Durante os muitos séculos de civilização, toda uma História correu paralela àquela narrada nos livros. Por não pertencer aos sistemas políticos e religiosos estabelecidos, essa História era mantida através de manuscritos e — principalmente — através da tradição oral. Mas ela existia, e seus personagens e heróis eram homens que buscavam respostas para as mesmas questões que os filósofos, cientistas e pensadores procuravam. Só que esta procura era feita de maneira muito pouco ortodoxa, pois envolvia coisas como Fé, Espírito, e processos mágicos. Por causa do seu isolamento, e por causa das respostas que desnorteavam mais que orientavam, essa História passou a ter uma lógica própria, diferente daquela a que estamos acostumados, e foi sendo cada vez menos aceita pela sociedade.
Mas essa História persistiu e conseguiu chegar até aos dias de hoje, como se sua mensagem fosse destinada para o homem do final do século XX. De repente todos aqueles processos e descobertas passaram a ser aceitos. O pensamento de nossa civilização, esgotada com seus próprios processos, enfim, faz justiça àqueles homens e mulheres que — caminhando na obscuridade, lutando contra a sociedade estabelecida, enfrentando os preconceitos e a intolerância, aceitando o martírio — não deixaram que todo um processo de conhecimento se perdesse na noite dos tempos.