato social de uma época ainda marcada pela escravatura, pela dominação dos senhores de engenho.

Carlinhos cresce entre as negras que trabalhavam na senzala, mesmo depois da abolição. Nesse sentido, o livro mostra claramente com os negros continuaram a ser explorados por não terem oportunidade de sair dali. Como podemos ver nesses trechos sobre as negras do engenho, um relato triste sobre a condição da mulher e sobre os abusos que sofriam muitas vezes dos próprios senhores e seus filhos, e dos homens do engenho:

"As suas filhas e netas iam-lhes sucedendo na servidão, com o mesmo amor à casa-grande e a mesma passividade de bons animais domésticos".
"Não conheci marido de nenhuma, e no entanto viviam de barriga enorme, perpetuando a espécie sem previdência e sem medo".

O menino de engenho cresce ouvindo histórias, como as da velha Totônia, uma negra que visitava o engenho e que teve um papel importante em estimular o gosto pelas histórias em Carlinhos:

"As suas histórias para mim valiam tudo"...."Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis. O que fazia a velha Totônia mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos."

Histórias que marcaram tanto sua vida que precisaram ser recontadas em Histórias da Velha Totônia, livro de 1936. As histórias do avô sobre o engenho também marcaram a infância de Carlinhos e ajudam a construir esse relato da época dos engenhos de açúcar, que no período já começam a dar sinais de decadência.

"Estas histórias do meu avô me prendiam a atenção de um modo bem diferente daquelas da velha Totonha. Não apelavam para a minha imaginação, para o fantástico. Não tinham a solução milagrosa das outras. Puros fatos diversos, mas que se gravavam na minha memória como incidentes que eu tivesse assistido. Era uma obra de cronista bulindo de realidade."

A escrita de José Lins tem um tom de nostalgia, uma característica também do menino Carlinhos:

"Era um menino triste. Gostava de saltar com os meus primos e fazer tudo o que eles faziam. Metia-me com os moleques por toda parte. Mas, no fundo, era um menino triste. Às vezes dava para pensar comigo mesmo, e solitário andava por debaixo das árvores da horta, ouvindo sozinho a cantoria dos pássaros."

Acompanhamos suas aventuras no dia a dia da produção de açúcar, seu primeiro amor por uma prima que passa o verão no engenho e que parte seu coração quando vai embora, tudo isso contado com a ingenuidade de uma olhar de criança; seu sofrimento é retratado quando a tia Maria se casa e vai embora do engenho, marcando sua vida outra vez com a perda de uma mãe (e pelos artigos que li, a morte da tia de José Lins o deixou muito abalado na vida real). O casamento da tia mostra também como as mulheres não tinham a liberdade de escolha, sendo que seu único destino era o casamento.

Esse livro é uma aula de história do Brasil, mas uma aula muito gostosa de se ler, porque a escrita de José Lins tem esse tom confessional, como se estivéssemos mesmo ouvindo suas memórias de infância. Infância essa que acaba muito cedo, aos doze anos de idade quando o menino Carlinhos vai para o colégio estudar. Menino de Engenho é um livro comovente, que permite uma infinidade de reflexões sobre questões sociais importantes de uma época de nossa história. Relê-lo hoje, quase 18 dezoito anos depois de minha primeira leitura ainda na escola, foi uma redescoberta maravilhosa de um texto bem escrito, repleto de regionalismos e muito rico, que eu espero que ainda seja lido nas escolas. Não deixem de ler Menino de Engenho.

José Lins do Rego. Menino de Engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. 104ª edição.

site: http://pipanaosabevoar.blogspot.com.br/2014/01/menino-de-engenho.html
natan 08/09/2014minha estante
vlw ajudou bastante fui obrigado a ler esse livro na escola
e amanha e dia de prova do livro


Paula 08/09/2014minha estante
Oi, Natan! E o que você achou do livro? Quer conversar sobre ele? :)


Ida 02/07/2019minha estante
Excelente resenha.




Margô 28/07/2020

Revisitei o Engenho
Reli o Menino de Engenho. Foi a primeira obra do paraibano José Lins do Rêgo, é um livro de leitura rápida, e que tem um forte indicativo para a biografia do autor salpicada com cenas ficcionais, retratando a vida do Engenho no início do século, vista por quem viveu na casa-grande. No caso, a criança Carlinhos.

Em depoimentos que José Lins deu sobre a obra, dizia que a ideia era registrar a vida do avô, Coronel José Paulino, por quem nutria uma verdadeira admiração.

