Segundo a tradição, o mineiro trabalha em silêncio. Para o negro, essa tradição deve ampliar-se com os sentidos de rezar e resistir às opressões sociais. A Comunidade dos Arturos metaforizou esse silêncio, transformando-o - através da sua herança religiosa - em linguagem que reconhece, resgata e mantém a identidade do grupo. Os Arturos reelaboraram dentro do catolicismo a magia ritual dos antepassados, expressando-a no canto, na dança e, sobretudo, num comportamento cotidiano que insere a Comunidade na grande ontologia da família negra. Sendo brasileiros e mineiros, os Arturos geraram a sua linguagem, incorporando-a à multiplicidade de vozes e significações que se deixam entrever no silêncio que a tradição reclama para Minas Gerais.
Artes / História / Sociologia