Em "Memórias sentimentais de João Miramar" o romance retraça a vida de João Miramar, uma espécie de caricatura do homem das classes mais favorecidas — herdeiro da cultura do café, fascinado pelas coisas estrangeiras, distante do cotidiano brasileiro. É uma sátira, selvagem e por vezes melancólica, do veio memorialista da literatura brasileira, em que os filhos das famílias mais abastadas reescrevem sua própria trajetória. "Serafim Ponte Grande" é um romance paulistano, em que tipos, nomes, lugares, circunstâncias históricas e relações sociais da grande metrópole estão presentes. Ao mesmo tempo, é um romance urbano no sentido lato, pois tudo nele reflete o ritmo e a visão de mundo desencantada (em mais de um sentido) do homem urbano. Ainda, é urbano na linguagem, tanto no nível textual, em seu estilo, quanto no nível estrutural (como bem descreve Haroldo de Campos). Pois, incorpora todas as conquistas da arte moderna, como a ironia, o coloquialismo e a fragmentariedade, mas principalmente a consciência construtiva. O romance não se pretende mais uma imitação da realidade, pois se sabe um romance.
Literatura Brasileira