O fuzil de caça

O fuzil de caça Yasushi Inoue




Resenhas - O fuzil de caça


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Rejane Melo 24/05/2022

Três mulheres, três cartas, três versões de um mesmo homem, uma traição. Nesse romance epistolar, Inoue é extremamente sensível ao abordar a solidão dessas personagens, neste recorte de um acontecimento trágico.
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Diego Rodrigues 16/05/2021

"Amar, ser amado: como são tristes nossos atos"
Publicado pela primeira vez em 1949, no período do pós-guerra, "O Fuzil de Caça" explora as camadas ocultas de uma cultura até então extremamente fechada, engessada por tabus e profundamente traumatizada. Nesse romance epistolar, o primeiro do japonês Yasushi Inoue, somos colocados na posição de voyeur de uma relação extraconjugal. Tudo começa quando um escritor recebe um convite para publicar um poema em uma revista de caça. Tal poema, intitulado "O Fuzil de Caça", acaba destoando totalmente do conteúdo da revista e chamando a atenção de Josuke Misugi, um caçador. Tem início então uma troca de correspondências entre escritor e caçador na qual um aparente corriqueiro caso de traição tem todas as suas camadas e perspectivas reveladas, ganhando assim ares de poesia.

Mas "O Fuzil de Caça" é bem mais que uma história de infidelidade. É também uma história de perda, luto, dor, amor. Uma obra melancólica, dura e tristemente bonita. O que começa com um caso banal vai evoluindo, com a leitura das cartas, para algo grandioso e profundo. Solidão é a palavra que melhor descreve esse livro. Aqui ela é palpável e perigosamente atraente, como uma serpente que vai se enrolando em torno da gente ao longo da leitura, e no final, quando nos damos conta, já estamos envolvidos até o pescoço e a ponto de sermos esmagados por esse pequenino de pouco mais de cem páginas. Uma obra que explora os recônditos humanos e reflete o que é viver e estar exposto às intempéries da vida e às imperfeições que nos tornam seres humanos.

Sem dúvida essa foi uma das experiências mais significativas que já tive com a literatura japonesa. Em poucas páginas o autor conseguiu me envolver em uma atmosfera sensível e melancólica, típica da literatura oriental, e provocar uma torrente de sentimentos (que ainda estou digerindo). "O Fuzil de Caça" foi uma leitura que conversou profunda e intimamente comigo e Yasushi Inoue é um autor que com certeza irei revisitar em um breve futuro.

site: https://discolivro.blogspot.com/
A pilha de livros 16/05/2021minha estante
Excelente resenha para um livro difícil de resenhar! ??????


Diego Rodrigues 16/05/2021minha estante
Obrigado! Esse realmente não é um livro fácil de resenhar, tem uma carga emocional muito grande. Feliz que tenha gostado da resenha ?




Pablo Paz 21/06/2022

A concisão da língua
Romance epistolar é difícil de se fazer porquanto, ao contrário do que muita gente pensa, é muito fácil para o escritor deixar um monte de falhas estruturais e chamar isso de 'lacunas' a serem preenchidas pelo leitor. Muitas vezes é só falha mesmo. O livro de Yasushi Inoue não tem falha alguma: a partir de uma traição conjugal, o autor entrelaça três cartas de três mulheres afetadas por ela, mas de forma tão primorosa que fiquei pensando como fez isso em meras 112 páginas! Não sou linguista, mas penso que essa qualidade deve ter a ver com as possibilidades (de força, estilização e concisão) da língua original em que foi escrita. Vale a leitura.
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Sofia688 11/06/2023

Interessantíssimo!
É um livro de linguagem simples e poética! Foi uma leitura rápida e muitos interessante em que o autor consegue passar o sentimento de solidão juntamente com os amores e a alegria através de um romance epistolar! Gostei muito da leitura, me prendeu do início ao fim com as diferentes perspectivas das personagens sobre um relacionamento extraconjungal.
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Carol 15/05/2023

Sobre ele?.
Leitura rápida! Gostei da história e das cartas que foram enviadas ! Mas espera mais do final do livro.
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@quixotandocomadani 04/02/2022

“Que tolo é o ser humano por desejar a qualquer custo que outros o entendam.”
Gosto bastante de literatura oriental e essa leitura nãofoi diferente! 100 páginas com diagramação bem espaçada, eu li numa sentadaporque para variar, curiosa para saber o final.

Mas, folheando pelas frases que marquei  acabei relendo várias partes. E como é diferente reler (mesmo logo após de ter lido) porque como já sabemos todas aspartes, passamos a enxergar os diálogos e pensamentos de outra forma.  

