No Dorso do Leão nos presenteia com um retrato íntimo do universo feminino, em sua desordem emocional e potência criativa.Entre a escuridão e a luz, entre o salto da fé e a cavalgada selvagem de um leão, duas mulheres, uma madura e outra jovem, se encontram e se reconhecem na tessitura da escrita. Movendo-se num ambiente de caos interior, Eduarda e Branca elaboram a si mesmas num tecido alinhavado por metonímias, referências literárias, ficção do vivido e figuras mitológicas. Cada qual ao seu modo, ela se despem diante do leitor em busca da apropriação de uma linguagem própria: a descoberta e a exploração de um infinito particular incorruptível.A construção da identidade feminina, algumas vezes demasiadamente aberta, outras, intuitivamente guiada pelo afeto e pela entrega, aparece como o fio de Ariadne a conduzir o leitor por entre labirintos erigidos por comoções, inseguranças e intrigas mentais.E aqui, a figura que habita o labirinto nada mais é do que a selvageria de lutar contra a própria identidade, em tentativas sempre fracassadas de fugir de si mesmo. Neste sentido, No dorso do leão, primeiro romance de Mariana Lage, é também um retrato do uso da escrita como ordenação do vivido e como gênese do Eu.
Romance