A reação às idéias de Maquiavel já provocou muitos protestos ao longo dos tempos.
Essa oposição violenta se origina do rude realismo que ele utiliza no livro, de não fazer qualquer concessão às utopias e especialmente da decisiva ruptura que assume em relação ao discurso ético que durante toda a Idade Média acobertou e amenizou os rigores da disputa política.
É essa ruptura que escandaliza. Na Idade Média, política e ética andavam de mãos dadas, pelo menos no discurso da Igreja Católica, responsável principal pela produção da ideologia no período. Intrinsecamente renascentista, Maquiavel zomba dessa concepção. ‘Ele expulsa, da política, a metafísica’.
O Estado na obra maquiaveliana não tem a função de assegurar a felicidade e a virtude, conforme as concepções aristotélicas.
Para Maquiavel, a lei básica da natureza é a mutação competitiva, onde tudo se transforma o tempo inteiro e nada se define por ser melhor ou pior. Na natureza, sobreviver é a glória, não importa como ela é alcançada. Porque, além do mais, existir é uma vitória que precisa ser obtida e renovada a cada instante.