Nesse livro, um escritor publica um poema chamado “O fuzilde caça” sobre um senhor de meia idade que ele viu e chamou sua atenção, pois “ovulto lhe transmitiu uma terrível solidão”, um poema sobre o fuzil de caça e a solidão humana.

“O que o teria feito armar-se com um instrumento de açobranco, tão frio e luzidio, para acabar com a vida das criaturas? ”

Esse senhor (Misugi), lê o poema, se reconhece nele e enviauma carta para o nosso escritor, junto com outras três cartas de três mulheresdiferentes que foram endereçadas a ele. E então conheceremos o que aconteceucom o Sr. Misugi, por meio de três relatos sobre o mesmo acontecimento. 

Uma narrativa muito bela sobre a tristeza, o amor, a morte ea culpa.

site: https://www.instagram.com/quixotandocomadani/
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Juno.Cruvinel 27/02/2023

Inesperado..
Realmente não esperava o que viria com esse livro.. mais que tudo, o que gostei foi a forma da escrita, das cartas, a forma cultural de contar os sentimentos.. livro de fácil leitura e que vale a pena
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yoshii 01/05/2023

Completamente sugada pelo livro
É uma leitura rápida, tanto pelo número de páginas, quanto pela estrutura.
O livro gira em torno de cartas enviadas a uma pessoa, que as envia para um escritor analisar.
Eu não sabia que o livro tinha começado, até parecia uma história de não-ficção, porque ele explica o motivo das cartas terem chegado a ele e eu pensei que ele tinha inspirado uma história sobre isso - mas isso já era a história.
Eu achei envolvente e com temas polêmicos.
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Ale 26/05/2023

"Que tolo é o ser humano por desejar a qualquer custo que outros o entendam."

"O mundo dos adultos me pareceu uma insuportável solidão, tristeza e pavor."

"Assim, mesmo eu estando morta, minha vida estará presente no conteúdo desta carta até que você termine de lê-la; ao abri-la, no instante em que puser os olhos sobre a primeira palavra, voltarei a me animar, e quando tiver acabado de ler a última, quinze ou vinte minutos depois, minha vida fluirá por todos os cantos de seu corpo, como quando eu estava viva, preenchendo seu coração com várias lembranças."
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Jessé 27/06/2021

Deprimente.
Por algum motivo eu comecei a ler esse pequeno livro uns meses atrás, e simplesmente acabei deixando ele parado e provavelmente foi porque talvez não era o momento para lê-lo. Como o livro é bem curto, resolvi ler tudo novamente, e me surpreendi como cada palavra fez mais sentido dessa vez.

A estória contada de forma epistolar, acompanha um caso de adultério e quais as consequências que aquilo acarretou na vida de cada uma dessas três mulheres, que escrevem cada uma delas, uma carta ao único personagem homem dessa narrativa. Essas três mulheres são: A esposa traída, a Amante, e a filha da Amante que acaba descobrindo o caso que sua mãe vivia.

Vendo por essa perspectiva, pode parecer uma leitura banal e artificial, mas não é apenas o problema do adultério em si que atormenta esses 4 indivíduos. Existe muito mais abaixo da superfície, e quanto mais você vai lendo essas cartas, mais você vai se afundando na melancolia desses narradores.

Achei um livro muito bem escrito e poético. Mas ele me deixou melancólico e triste ao final da leitura, e fiquei remoendo trechos dessas cartas posteriormente.

Ao meu ver o livro atingiu seu objetivo, e por isso recomendo sim. É uma leitura muito boa e rápida.
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Renata 01/05/2022

Da vida e suas escolhas
Na forma é um livro curtinho, 102 páginas, composto por um preâmbulo, três cartas e um epílogo. Assim, o corpo do livro é formado primordialmente por três vozes femininas, autoras das referidas cartas: Shoko, Midori e Saiko. O elo entre as missivas é o destinatário em comum: Josuke Misugi, respectivamente tio, marido e amante.

A união das cartas e, consequentemente, sua leitura por um terceiro, se dá de um modo inusitado. Tempos depois de publicar em uma revista um poema que destacava a solidão percebida na caminhada de um caçador com seu fuzil, pela paisagem branca, e possivelmente também desoladora, de neve, o autor recebe uma carta do sujeito observado e descrito no poema, Josuke Misugi.

Ao entrar em contato, Misugi não só se identifica, como traz os fatos que acredita justificar sua então figura de “terrível solidão”, a qual não refletia o homem que havia sido em outro tempo, em que inspirava respeito em sua vida pública e privada.

