No mar, nos rios e na fronteira

No mar, nos rios e na fronteira Jean Hébette...


Compartilhe


No mar, nos rios e na fronteira


Faces do Campesinato no Pará




A preocupação comum aos estudos apresentados neste livro - grupos sociais que conformam o contexto rural na Amazônia Oriental - reflete, de um lado, a trajetória da elaboração científica sobre a vida destes grupos através de temas, problemáticas e recortes próprios do campo da sociologia; de outro lado, exprime algumas leituras específicas de processos sociais em curso nesse contexto, revelando as interações entre estruturas sociais localizadas e novas situações que criam a partir do reordenamento territorial e agrário.
Os movimentos humanos desencadeados por tais processos contribuíram para forjar uma realidade social multifacetada, seja pelas migrações inter ou intraregionais, seja pela integração forçada de grupos indígenas, seja pelos ritmos inéditos de crescimento populacional nas últimas décadas. As lutas pela terra e a reação obstinada dos povos indígenas, dos migrantes e posseiros de várias origens, dos expropriados da barragem de Tucuruí, dos garimpeiros, transformaram a história recente.
Evidência das modificações podem ser encontradas nas curvas de crescimento e nas pirâmides populacionais, na formação e na pujança de entidades representativas de trabalhadores rurais até então inexistentes ou inexperientes no meio rural amazônico; manifestam-se, também, nas construções identitárias dos grupos sociais: trabalhadores rurais, posseiros, garimpeiros, peões, pescadores tradicionais, atingidos pelas barragens, povos da floresta, quebradoras de babaçu, varzeiros, e outros. Suas trajetórias são variadas. Partilham como eixo comum, todavia, a progressiva construção de espaços públicos de resistência, de organização coletiva e de elaboração de projetos comuns.
Os textos reunidos neste livro abordam elementos da organização social desses diversos grupos: os descendentes dos mais antigos e tradicionais grupos de trabalhadores autônomos do Pará, os homens e as mulheres da pesca do litoral paraense, hoje chamados de pescadores artesanais. Incluem, também, os mais recentes cidadãos rurais paraenses da fronteira agrícola do Sudeste do Pará, passando por outros grupos, antigos e tradicionais também, de poliprodutores que são, ao mesmo tempo, extrativistas florestais, pescadores, agricultores e criadores das várzeas. Figuram, igualmente, os descendentes da primeira fronteira agrícola do Pará, na Zona Bragantina, interior do Nordeste Paraense. Todos aqui considerados como formadores de um campesinato amazônico original.
Não faltam os que contestarão esta denominação, seja porque acreditam que o Brasil superou, graças a políticas progressistas e modernizadoras, os arcaísmos outrora concentrados nas áreas rurais e resistentes às influências da industrialização e da urbanização, seja porque desconsideram a importância dos modos de vida e das representações na conformação do mundo social. Os autores desta coletânea acreditam que, na falta de um conceito mais adequado, é ainda aquele que melhor identifica e, de muito longe - melhor do que aquela designação imprecisa de "agricultura familiar" - aquelas micro-sociedades rurais que povoam a maior parte do território paraense.
A partir de suas experiências de pesquisa, esses autores socializam sua percepção da diversidade das sociedades camponesas pesquisadas. A abordagem predominante é qualitativa, buscando aprender como os sujeitos experimentam e interpretam os processos sociais que vivem ou viveram. A pretensão dos autores é que os resultados sejam frutos de diálogos e intercâmbios de ponto de vista. E que este livro traga novos aportes sociológico para se enfrentar os problemas sociais do mundo rural amazônico.

Economia, Finanças / Política

Edições (1)

ver mais
No mar, nos rios e na fronteira

Similares


Estatísticas

Desejam
Informações não disponíveis
Trocam
Informações não disponíveis
Avaliações 0 / 0
5
ranking 0
0%
4
ranking 0
0%
3
ranking 0
0%
2
ranking 0
0%
1
ranking 0
0%

0%

0%

Brunífero
cadastrou em:
02/04/2023 11:33:09
Brunífero
editou em:
02/04/2023 11:33:29