Guilherme Ramos 08/12/2020
Romance espírita raiz, fascínio árabe e a lição do perdão. LINDO DEMAIS !!!
Um romance mediúnico que dá gosto de ler, desfilando pelos cenários árabes, onde os devaneios e caprichos de um Sultão desarmoniza uma leva de espíritos encarnados naquela época, século XVII, em que o nome do Cristo quase não era pronunciado.
Atos de crueldade, traições, cobiça, ganância, vinganças e obsessões, paixões e injustiças são entrelaçados sob o céu da distante Bagdá, nas vielas públicas, no cais, no porto ou mesmo no suntuoso palácio do Sultão Emir Omar...
Condenado pelo Sultão devido a um ato de traição cometido, Farid Camur entregou sua filha Sarah ao casal Abraão Salus e Fáuzia que viviam distante de Bagdá, para que os mesmos pudessem criá-la com todo o amparo necessário. Ele (Farid Camur) era homem de confiança do Sultão e com a punição aplicada, já que o Sultão era a autoridade máxima local, não podendo ninguém contestar suas ordens, torna-se um escravo mercador, onde passa a ser responsável por raptar em outras terras pessoas de todos os tipos para servir ao Sultão em seu palácio, principalmente moças jovens e virgens para compor o seu harém.
17 anos se passam e Sarah deve voltar para casa e para seus verdadeiros pais, Farid e Lemura Camur. Ela foi criada com todo amor por Abraão Salus, mas, não conseguiu amolecer o duro coração de Fáuzia e está dividida entre a saudade que sentirá pelo amado pai de criação e o alívio das rabugentices da mãe de criação, que embora essa nunca a tenha desferindo um golpe sequer ou mesmo dirigido uma palavra ofensiva não a maltratando, mas, que simplesmente fazia questão de ignorar ou até mesmo desprezar a presença de Sarah em sua residência.
Começa então um novo caminho para Sarah Camur, uma nova trajetória de descobertas e aventura, de dores e amores. Ela se apaixonará pelo plebeu Celmo Robel, espírito esse que narra toda a história, por ter participado do cenário remoto, mas, também participará de um amargo triângulo amoroso, onde ao mesmo tempo sofre com as obsessões de Tulí, antiga escrava do Sultão Emir Omar, dentre outros inimigos seus e de sua família.
É uma verdadeira história de fascínio árabe, dividido em duas partes, sendo a primeira Sob o céu de Bagdá, narrado de forma intensa e poética e a segunda parte no plano espiritual, especificamente na colônia Vila Marina, onde Celmo Robel aprenderá depois de redimido e liberto dos laços do passado e das dores internas vivenciadas ainda em carne, as verdadeiras lições espirituais, o desapego, a aceitação e a descoberta do verdadeiro amor, o amor sem interesse capaz de renunciar muitas vezes a própria felicidade.
Sarah também trilhará pelos caminhos do aprendizado em plano terreno e conhecerá as verdades espirituais sobre a imortalidade da alma, a justiça divina e os processos reencarnatórios, sem perder ou abalar sua fé em Alah, onde no futuro compreenderá o porquê de tantas dores, tantos sofrimentos, angústias e renúncias, pois tudo fez e faz parte de um processo evolutivo para que se possa reconectar com o verdadeiro amor e com a essência divina.
Por fim, um livro lindo e encantador para resumir de forma objetiva. Achei fascinante a história e diversas vezes me peguei emocionado, precisava ler um romance espírita raiz e tão bem escrito como esse, onde se destaca também a importância do perdão para seguir em frente, sobre como é um sentimento sublime e redentor, onde nos ajuda a perceber o quão antigo é o nosso espírito que por tantas terras, tantos mundos já vivenciou e andou, em busca do aperfeiçoamento moral e espiritual, batalhando contra nossos próprios orgulhos e defeitos de várias ordens, lindo, lindo, lindo, indico muito a leitura desse livro, perfeito !!!
Frases destacadas:
“Assim é a vida. Um constante de risos e lágrimas que sorvemos gota a gota para a nossa redenção espiritual. O martírio de nossos Espíritos é que, muitas vezes, voltamos a Terra em busca da redenção de nossas almas e falhamos. O orgulho, a vaidade, a falta de humildade, o dispensar as oportunidades que nos são colocadas no caminho, são os maiores obstáculos à nossa evolução, prolongando, então, nossa jornada de sofrimentos”.
“Orar é entrar em sintonia como o Criador reafirmando e pedindo forças para seguir adiante como o compromisso de concluir nossa missão na Terra com dignidade. Nada devemos pedir, nada precisamos realmente pedir, pois que Deus, nosso Pai, tudo sabe e a todos provê conforme a sua necessidade no momento adequado e preciso. Devemos apenas agradecer, agradecer sempre, mesmo quando tudo nos parece obscuro e sem solução. As dificuldades que são colocadas em nosso caminho são na verdade a escada luminosa que levará à evolução de nossas almas tão endividadas”.