As cartas de Shoko, Midori e Saiko, apesar de não conversarem diretamente entre si se completam e constroem o panorama mais ampliado da vida de cinco pessoas. Isso por que, apesar de não ter voz nessa história, o ex-marido de Saiko me parece parte essencial. Mais do que o desvelamento promovido por Midori, que causaria o desfecho da história, o grande impacto causado em Saiko acontece ao receber notícias daquele marido do qual havia há muito se separado ao descobrir sua traição.

É difícil falar do livro sem dar muito spoiler, e também por que a escrita de Inoue é muito limpa, direta e não nós oferece interpretação enquanto aquele que nos apresenta a história, ele joga tudo no nosso colo e o leitor que se vire. O texto é de 1949, período pós-guerra, e mesmo com seus mais de 70 anos me pareceu o que de mais moderno eu li em relação a autores japoneses, embora não tenha sido muito, é verdade.

Não há descrições de hábitos, rituais ou elementos de cultura tradicional japonesa, a história de passa nos sujeitos e ainda assim é difícil os explicar, mesmo conhecendo os fatos não é óbvio explicar suas motivações, é quase necessário um aporte psicanalítico para entender Midori e Saiko.

É na dependência do modo que essas duas mulheres lidam com seus desejos que não somente suas vidas, mas a de todos a seu redor é marcada, e marcada por uma solidão que irradia e toca a todos.

Recomendo fortemente.
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Paola65 28/02/2023

Encantador
3 cartas de 3 mulheres... Amante, filha e esposa. Ponto central a vida delas. O homem que é o esposo, amante e tio, é apenas uma conexão mas a vida e história é toda delas, que é o centro de tudo, e com visões diferentes dos fatos e segredos que só virão a tona após uma morte. Nada aqui é spoiler. Esse livro é apenas uma história contada. Agora te pergunto qual é a sua serpente interior??
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Ladyce 22/11/2016

2016 trouxe-me alguns livros pequeninos e impactantes. Belos e sucintos. Simples na aparência, complexos no que entregam. O fuzil de caça do escritor japonês Yasushi Inoue é um deles. Uma pequena obra prima, um diamante facetado pelas cinco vozes que o constroem.

Um poeta publica numa revista de caça, um poema-prosa, baseado na figura de um homem desconhecido que viu um dia numa paisagem de inverno com um fuzil nas costas. Ele dá ao poema-prosa o nome: O fuzil de caça. (Curiosamente o mesmo título da obra que temos em mãos.) O poema pouco tem a ver com a temática da revista em que apareceu. O tempo passa. Eis que o poeta recebe uma carta de um leitor se identificando como o personagem daquele poema. A carta e sucinta e direta não deixando muita informação sobre seu autor. No entanto, ele recomenda ao poeta que leia as cartas num pacote que mandará em futuro próximo. para que entenda o que pensava naquela manhã de inverno. Dias depois o poeta recebe um pacote com cartas de três mulheres diferentes que endereçadas ao caçador descrevem-no de acordo com cada uma de suas visões: a sobrinha,a amante e a esposa.

É um jogo de espelhos. Primeiro temos a visão do poeta sobre um homem desconhecido. Lemos o poema-prosa e nós mesmos construímos um personagem, vagamente baseado no poema. Depois alguém se reconhece naquele poema. E assim como o poeta, cujo nome não é revelado, fazemos novos conceitos sobre esse caçador através primeiro, de sua formalidade ao se comunicar depois nas vozes de três mulheres distintas, que a ele se dirigiam. O jogo epistolar é fascinante e Josuke Misugi, personagem principal, emerge multifacetado. Que isso seja compreendido em 102 paginas é fenomenal.

Esse foi o primeiro livro do autor que li. E agora Yasushi Inoue irá para a lista de autores que preciso ler. É autor de quase cinquenta obras e poucas estão traduzidas para o português, mas há muitas em inglês. Não só ele me seduziu pela complexa construção dessa obra, pela ambiguidade deixada entre o texto publicado na revista e aquele que lemos, pelas vozes individuais de cada uma das mulheres; como ele também me impressionou pela beleza da linguagem e pelas elipses necessárias para construir em três dimensões o enigmático caçador.

Recomendo com prazer essa pequena obra.
Nanci 22/11/2016minha estante
Adorei sua resenha, Ladyce. Normalmente elas aumentam minha lista de desejados; e, quando leio os livros que você recomenda com prazer e embasamento, lembro que suas resenhas são um aperitivo saboroso para a leitura em si. Obrigada!


