Não se engane o leitor: aqui ele vai encontrar muito mais do que poesia. O título original, Allegro ma non troppo (lira dos cinquent’aninhos), dá algumas pistas da musicalidade que conduz o andamento da leitura, bem como do toque de humor que tempera as riquezas vocabulares e temáticas, descontruindo as profundezas poéticas (ainda assim presentes) em fluências que cabem até numa conversa de bar.
Basta ler, em contraponto, o “Terceiro soneto bolorento” e o genial “Soneto monossilábico” para ver que é possível conjugar tradição e contemporaneidade, em forma e conteúdo, de maneira criativa.
Com este seu terceiro livro – rebatizado Na franja dos dias para trazer à tona um de seus temas principais, o tempo que nos foge – e trazendo sempre o inesperado na ponta da língua (ou do lápis), Marcelo Sandmann confirma sua trajetória como um dos poetas mais originais da atualidade.