Mendes78 21/02/2020
Amei o Caio
Eu não sei nem como começar a falar sobre esse livro que me abalou de uma maneira totalmente nova e diferente, Caio Fernando Abreu, um autor do cânone literário (Obrigado Caio por ter me ensinado isso, não não é o Caio autor é o Caio amigo meu, Caiozineo) Enfim, um autor considerado clássico e considerado uma leitura muito importante para determianados vestibulares que por essa razão eu achei que não seria tão legal e talvez até chato de ler (Como machado, me desculpa gente mas machado não desce kkkk) mas acabou se tornando umas das minhas leituras favoritas de todas.
Enfim é o seguinte: eu não vou fazer uma resenha super detalhada sobre devido ser uma obra histórica porque eu não me considero com capacidade para fazê-lo mas direi aqui minhas impressões pessoais.
O fato é que o Caio escreveu esse livro na década de 70, terminou de escrevê-lo perto do finalzinho da década já. Se nós pudermos nos lembrar bem, nessa época estava rolando aqui no Brasil a Ditadura Militar, época complicada no nosso cenário principalmente para os criadores artísticos.
Nas minhas pesquisas eu não consegui descobrir se os contos de Caio nesse livro foram censurados ou não o fato é que ele aborda muitos temas que na época com certeza seriam trocados por receita de bolo se fossem ser publicados num jornal. Nessa época ainda estava surgindo o movimento da contracultura, um movimento que ia contra o “American way of life” que consistia basicamente no consumismo exagerado, foi nessa época que surgiu o movimento Hippie e o da Tropicália no Brasil.
O livro é separado em duas partes, a primeira sendo chamada “mofo” tem personagens bem fortes que mostram muito da descrença de que a utopia da contracultura fosse dar certo, enquanto os da segunda parte “morangos” mostrava muito de uma nova esperança, de que as coisas podem melhroar.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o fato de cada conto ser bom o suficiente para te fazer parar para digerir as palavras entre um e outro, Caio aborda temas como a homossexualidade, amizades fortes, preconceito, a propria ditadura nas entrelinhas, claro, e muitos outros temas que eu não estava esperando ver num livro de 1970/80.
Eu queria poder comentar um pouco sobre cada conto mas eu não consigo falar sem dar spoilers, cada um deles conseguiu mexer comigo de alguma forma e todos eles tem uma profundidade muito grande, a forma como o Caio escreve é sensacional.
Ao final do livro Caio termina com um ultimo conto de mesmo nome do titulo do livro. Onde nele podemos enteder toda a metáfora que está por detrás da estrutura dos contos e da própria capa do livro. Nele podemos sentir a angustia e a esperança. Em minha interpretação eu vejo muito do cenário de se sentir preso e sem ter o que fazer com a situação polítca da época, que não deixa de conversar infelizmente com a nossa atualidade onde estamos vendo muitos dos antigos erros se repetirem.
Contudo a mensagem que nos é passada pelo autor é que embora sintamos esse gosto de morangos mofados na boca, ainda podemos tentar plantar novas mudinhas em um novo vaso e quem sabe mais pra frente sentir o gosto da fruta no seu mais perfeito estado.
Como se não bastasse tudo isso ainda temos no final uma carta de Caio par aum amigo chamado “Zezim” que foi escrita em 22 de dezembro de 1979, escrevendo para ele falando sobre o processo criativo e incentivando o amigo a escrever. Ele menciona a música dos Beatles “Strawberry fields forever” Que inspirou o último conto do livro. Nesse momento ele dedica a música para o novo ano que vem e continua seu texto dando dicas para o amigo.
"Você me pergunta: que que eu faço? Não faça, eu digo. Não faça nada, fazendo tudo, acordando todo dia, passando café, arrumando a cama, dando uma volta na quadra, ouvindo um som, alimentando a Pobre."
Fato Curioso: Quem me recomendou esse livro foi um amigo chamado Caio (sim aquele lá do início do post), descobri muitos fatos curiosos da vida do Caio através de um amigo chamado Rafael, que por sua vez também começou a ler Caio Fernando atravéz de morangos mofados pasme: Também foi indicação de um amigo chamado Caio. Além de tudo isso, a carta para o zezim foi escrita no final de 1979 para 1980 e eu terminei de ler esse livro entre a ultima semana de 2019 e nos primeiros dias de 2020. Não pude deixar de relacionar a carta comigo mesmo e com a época em que nós estamos vivendo.
Morangos Mofados – Caio Fernando Abreu (★★★★❤)
Algum de vocês já leu algum conto do Caio, já conheciam ele ou tiverma experiência parecida com algum livro do canône? Me conta no meu blog abaixo
site: https://guigomendes.wordpress.com/2020/01/08/morangos-mofados-resenha/