A literatura contemporânea, muitas vezes, é vista de maneira unilateral. Através das listas dos "mais vendidos" publicadas pela imprensa de todo o mundo, se estabelece entre os leitores e o que deve ser lido ou não. Este fenômeno é discutido pelo crítico literário Alfonso Berardinelli, no livro Não incentivem o romance e outros ensaios - uma união das conferências feitas pelo autor em diversas universidades, publicado pela Nova Alexandria em co-edição com a Humanitas Editorial, que trazem desde um panorama da literatura italiana até uma reflexão sobre o romance como gênero literário. No ensaio O best-seller pós-moderno: de O Gattopardo a Stephen King, Berardinelli se coloca como um ensaísta de oposição, para quem a literatura está intimamente ligada à moral e à política. O best-seller é visto como um "anti-livro", produzido para "caçar" leitores. Sua justificativa é feita a partir de dois autores exemplares: Umberto Eco e Stephen King, o brilhante acadêmico e o mestre do horror. Sobre o gênero romance, o autor apresenta considerações pessimistas. Parte da tese de Abraham Yehoshua de que a democracia mata o romance e questiona a aparente revitalização do gênero e a volta à moda da "narratividade" nas ciências sociais como "parte daquela disseminada democracia cultural, fatalmente hipócrita, que deve oferecer a todos a possibilidade ou a ilusão de ser tudo: até romancistas". Completa o volume o panorama de 50 anos de literatura italiana (1945-1995), traçado em três conferências dedicadas à poesia, à narrativa e à ensaística na Universidad Nacional Autônoma, do México, em 1995 e publicadas em livro em 1996. Um livro que explora as mudanças ocorridas no modo de se compreender o que é a literatura contemporânea. Mudanças que nem sempre são percebidas ou questionadas.