Em Nunca o nome do menino, a personagem principal, uma mulher, nos relata os dias de sua vida que se seguiram ao momento em que ela descobre seu status de personagem de uma ficção que não aprecia e cujo autor despreza. Em seu labirinto literário, dois tempos distantes de sua vida nos são narrados, duas linhas que se estendem da primeira à última página como serpentes ávidas por devorar o próprio rabo e criar uma narrativa de vertigem, repleta de espelhamentos, ciclos e sentimentos.
Ela nos conta os fatos de sua vida passada – sua infância, o amor de um menino, o convívio com o próprio corpo em transformação, a relação com os pais – que a conduziriam a tal descoberta. O que fazer diante de tão angustiante possibilidade?
À personagem deste livro resta amputar o dedo mínimo da mão esquerda, imaginando com isso arrancar pelo menos algumas letras das palavras que a descrevem. Ao leitor, cabe percorrer as páginas de lirismo e delicadeza do primeiro romance de Estevão Azevedo e aceitar o desafio de pensar que sua própria vida pode também ser uma ficção.