Luana 22/11/2016minha estante
Mais uma resenha super instigante!


Graice Magalhães 22/11/2016minha estante
Sim....pela resenha, já entrou na minha lista.


Ladyce 22/11/2016minha estante
Obrigada meninas, Nanci você também faz umas SENHORAS resenhas! Beijinhos a todas três.


Letícia 23/11/2016minha estante
Como sempre Ladyce faz com que tenhamos curiosidade para ler as obras resenhadas e também nos alerta para nem passar perto de algumas. E por isso, lá vai mais um livro para minha enooooooooooooooooorme listas que quero ler.




r.morel 05/04/2017

Os fragmentos nas sombras de um labirinto amoroso
Um romance epistolar… que gênero literário mais anacrônico… se tem algo fora dos nossos padrões tecnológicos contemporâneos com certeza é o livro escrito em formato de sucessivas cartas, o livro que utiliza a conhecida estrutura das cartas para destrinchar uma narrativa, um personagem, um conflito. O romance epistolar é pura literatura - quantas obras-primas foram concebidas nesse estilo, desde o terror gótico de “Frankenstein” (1818), de Mary Shelley, até “Os sofrimentos do jovem Werther” (1774), de Goethe -, um meio interessante para entrar nos sentimentos e pensamentos dos personagens sem necessariamente usar a técnica do monólogo interior (como Virgina Woolf, Clarice Lispector, James Joyce, três dos mais famosos a usufruir do artifício, cada um na sua maneira genial), porém, tão forte quanto para mostrar ao leitor como se sucedem as revoltas emocionais inconscientes.

“O fuzil de caça” (1949), de Yasushi Inoue, é formado pelo Preâmbulo (onde o escritor/narrador explica sua inspiração para escrever o poema sobre um homem indo caçar e como recebeu de um leitor do poema, Josuke Misugi, cartas pessoais sobre uma complicada relação amorosa deste - todas endereçadas a Misugi pelos envolvidos direta e indiretamente); A Carta de Shoko (a autora é a sobrinha de Misugi, que aqui revela suas impressões sobre, entre outras coisas, a relação do seu tio com sua mãe); A Carta de Midori (quem agora escreve para Misugi é a sua mulher); A Carta de Saiko (póstuma: a mais dramática, a mais íntima; e pela terceira vez escutamos sobre os encontros, os pontos positivos e as falhas do relacionamento, como se o Yasushi Inoue quisesse dar uma chance aos principais envolvidos de se explicarem, de contarem suas versões dos fatos, de se defenderem se os acusassem) e um Epílogo (a voz retorna ao escritor/narrador para um balanço final sobre a união parcial de Misugi e Saiko).

É um livro sucinto, objetivo, sem enrolo, construído na reconhecida elegância da literatura japonesa que parece, de maneira calma e tranquila, depositar as palavras e frases cada uma em seu determinado lugar sem o mínimo de trabalho como se de antemão seus escritores (Yasushi Inoue um desses) soubessem exatamente de onde pinçá-las e exatamente onde colocá-las e com quem uni-las para atingir o efeito pretendido de névoa sublime sobre nossos olhos. “O fuzil de caça” é coeso; as três cartas - partes principais da história, do desenvolvimento da história extraconjugal de Misugi e Saiko - contrabalanceiam-se harmonicamente sem uma sobrepor-se a outra, a carta seguinte sempre confessando uma particularidade não exposta na carta anterior, a carta seguinte contribuindo com a carta anterior, complementando-a e, ao mesmo tempo, reforçando suas suposições.

As versões de Shoko, Midori e Saiko são interpretações verdadeiras; todas reconstroem o relacionamento que nasceu escondido, terminou encoberto; desnudam Misugi, que tem seu retrato pintado por essas três mulheres da sua vida; primeiro Shoko, depois Midori, enfim, Saiko, todas elas relatam trechos esparsos que iluminam um pouco a existência de Josuke Misugi para o escritor/narrador, mas ele, como o leitor, como nós, não põe um imperioso ponto final no julgamento; na janela, com o frio noturno em seu rosto, Yasushi tem dúvidas semelhantes às nossas, semelhantes às dos próprios personagens participantes desse enredo, dessa história de amor entre Misugi e Saiko.

site: [Outras Breves Análises Literárias em popcultpulp.com]
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DêlaMartins 18/12/2022

Cartas que revelam
Poucas páginas, espaçamento agradável, li rapidinho! E, gostei! Em 3 cartas de 3 mulheres, o autor conseguiu entregar a história de um homem que se tornou solitário.

Gostei.
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