Ao leitor, não escapa aos olhos , o grande feudo que era o Engenho Santa Rosa, e mesmo que José Lins, suavize a autoridade do Coronel Paulino, está clara a relação pós abolição que prende o povo negro à terra, por não ter opções para a tal liberdade concedida. Portanto, mal pagos, sobrevivem em uma situação de miserabilidade, como o autor aponta em diversos momentos e sofrem punições físicas, típicas de quem é "dono" do indivíduo. Apesar das boas lembranças de aromas e sabores, constata-se que engenho mói pessoas também...

O menino Carlos, é uma criança que precocemente descobre o sexo, adoece, e ao meu ver encurta a infância de uma forma tida na época como natural. E encurta a narração mais bucólica das brincadeiras e vivência da criança no espaço do Engenho. Gostaria de ter degustado este período de forma mais prolongada.

Esta obra compõe o que se vai chamar o Ciclo da cana-de-acúcar composta por mais quatro livros que vieram na sequência: Doidinho, Moleque Ricardo, Banguê e Usina . Em todas elas, a vida de José Lins se projeta em maior e menores proporção.

A obra é Interessante do ponto de vista da História social do Brasil, da fala do nordestino presente nos textos, o que caracteriza a fase do "regionalismo", e do registro simples que autor apresenta, nos proporcionando uma visão do cotidiano de um Engenho em atividade ainda nos moldes mais rústicos, para a produção do açúcar.

Fora isso, eu diria que é uma boa leitura, sem maiores expectativas estéticas.
Samara 13/08/2020minha estante
Eu reli o livro agora na fase adulta e também percebi os fatos que você descreveu, sobre os trabalhadores do engenho


Margô 23/08/2020minha estante
???




Fabio Shiva 13/04/2024

CLÁSSICO É UM LIVRO QUE CONTINUA VIVO COM O PASSAR DO TEMPO
Não sei bem o que eu esperava quando peguei para ler “Menino de Engenho”, livro considerado a obra-prima de José Lins do Rego e um dos grandes clássicos da literatura brasileira. Mas quando falamos de um “clássico” geralmente surge na mente a imagem de um livro velho e empoeirado, de páginas amareladas e letras miúdas, que convidam mais ao sono que à leitura. Nada poderia estar mais distante da experiência de ler “Menino de Engenho”! Ainda mais no caso do exemplar que li, com uma diagramação moderna e estilosa comemorando nada menos que a 100ª edição do livro pela José Olympio Editora.

A história já nos captura de imediato, desde as primeiras palavras, que nos arremessam em uma densa tragédia familiar:

“Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco.”

Ao cabo de duas ou três páginas já estamos envolvidos pela trama, aliciados pela prosa direta de José Lins do Rego, elegante mesmo ao contar os casos mais escabrosos. Fui surpreendido diversas vezes pelos episódios que vão tecendo o enredo de “Menino de Engenho”: ora comoventes, ora estarrecedores, ora hilários.

Cheguei mesmo a derramar algumas lágrimas de puro êxtase literário, ao me dar conta de como aquelas páginas me permitiam viver e sentir uma vida tão longe de mim no tempo e no espaço. Vivenciei a leitura desse livro como um portal mágico, que me transportou para a vívida realidade de um engenho do Nordeste brasileiro de cem anos atrás. É como se essa porção de nossa história permanecesse viva e pulsante, bastando a qualquer um abrir as páginas de “Menino de Engenho” para acessá-la. Por essas e outras é que dou graças a Deus pela luminosa dádiva da literatura!

Encerro com dois trechos que me marcaram especialmente. O primeiro por retratar as desigualdades e injustiças de ontem, evocando o quanto isso repercute ainda hoje:

“O costume de ver todo dia esta gente na sua degradação me habituava com a sua desgraça. Nunca, menino, tive pena deles. Achava muito natural que vivessem dormindo em chiqueiros, comendo um nada, trabalhando como burros de carga. A minha compreensão da vida fazia-me ver nisto uma obra de Deus. Eles nasceram assim porque Deus quisera, e porque Deus quisera nós éramos brancos e mandávamos neles. Mandávamos também nos bois, nos burros, nos matos.”

E o segundo por expressar tão liricamente o arquétipo da perda da inocência:

“Perdera a inocência, perdera a grande felicidade de olhar o mundo como um brinquedo maior que os outros.”

Uma obra sensacional, que me encheu de orgulho de ser brasileiro.

