Mia Couto nos ensina que o que "o poeta faz é mais do que dar nome às coisas. O que ele faz é converter as coisas em aparência pura. O que o poeta faz é iluminar as coisas". É exatamente isto que Ana Santos faz em Móbile, sua estreia em livro de poesia. Difícil de acreditar, tamanha a maturidade de seus poemas, tamanha a força de iluminação das coisas pela palavra.
Dividido em três partes, "Garatujas e um autorretrato", "Algo rebenta" e "O retrato na parede", Móbile nos brinda com poemas de sensibilidade ímpar, com versos como estes de "Medo": "O Sol surpreende as faces/ mudando/ nos espelhos". Versos que recuperam nossa melhor tradição poética de voz feminina em Cecília Meireles.
Difícil crer que é a estreia de Ana Santos, diante do primor da poesia e do quilate das epígrafes. o que nos revela a grande leitora e poeta, que converte as coisas em sensibilidade pura, iluminando-as com sua palavra poética.
(Márcia Ivana de Lima e Silva)
Poemas, poesias