Moeda sem Efígie

Moeda sem Efígie Jelson Oliveira


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Moeda sem Efígie


a crítica de Hans Jonas à ilusão do progresso




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  O Progresso é uma das marcas centrais da Modernidade, servindo de epíteto laudatório para as ações humanas que, amparadas no avanço tecnocientífico, atiraram-se contra a Natureza, validadas por uma ilusão autoconfiante que tudo explora e instrumentaliza a seu favor. As consequências nefastas dessa ilusão não tardaram, contudo, a aparecer e suas implicações são de tal gravidade que exigem uma análise crítica de um dos mais importantes fundamentos de nossa civilização. A essa tarefa a Filosofia deve entregar-se (a sua primeira “tarefa cósmica”) e a ela Hans Jonas emprestou sua voz, denunciando o Progresso como uma moeda sem valor que, embora gasta e sem efígie, continua sendo usada como [otimista e perigosa] ilusão e objeto de crença. Tal tarefa começa de forma descritiva e pressupõe um esforço axiológico capaz de aferir a real validade das mudanças em andamento. O resultado é uma perspectiva crítica, que denuncia a falsidade da moeda e elenca a urgência de novos valores, tais como a frugalidade, a moderação e, sobretudo, a responsabilidade. Ao invés da ilusão do Progresso, Hans Jonas defende um Progresso com precaução.

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Quando Nietzsche escreveu que “as verdades são ilusões” e “moedas que perderam sua efígie e entram em consideração como metal, não mais como moedas”, ele traduziu de forma precisa a mais importante entre as tarefas filosóficas: reconhecer a validade das ilusões que preenchem o cotidiano humano e orientam ações individuais e coletivas ao longo da história. Partindo do cenário contemporâneo da degradação ambiental, acelerada pelas mudanças climáticas e todas as consequências do uso inebriado da tecnologia, poderíamos afirmar que nenhuma ilusão tem sido tão fortemente arraigada e tão fecunda em implicações do que o Progresso. Moeda sem efígie traduz o esforço de seu autor em trazer o pensamento do filósofo alemão Hans Jonas ao cenário dessa crise, ressoando hoje as intuições nascidas há mais de 40 anos, quando era lançado – com ampla repercussão – Das Prinzip Verantwortung. No ano em que celebramos os 120 anos do nascimento e os 30 anos da morte de Hans Jonas, Jelson Oliveira traz a lume uma reflexão que tem por objetivo atualizar o pensamento jonasiano, na medida em que seu diagnóstico tem se tornado cada vez mais eficiente, embora as consequências por ele apontadas, sejam ainda mais graves, perigosas e nefastas. Este ensaio quer, portanto, situar o/a leitor/a em relação ao debate e, ao mesmo tempo, apresentar os principais argumentos que tornam Hans Jonas um crítico ácido da “ilusão do Progresso”, cujo esforço não é voltar-se para o polo oposto, mas esboçar filosoficamente a possibilidade de um “Progresso com precaução”, conforme sua própria formulação. Ao fazê-lo já experimentamos o que é próprio da Filosofia: tomar uma ideia gasta e dar-lhe, por meio da crítica, um novo valor. Oxalá o/a leitor/a saia deste livro mais convencido teoricamente dos equívocos de algumas ideias consideradas inquestionáveis, dado que óbvias; e muito mais animado a alterar seu próprio estilo de vida, em vista de uma existência mais autêntica, mais sóbria, mais responsável e, por isso, mais feliz.

Política / Sociologia

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