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2024/04/classico-e-um-livro-que-continua-vivo.html



site: https://www.instagram.com/fabioshivaprosaepoesia/
Mara.Mares 14/04/2024minha estante
É do Brasiillll. Amo esse autor. Na verdade, amo os nacionais contemporâneos.


Fabio Shiva 17/04/2024minha estante
Salve a nossa Literatura Brasileira!




leiturasdatita 23/01/2024

Menino Carlinhos
Considerando o contexto no qual o livro foi escrito, podemos entender como e porquê o cotidiano era visto e descrito daquela forma. Pudermos acompanhar a infância e início da adolescência de Carlinhos que, após o assassinato da mãe pelas mãos do próprio pai, foi enviado a seu avô, dono de um engenho. A partir daí, vimos como era sua interação e brincadeiras com os "moleques" do engenho, carinhos com a tia (a qual lhe tratou como filho), como foi seu primeiro namoro, o descobrimento de sua sexualidade... para então, ao final da história, ser enfim enviado a um internato para estudar. Me pergunto se José Lins do Rego escreveu (ou poderia ter escrito) uma continuação para esta história, visto que Carlinhos é um personagem deveras cativante.
leiturasdatita 23/01/2024minha estante
MEU DEUS ACABEI DE DESCOBRIR QUE TEM UMA TRILOGIA COM O CARLINHOS EU TÔ PASSANDO MAL ???


leiturasdatita 23/01/2024minha estante
Anotando para posteridade: ler "Doidinho" e depois "Banguê".




Aline Oliveira 12/02/2024

Primeiro livro que leio de José Lins. Gostei bastante. Valeu Isa Lubrano pela leitura coletiva! 

Os capítulos são curtos e de fácil compreensão, e a história é bem interessante com o crescimento de Carlinhos e as percepções acerca do engenho do Vô Paulino.
Cleber 12/02/2024minha estante
??


Bija 21/02/2024minha estante
Pois foi a Isabella que me levou a ler, também.




spoiler visualizar
Thaty sonally 03/02/2024minha estante
Sugiro ler Moleque Ricardo do mesmo autor! É o meu preferido dele!


Jessica.Laviere 04/02/2024minha estante
Obrigada pela indicação, vou colocar na minha lista.




Gláucia 27/02/2011

Vida no engenho.
Gosto muito de literatura regional, aprende-se muito sobre o passado cultural de nosso Brasil. Para quem quer ler Casa Grande e Senzala do Gilberto Freyre mas acha demais (como eu) pode começar pela trilogia do Zélins.
Iremos conhecer Carlinhos, neto de um grande senhor de engenho, dono de terras e escravos. Veremos como era a sociedade da época, a exploração do homem pelo homem, as negras e seus senhores, a origem dos latifúndios, a chegada das usinas. Muito interessante, a leitura é bastante agradável e vale mais que decorar para uma prova de História do Brasil.
Thiago 06/05/2016minha estante
Gláucia, não é uma trilogia, e sim uma pentalogia!


Ida 02/07/2019minha estante
Tenho muita vontade de ler Casa Grande e Senzala. Também gosto da literatura regional, sempre aprendemos muito com elas.




Gustavo.Borba 27/03/2019

Menino do Brasil
#LivrosQueLi

Menino de Engenho, de José Lins do Rego, ed. José Olympio. Uma trama simples, mas um conteúdo profundo. Um menino perde a mãe após uma tragédia que muda sua vida, pois seu pai é o autor. É transferido para o interior da Paraíba onde seu avô materno é proprietário de um engenho de açúcar, desconhecido do menino de 4 anos de idade. Ali ele vai percorrer seu amadurecer de criança a adolescente, com todas as vivências que a vida no interior podem proporcionar. As descobertas da vida natural e livre, a ação da natureza sexual, os primeiros amores, o trato com a melancolia à qual foi jogado logo cedo, a presença de uma figura materna substituta na pessoa da tia, a possibilidade de vivenciar tudo isso com certa leveza garantida pela relação familiar de neto do senhor de engenho. No relato de uma vida, a manifestação do crescimento de um país. Não é o pequeno Carlos que amadurece, mas é o Brasil que vivencia sua trajetória. Ali estão expressos os percursos que fizeram do Brasil o que ele é hoje. A mulher retratada como a que se dedica à família e ao lar, boa para o casamento, o homem como o que toma as decisões, os negros e mestiços vistos como mão-de-obra barata a ser explorada, as relações entre as classes mantidas por laços de favores concedidos e gratidões devidas, trabalhadores sem nenhum conhecimento da noção de direitos, descendentes de negros escravizados aceitando naturalmente seu lugar na ordem social de exploração, a dominação que poderosos exercem sobre os representantes das instituições públicas, a naturalização da superioridade social de brancos proprietários, em que tudo se desculpa de suas faltas e maus comportamentos. O Brasil não é mesmo conservador; é falso moralista! Nenhum dos discursos atuais com capa de modernidade se sustenta ao considerarmos a perspectiva histórica a nos determinar: meritocracia, igualdade de oportunidades, recompensa ao trabalho duro, valorização do currículo acima de origem social ou cor da pele. Veleidades que privilegiados gostam de alegar como véus a cobrir as diferenças que lhes dão vantagens na origem. Aquele mundo rural recém saído da escravatura ainda vive no Brasil urbano regido por pretenso Estado de direito. Leitura fundamental para entender nosso triste e atrasado país.

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Iza Carla 09/04/2019minha estante
Amigo que resenha fantástica, acabo de concluir o livro e se me pedissem sugestão para um novo título, seria: homem branco hétero brasileiro, origens.




Gabriel.Chiquito 27/07/2023

Essas histórias que mostram as tristezas da vida através do olhar ingênuo de uma criança sempre me pegam. Dessa vez, é um lugar mais rústico, onde a escravidão foi proibida mas não encerrada, que é mostrado através dos olhos do jovem José Lins do Rego. As relações humanas, a violência, as injustiças, as perdas, mas também as alegrias, esperanças e a natureza, são compreendidos de um jeito muito diferente, não pelos fatos em si, mas pela forma como são interpretados e como impactaram aquela mente ainda em formação. Triste e muito bonita, essa obra é um dos motivos de eu sempre insistir em descobrir um pouco mais da nossa literatura nacional.
I Danielle I 28/07/2023minha estante
Lindo parecer Gabriel! Também gosto desse tipo de livro, futuramente quero conhecer essa obra.




Thainá - @osonharliterario 28/08/2018

Obra essencial para a Literatura Nacional e a vivência no Nordeste
O livro conta a história de Carlinhos, um menino que aos 4 anos de idade presencia a morte da mãe e a prisão do pai, culpado pelo assassinato da esposa.

Ao ficar desolado e sem a companhia dos pais, o garoto é mandado para morar com o avô materno, o velho José Paulino, dono de um engenho de açúcar. Lá o jovem descobre o primeiro amor, a dor de outras perdas, as brincadeiras inadequadas e levadas dos primos, o carinho materno da tia Maria, os “puxões de orelha” da Sinhazinha, as maleficências das relações sexuais sem prevenção, entre outros acontecimentos que rodeiam a sua infância e são contados a cada capítulo.

Além de abordar a infância do personagem principal, tanto o lado positivo como também o negativo do ato de crescer, a obra também traz um tema recorrente no Nordeste e de suma importância para ser debatido em qualquer momento: a seca do sertão. Transparece as dificuldades enfrentadas pelas secas e chuvas em excesso, a perda dos alimentos e as enchentes que levam grande parte dos bens materiais do povo pobre.

O livro consegue transmitir a realidade de um menino perdido, sem rumo, sem saber como prosseguir depois de tantas perdas irreparáveis: a morte da mãe, a morte da prima Lili e o abandono da tia Maria. Mostra as consequências de uma infância má aproveitada e que obriga o amadurecimento precoce de um garoto. Esse amadurecimento precoce não é imposto pela sociedade, como acontece muitas vezes na atualidade, mas pelo próprio garoto que se vê na necessidade de se tornar um homem melhor do que o seu pai foi.

Outro ponto que chama a atenção e pode incomodar, o qual me afetou, é a fala machista do personagem. Em vários momentos somos obrigados a acompanhar um pensamento machista, que, infelizmente, é característico da época e do meio em que ele vive. Por isso é importante se ater a época em que a obra foi escrita para sabermos que o discurso machista era considerado “normal” e habitual, não podendo assim julgar a história pelo meio em que foi escrita. É necessário diferenciá-los e separá-los, pois ao contrário a leitura se tornará penosa e ofensiva.

Resenha completa no blog Sonhando Através de Palavras

site: http://www.sonhandoatravesdepalavras.com.br/2018/08/resenha-menino-de-engenho-jose-lins-do.html
André 06/08/2019minha estante
Mas quem leria esse livro sem contextualizar?




@apilhadathay 28/01/2021

Amo Zé Lins!
É uma honra e prazer revisitar uma obra tão significativa e gostosa de ler, para minha realização pessoal e também pelo @projetoleianordeste ! Do início do século XX para a eternidade, Zé Lins narra as memórias de Carlinhos, que perdeu a mãe muito novinho, assassinada pelo marido, pai do menino. O homem foi internado em um hospício e o pequeno, de 4 anos apenas, foi levado para morar com seu avô, no Engenho, onde amadureceu rápido demais, bem debaixo dos nossos olhos.

MENINO DE ENGENHO é o primeiro e mais importante livro do Ciclo da cana-de-açúcar, a magnum opus do autor natural de Pilar-PB. Por que ele é tão apaixonante? Pelo retrato que faz de sua época, como todo bom clássico; por nos possibilitar acompanhar a trajetória de uma criança que cresceu assombrada pelas consequências de ser filho de uma tragédia. Ele é simples e direto, não tenta ser rebuscado e ainda por cima, eu fiquei surpresa com quantas expressões e palavras eu desconhecia, mesmo sendo paraibana; glórias a Deus, existe um glossário no final desta edição.

Na narrativa, podemos sentir o desprendimento e a fugacidade da memória de uma criança que perdeu tudo: suas bases, seus pais, sua inocência e quase toda a sua infância. A estilística passa em segundo plano nesta narrativa, que é fluída, gostosa, quase nos faz sentir o cheiro de terra molhada e de grama recém-aparada, ouvir o ronco do rio Paraíba na cheia e ouvir a moagem da cana. Embora para nós, que moramos perto de uma das atuais usinas paraibanas, o odor do açúcar seja tão pungente que não nos desperta boas lembranças, rs.

Este livro é carregado, sobretudo, de humanidade. É um afago na alma, é poesia do interior em forma de prosa. Este é apenas o primeiro livro dos 5 que compõem o Ciclo, já comprei e vou ler todos os demais!

site: www.instagram.com/apilhadathay
Vanessa.Morais 02/04/2021minha estante
????




Thiago275 02/05/2024

Extremamente fluido
“Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu. Dormia no meu quarto, quando pela manhã me acordei com um enorme barulho na casa toda. Eram gritos e gente correndo para todos os cantos. O quarto de dormir de meu pai estava cheio de pessoas que eu não conhecia. Corri para lá, e vi minha mãe estendida no chão e meu pai caído em cima dela como um louco.”

É difícil não ser fisgado pelo parágrafo acima, as primeiras linhas de Menino de Engenho, livro de estreia de José Lins do Rego, publicado pela primeira vez em 1932. Logo na primeira página, somos jogados bem no meio de uma tragédia familiar, em cujo centro está uma criança que, após perder os pais, vai morar no engenho do avô materno.

O romance é bastante episódico, no sentido de que o narrador vai contando suas aventuras e os acontecimentos que ocorrem no Engenho sem necessariamente haver uma ligação entre um evento e outro. Numa página, ele pode falar sobre a iniciação sexual dos meninos e duas páginas depois contar como foi a festa de casamento da sua tia favorita.

Os trechos em que Carlinhos sucumbe à melancolia, se deixando dominar pela saudade do carinho materno e pelo medo de enlouquecer como o pai (se ele ficou louco mesmo ou foi internado no sanatório para evitar um escândalo é uma questão que cabe ao leitor decidir), embora curtos, são o ponto alto do romance.

A escrita de José Lins do Rego é bastante fluida. Mas, por trás dessa aparente simplicidade, está uma análise arguta sobre o estado de coisas da época. Embora a história se passe décadas depois da abolição, ainda é possível notar os fortes resquícios dos grilhões. Basta ver como o narrador coloca de um lado "nós, os da casa-grande" e aqueles que ainda moravam na "senzala dos tempos de cativeiro".
Em certo sentido, Lins do Rego utilizou a ficção para tratar dos mesmos temas que Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, que seria publicado um ano depois. E esse é somente um dos aspectos pelos quais vale a pena ler a obra.
Leitorconvicto 02/05/2024minha estante
Uma obra que gosto, é um retrato bem crítico, vale muito a leitura




Igor 13/12/2010

Muito Bom!
Realmente, eu me surpreendi com este livro.
Sempre achei literatura brasileira extremamente chato, porém minha perspectiva mudou ao ler "Menino de Engenho" (e pretendo ler o ciclo de cana-de-açúcar todo)
É uma leitura ótima, linguagem simples e fácil!

Muito Recomendado!
Ariano 16/05/2017minha estante
que caba ignorante com a literatura brasileira




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